Damos sequência aos artigos sobre os grandes avatares da humanidade e nesta segunda parte avaliaremos Moisés, Hermes Trimegisto e Platão.
Leia a primeira parte desta série: "Avatares da humanidade - 1/3".
Moisés
Moisés, de Miguel Ángel - por Chairego |
“Números”
Nascido em 1.592 e falecido em 1.472 antes da era Cristã,
Moisés descendia da tribo de Levi, sendo um dos grandes profetas dos israelitas
e foi o escritor da bíblia hebraica conhecida por Tanakh, ou seja, os cinco
primeiros livros do Antigo Testamento.
É o patriarca dos judeus,
considerado por eles seu o principal legislador e um dos mais importantes
líderes religiosos desse povo. Moisés também é venerado no cristianismo, como
um dos patriarcas bíblicos, profeta e santo do Antigo
Testamento, sendo também considerado um grande profeta pelos muçulmanos.
De acordo com a Bíblia
e a tradição judaico-cristã, Moisés realizou diversos prodígios apos uma
epifania[1].
Liderou o povo judeu em fuga da escravidão no Antigo Egito,
tendo instituído a Páscoa Judaica. Depois guiou seu povo através de um êxodo
pelo deserto durante quarenta anos, que se iniciou através da famosa passagem
em que Moisés abre o Mar Vermelho, para possibilitar a travessia
segura dos judeus. Ainda segundo a Bíblia,
recebeu no alto do Monte Sinai as Tábuas da Lei de Deus, contendo os Dez
Mandamentos.
Hermes Trimegisto
Hermes Trimegisto - por Pacogh |
Você
encontrará informações a respeito deste avatar em nosso artigo “Hermes
Trimegistus”.
Platão
Platão - por ABZapelini |
“Justiça”
Platão viveu entre os anos 428 a
348 antes da era Cristã, na Grécia, onde foi um grande filósofo e matemático,
fundador da primeira instituição de ensino superior do mundo ocidental, a
Academia[2],
em Atenas.
Juntamente com seu mentor, Sócrates[3],
e seu pupilo, Aristóteles[4],
Platão ajudou a construir os alicerces da filosofia
natural, da ciência e da filosofia ocidental.
Acredita-se que seu nome verdadeiro tenha sido Arístocles; Platão era um
apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física, tal
como o porte atlético ou os ombros largos, ou ainda a sua ampla capacidade
intelectual de tratar de diferentes temas, entre eles a ética,
a política,
a metafísica
e a teoria do conhecimento.
A sofisticação de Platão como
escritor é especialmente evidente em seus diálogos socráticos[5];
trinta e cinco diálogos e treze cartas são creditadas tradicionalmente a ele, embora os
estudiosos modernos tenham colocado em dúvida a autenticidade de pelo menos
algumas destas obras. Estas obras também foram publicadas em diversas épocas, e
das mais variadas maneiras, o que levou a diferentes convenções no que diz
respeito à nomenclatura e referenciação dos textos.
Embora não exista qualquer dúvida
de que Platão lecionou na Academia fundada por ele, a função pedagógica
de seus diálogos - se é que alguma existia - não é conhecida com certeza. Os
diálogos, desde a época do próprio Platão, eram usados como ferramenta de
ensino nos tópicos mais variados, como filosofia,
lógica,
retórica,
matemática,
entre outros.
Em linhas gerais, Platão
desenvolveu a noção de que o homem está em contato permanente com dois tipos de
realidade: a inteligível e a sensível. A primeira é a realidade imutável, igual
a si mesma. A segunda são todas as coisas que nos afetam os sentidos, são
realidades dependentes, mutáveis e são imagens da realidade inteligível.
Tal concepção de Platão também é
conhecida por Teoria das Ideias ou Teoria das Formas[6].
Foi desenvolvida como hipótese no diálogo Fédon[7]
e constitui uma maneira de garantir a possibilidade do conhecimento e fornecer
uma inteligibilidade relativa aos fenômenos.
Para Platão, o mundo concreto
percebido pelos sentidos é uma pálida reprodução do mundo das Ideias. Cada
objeto concreto que existe participa, junto com todos os outros objetos de sua
categoria de uma Ideia perfeita. Uma determinada caneta, por exemplo, terá
determinados atributos (cor, formato, tamanho etc.). Outra caneta terá outros
atributos, sendo ela também uma caneta, tanto quanto a outra. Aquilo que faz
com que as duas sejam canetas é, para Platão, a Ideia de Caneta perfeita, que
esgota todas as possibilidades de ser caneta. A ontologia[8]
de Platão diz, então, que algo é na medida em que participa da Ideia desse
objeto. No caso da caneta é irrelevante, mas o foco de Platão são coisas como o
ser humano, o bem ou a justiça, por exemplo.
