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domingo, 16 de outubro de 2011

O livro dos mortos


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Maat - por família Braga
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Para os egípcios, após a morte a alma era julgada pela deusa Maat, que desprezava a riqueza e a posição social do morto, levando em conta tão somente seus atos com o objetivo de avaliar seu posicionamento frente à verdade e a justiça, pelo que decidiria a respeito de seu destino.

Neste julgamento achavam-se presentes 42 deuses, cada qual guardando uma porta. Diante de cada um, o morto deveria afirmar que não havia cometido um determinado pecado. 



Toth - por aula.xtec2
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Religiosos ao extremo, os egípcios muito se preocupavam com a vida após a morte, pelo que foi desenvolvido o assim conhecido “Livro dos Mortos”, que na verdade se trata de uma série de rolos de papiro que contém fórmulas mágicas, feitiços, hinos e orações destinadas a facilitar a trajetória da alma após a morte, com destino ao paraíso. Estes textos, na crença egípcia, teriam sido produzidos pelo deus Toth e seriam o mais antigo exemplo de escrita religiosa do mundo na visão de alguns.

O “Livro dos Mortos” é a prova da primeira noção humana da vida após a morte do mundo, afirmam alguns, embora tenha origem em escritos ainda mais antigos, os textos das pirâmides, inscritos em suas paredes durante a 5ª. dinastia, aproximadamente no ano 2.300 antes da Era Cristã.

Para permitir que todos tivessem direito a uma viagem tranquila para o destino desejado após a morte, os textos reproduzidos dos originais destinados à realeza, eram gravados em material de baixo custo, que era colocado junto aos túmulos, próximo às múmias.

Ensina o historiador Maurice Crouzet que o objetivo dos textos era oferecer “ao defunto todas as indicações necessárias para triunfar das inúmeras armadilhas materiais ou espirituais que o esperavam na rota do ‘ocidente’”.

Este grupo de escritos era denominado pelos antigos egípcios como Prt m hru, com tradução literal “A manifestação da Luz” e se apresentavam como uma ladainha negativa que deveria ser recitada de forma exata para que as portas guardadas pelos deuses fossem sendo abertas uma a uma, na direção da vida após a morte conhecida pelos egípcios como “campo dos juncos”.

Pedaço do livro dos mortos - por loris girl
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Por conter praticamente todos os dez mandamentos das religiões judaica e cristã, imaginam os estudiosos que o “Livro dos Mortos”, por ser muito mais antigo, tenha servido de inspiração para os que os elaboraram, especialmente considerando que o Egito era a terra natal de Moisés. Aliás, a própria noção de paraíso dos judeus e cristãos, avaliam os cientistas, proveio dos antigos egípcios.

Quanto ao Novo Testamento, verificou a ciência que as primeiras imagens da Virgem Maria segurando o menino Jesus no colo foram baseadas nas antigas imagens de Ísis tendo em seus braços seu filho, o faraó Hórus.

A parte crucial do “Livro dos Mortos”, quando o coração do falecido era pesado por nele residirem a alma e as emoções boas e más, conforme acreditavam os egípcios, ocorria já no final da jornada da alma, quando o morto apresentava ao deus Anúbis o escaravelho do coração, que era pesado em uma balança de dois pratos, comparado com a pena da deusa Maat, que personificava a verdade e a justiça. O coração não poderia pesar mais ou menos do que a verdade e por isto no verso do escaravelho que representava o coração, os egípcios escreviam: “Não menti. Não roubei. Não enganei. Meu coração é bom”.

A função do “Livro dos Mortos”, parece, era o ajustamento entre o peso do coração do morto e a pena de Maat, funcionando como um guia ou mapa e também como um compêndio de magias que o tornava mais leve, já que ninguém pretendia verdadeiramente confiar na pureza de seu coração.

Aprovado no julgamento, o morto seguia para a vida após a morte.

Reprovado, era atirado ao monstro devorador de mortos, Ahmit, misto de crocodilo, leão e hipopótamo, que tinha como função o aniquilamento de qualquer alma reprovada no julgamento dos deuses, fazendo com que ela parasse de existir, algo mais terrível do que a morte para os egípcios.

“Meu coração: Não te oponhas a mim no tribunal. Não te mostres hostil a mim. Não digas mentiras sobre mim na presença dos deuses.” – Um dos encantamentos mais importantes do “Livro dos Mortos”.