O problema que Platão propõe-se a
resolver é a tensão entre Heraclito e Parmênides: para o primeiro, o ser é a mudança,
tudo está em constante movimento e é uma ilusão a estaticidade, ou a
permanência de qualquer coisa; para o segundo, o movimento é que é uma ilusão,
pois algo que é não pode deixar de ser e algo que não é não pode passar a ser;
assim, não há mudança.
[1]
Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência
ou do afeto de alguém. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para
indicar que alguém "encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e
agora consegue ver a imagem completa". O termo é aplicado quando um pensamento
inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza (este é o
uso em língua inglesa, principalmente, como na expressão I
just had an epiphany, o que indica que ocorreu um pensamento, naquele
instante, que foi considerado único e inspirador, de uma natureza quase
sobrenatural).
Epifania também possui o significado de manifestação ou aparição divina.
Diversos personagens históricos, na maioria líderes religiosos,
filósofos,
cientistas,
místicos,
escritores,
teriam tido experiências epifânicas, dentre eles:
- Buda
- Moisés
- Estevão(Então disse: Olhem! eu estou vendo o céus aberto e o Filho do Homem em pé, ao lado direito de Deus - Atos 7:56 ) Bíblia Sagrada NTLH.
- Arquimedes (com o célebre grito "eureka", epifania que lhe permitiu formular a lei do empuxo)
- Maomé
- Jacob Boehme
- Friedrich August Kekulé (que descobriu a geometria da molécula de benzeno, ao sonhar com uma cobra engolindo o próprio rabo)
- James Joyce
[2]
A Academia de Platão (também chamada de Academia Platônica, Academia
de Atenas ou Academia Antiga) é uma academia
fundada por Platão,
aproximadamente em 387 a.C., nos jardins localizados no subúrbio de Atenas, consagrados
à deusa Atena e
que tradicionalmente haviam pertencido ao herói Academo.
Caracterizou-se, inicialmente, pela continuidade dos trabalhos desenvolvidos
pelos pitagóricos, com os quais Platão mantinha
estreita relação: particularmente com seu mestre Teodoro
de Cirene e Arquitas de Tarento. É considerada a primeira escola de filosofia.
Nela ingressou Aristóteles, com 17 anos de idade. Mulheres eram
admitidas na Academia, mas tinham que vestir-se como homens.
Discípulo
de Sócrates, a escola de Platão primava pelo
ensinamento dialético, onde o saber era encontrado
mediante um processo endógeno, ou seja, pela busca individual, através dos
constantes questionamentos. Sua escola rivalizava, assim, com sua
contemporânea, de Isócrates - onde o conhecimento consistia
meramente na assimilação daquele saber que já fôra produzido (algo um tanto
semelhante com as escolas atuais).
O termo
"Academia" ganhou, desde então e até os dias atuais, a acepção de
local onde o saber não apenas é ensinado, mas produzido.
[3]
Sócrates (em grego antigo: Σωκράτης, transl. Sōkrátēs; 469–399 a.C.),
foi um filósofo
ateniense, um
dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental, e um
dos fundadores da atual Filosofia Ocidental. As fontes mais importantes de
informações sobre Sócrates são Platão, Xenofonte e Aristóteles
(Alguns historiadores afirmam só se poder falar de Sócrates como um personagem
de Platão, por ele nunca ter deixado nada escrito de sua própria autoria.). Os
diálogos de Platão retratam Sócrates como mestre que se recusa a ter
discípulos, e um homem piedoso que foi executado por impiedade. Sócrates não
valorizava os prazeres dos sentidos, todavia se escalava o belo entre as
maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava-se ao parto das idéias (Maiêutica)
dos cidadãos de Atenas,
mas era indiferente em relação a seus próprios filhos.
O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão
(Apologia e Críton).
Sócrates admitiu que poderia ter evitado sua condenação (beber o veneno chamado
cicuta) se
tivesse desistido da vida justa. Mesmo depois de sua condenação, ele poderia
ter evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda de amigos. A razão para
sua cooperação com a justiça da pólis e com
seus próprios valores mostra uma valiosa faceta de sua filosofia, em especial
aquela que é descrita nos diálogos com Críton.
[4] Aristóteles
(em grego: Ἀριστοτέλης,
transl. Aristotélēs; Estagira, 384 a.C. – Atenas,
322 a.C.)
foi um filósofo
grego,
aluno de Platão
e professor de Alexandre, o Grande. Seus escritos abrangem
diversos assuntos, como a física, a metafísica,
as leis da poesia e do drama, a música, a lógica, a retórica,
o governo, a ética, a biologia e a zoologia.
Juntamente com Platão
e Sócrates
(professor de Platão), Aristóteles é visto como um dos fundadores, da filosofia ocidental. Em 343 a.C.
torna-se tutor de Alexandre da Macedónia, na época com 13 anos de
idade, que será o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em 335 a.C.
Alexandre assume o trono e Aristóteles volta para Atenas, onde funda
o Liceu (lyceum)
em 335 a.C..
[5]
Os diálogos de Platão representam a filosofia platônica na sua forma
escrita. Ao contrário de seus predecessores Pré-socráticos (que escreveram ora em poesia, ora em prosa) e de seu
mestre Sócrates
(que, deliberadamente, não deixou nenhum escrito), Platão confiou
ao diálogo
a expressão e transmissão de sua filosofia. O diálogo platônico tem sua origem
na dialética
socrática e visa reproduzi-la.
Trinta e cinco diálogos e treze cartas são tradicionalmente atribuídas a
Platão. No entanto, é tema de controvérsia e discussão tanto a autenticidade
quanto a cronologia dos diálogos. Já na Antiguidade
circulavam textos sabidamente apócrifos com o nome de Platão.Também não há
acordo a respeito da autenticidade das cartas. Estas obras também foram
publicadas em diversas épocas, e das mais variadas maneiras, o que levou a
diferentes convenções no que diz respeito à nomenclatura e referenciação dos
textos.
A organização clássica da obra platônica em tetralogias deve-se ao gramático
alexandrino
Trasilo de Mendes (que também
organizou as obras de Demócrito de Abdera do mesmo modo). As
tetralogias dos diálogos platônicos organizados por Trasilo tem a seguinte disposição,
onde as obras assinaladas com (*) tem autenticidade duvidosa e as obras
assinaladas com (**) são consideradas apócrifas:
- I. Eutífron · Apologia de Sócrates (Monólogo) · Críton · Fédon
- II. Crátilo · Teeteto · Sofista · Político
- III. Parmênides · Filebo · O Banquete · Fedro
- IV. Primeiro Alcibíades (*) · Segundo Alcibíades (**) · Hiparco (**) · Amantes rivais (**)
- V. Teages (**) · Cármides · Laques · Lísis
- VI. Eutidemo · Protágoras · Górgias · Mênon
- VII. Hípias maior (*) · Hípias menor · Íon · Menexêno
- VIII. Clitofon (*) · A República · Timeu · Crítias
- IX. Minos (**) · Leis · Epínomis (**) · Epístolas (*)
Além destas obras, os seguintes diálogos circularam sob o nome de Platão:
Axíoco (**) · Definições (**) · Da justiça (**) · Da virtude (**) · Demódoco
(**) · Sísifo (**) · Hálcion (**) · Eríxias (**)
A correta avaliação dos escritos platônicos, a ligação entre os temas
abordados nos diálogos além dos problemas de cronologia e autenticidade
suscitam debates. Todavia, um dos mais intricados problemas relacionado ao
pensamento de Platão diz respeito ao que se convencionou chamar de doutrina
não-escrita. Tal doutrina Platão não desejou confiar à escrita, uma vez que a
julgava demasiado complexa e de suma importância para uma exposição
convencional.
Frequentemente, as personagens que figuram nos diálogos platônicos são
personagens históricas, como, por exemplo, Parmênides, Górgias e Protágoras. Outras personagens, entretanto,
parecem fictícias ou de existência duvidosa.
[6]
A teoria das ideias ou teoria das formas é um corpo de conceitos filosóficos
criado por Platão,
na Grécia Antiga. Esta teoria assevera que a realidade
mais fundamental é composta de ideias ou formas abstratas, mas substanciais.
Para ele estas ideias ou formas são os únicos objetos passíveis de oferecer
verdadeiro conhecimento. A teoria foi desenvolvida em vários de seus diálogos como uma tentativa de resolver o
problema dos universais.
As ideias ou formas residiriam no mundo inteligível, fora do tempo e do
espaço, e não no mundo sensível ou material. Sua natureza era perene e
imutável. Os objetos do mundo comum organizam suas estruturas conformes a estas
ideias ou formas primordiais, mas não são capazes de revelá-las em sua
plenitude, sendo apenas imitações imperfeitas. Também princípios abstratos eram
considerados ideias ou formas segundo esta teoria, tais como igualdade,
diferença, movimento e repouso. A formulação da teoria era intuitiva, e suas
limitações foram analisadas pelo próprio Platão no diálogo Parmenides.