O processo de mumificação está intimamente relacionado com a crença na vida após a morte e com os manuscritos que compõem o “Livro dos Mortos”, vez que os egípcios acreditavam que, aprovada no julgamento, a alma necessitaria de um veículo físico para usufruir das delícias do “campo dos juncos”, entre os deuses.

Segundo a ciência pode apurar, por volta do ano 1.250 antes da Era Cristã, um escriba do templo, chamado Any, preocupado com sua vida após a morte e sabedor da existência dos textos das pirâmides, pretendeu possuí-los, pelo que procurou um sacerdote, inquirindo-o a respeito.


Haviam duas formas de obter o texto: o primeiro era encomendando uma cópia especial, pagando caro por um livro de grande qualidade feito apenas para o comprador desde a primeira página. O outro era comprar uma das muitas cópias que eram produzidas sem encomenda e cujo nome do proprietário, que era repetido muitas vezes durante o texto, era deixado em branco para, quando surgisse um interessado, ser preenchido.

Após alguns acertos com sua família, acabou por conseguir uma das cópias, ao custo de meio ano de salário, conhecida como “O pergaminho de Any”. Este pergaminho, especialmente preparado para o escriba, garantia não apenas sua passagem para o “campo dos juncos”, como também a passagem de sua esposa, Tutu, com a qual permaneceria pela eternidade.

Tutu faleceu antes de seu esposo, mas o pergaminho não foi enterrado com ela, permanecendo na posse de Any até sua morte.

Any foi enterrado na margem oeste do Rio Nilo, em pomposa tumba, repleta de joias e outros bens. O processo de sua mumificação levou 272 dias e, sendo ele membro da nobreza, considerando sua condição de escriba, teve dos melhores sarcófagos, sendo o enterro acompanhado não apenas dos parentes chorosos, como também de músicos, dançarinas e carpideiras. Sua cópia do “Livro dos Mortos” foi entronizada ao lado de seu sarcófago e ele teve tudo de que necessitava para sua jornada para o “outro mundo”.



livro dos mortos - por loris girl
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O “pergaminho de Any”, um papiro de 24 metros de comprimento, foi encontrado no final do século 19, cortado em diversos pedaços e vendido no mercado negro para um captador de tesouros do Museu Britânico, chamado Wallis Budge.

A retirada deste importante tesouro arqueológico do Egito envolve roubo, falsidade, corrupção e muito mais, mas garantiu a Wallis Budge fama, dinheiro e prestígio.

O “Livro dos Mortos”, afinal, era uma manifestação legítima de religiosidade, um código de ética ou um meio de deturpar a própria crença dos egípcios?

As 42 confissões negativas:


1.      Eu não cometi iniquidades.

2.      Eu não saqueei a terra cultivada.

3.      Eu não cometi insolência.

4.      Eu não assaltei.

5.      Eu não agi com luxúria.

6.      Eu não exagerei.

7.      Eu não roubei.

8.      Eu não amaldiçoei ninguém.

9.      Eu não julguei precipitadamente.

10.   Eu não agi com violência.

11.   Eu não fiquei irado sem justa causa.

12.   Eu não cortei animais divinos.

13.   Eu não matei seres humanos.

14.   Eu não dormi com a mulher alheia.

15.   Eu não berrei em conversas.

16.   Eu não roubei oferendas.

17.   Eu não poluí a mim mesmo.

18.   Eu não cometi pecados.

19.   Eu não causei destruição.

20.   Eu não aterrorizei nenhum homem.

21.   Eu não amaldiçoei a realeza.

22.   Eu não pilhei dos templos.

23.   Eu não pilhei.

24.   Eu não desperdicei água.

25.   Eu não cometi falsidade.

26.   Eu não agi com raiva.

27.   Eu não agi com arrogância.

28.   Eu não roubei comida.

29.   Eu não fui surdo a necessitados.

30.   Eu não blasfemei.

31.   Eu não amaldiçoei.

32.   Eu não aticei brigas.

33.   Eu não agi com falso orgulho.

34.   Eu não transgredi.

35.   Eu não fiz ninguém chorar.

36.   Eu não agi com desdém.

37.   Eu não abati o rebanho divino.

38.   Eu não forniquei.

39.   Eu não enriqueci ilicitamente.

40.   Eu não fiz o mal.

41.   Eu não destruí meu coração.

42.   Eu não desprezei as tradições.

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