[7]
Fédon (ou Fedão; em grego:
Φαίδων, transl. Phaídon) é uma obra filosófica
escrita por Platão
que, através de diálogos, relata os últimos ensinamentos do filósofo Sócrates,
antes de tomar a cicuta
(pois fora condenado à morte pelo Estado).
Na obra, Equécrates ao encontrar Fédon pergunta a este quais foram
as últimas palavras e ensinamentos do mestre Sócrates antes de morrer e pede
que os relate, com a maior exatidão possível. Sócrates fala sobre a morte, a idéia, o destino
da alma, dentre
outros assuntos.
Na ocasião de sua morte, segundo Fédon, estavam Apolodoro, Critobulo e seu pai, Hermógenes, Epígenes, Ésquines, Antístenes,
Ctesipo de Peânia, Menexeno, Símias o Tebano, Cebes, Fedondes, Euclides e Terpsião, além de outros. Segundo
Fédon, Platão se encontrava doente.
O mais importante a se lembrar, antes de iniciar a leitura do diálogo, é que
este é um diálogo que não pertence à "fase socrática" de Platão,
(divisão utilizada por alguns Filósofos). Sendo assim, ele estaria apenas
usando a imagem do mestre para "divulgar" seu próprio projeto
filosófico.
Isto pode ser confirmado em determinadas passagens, como por exemplo,
naquela onde Cebes comenta: "(…) Como o que costumas dizer amiúde :
aprender nada mais é que recordar." Este trecho mostra claramente a idéia
de Platão acerca do mundo das idéias, sua máxima teoria.
Platão recebeu uma influência muito forte da religião Órfica, que cria na
alma e reencarnação. O diálogo Fédon é uma máxima desta influência, onde Platão
faz o primeiro postulado acerca da alma.
O diálogo "Fédon", já da maturidade de Platão, ocorre na época posterior
ao julgamento de Sócrates, e anterior à sua execução com a cicuta. Seus
discípulos o cercam nesses últimos instantes de vida, sofrendo muito, parecendo
por todo o tempo não entender a mensagem principal de Sócrates: que a morte é
uma escolha, já em vida, de quem é filósofo: "o exercício próprio dos
filósofos não é precisamente libertar a alma e afastá-la do corpo?". (Alma
é "psiqué" no original grego, "anima" em latim, e não
devemos confundir com o sentido atual, cristão do termo. "Anima"
significa aquilo que dá animação, pode ser traduzida também como
"vida", por exemplo).
Pois bem, o que Sócrates quer dizer aqui? Eis o grande problema dos manuais
de filosofia sobre o Fédon: tratar tudo de forma literal, e alma como o que
chamamos hoje de espírito. Assim fazendo uma separação brutal entre corpo e
alma já no texto grego, o que na verdade só houve, posteriormente, no
pensamento moderno. Se tomarmos o sentido de alma como vida e tentarmos
perceber as sutilezas do texto, poderemos interpretá-lo, talvez, melhor: o
filósofo é aquele que se coloca numa posição além dos sentidos (corpo), podendo
ver melhor, através da própria vida. O pensamento filosófico mais profundo
necessita de um afastamento dos sentidos, do que Sócrates chama de corpo, e
exige uma racionalidade mais abstrata e etérea. Nesses momentos, um som, uma
visão ou qualquer experiência sensória atrapalha.
Para Platão, o corpo, ao mesmo tempo em que pode atrapalhar o pensamento
filosófico, como distração dos sentidos, também está ligado a esse pensar. Há
uma interdependência e uma diferença entre os planos da percepção e da
inteligibilidade.
Entretanto, isso não invalida a interpretação "literal" de forma
definitiva, uma vez que o dualismo corpo-alma encontra nessa obra um ponto de
partida fundante na história do pensamento ocidental.
[8] Ontologia
(em grego ontos e logoi, "conhecimento
do ser") é a parte da filosofia que trata da natureza do ser, da realidade, da
existência dos entes e das questões metafísicas em geral. A ontologia trata do ser
enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum que é
inerente a todos e a cada um dos seres. Costuma ser confundida com metafísica.
Conquanto tenham certa comunhão ou interseção em objeto de estudo, nenhuma das
duas áreas é subconjunto lógico da outra, ainda que na identidade.
Acompanhe com maior facilidade as principais postagens do Blog sobre Maçonaria.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário