Aristoteles - por Kathleen Linke |
Aristóteles (veja os artigos “Secretum Secretorum” e “Os Alquimistas – parte I”) definiu arte como “a capacidade de produzir com raciocínio reto”, ou “uma disposição sustentável de criação acompanhada de razão verdadeira”, afirmações capazes de trazer à luz a compreensão da Idade Média e da Antiguidade a respeito.
Foi na Antiguidade que surgiu a expressão “arte liberal”, mas apenas nas universidades da Idade Média se definiu quais seriam as “artes e ciências” consideradas liberais, ocasião em que foi utilizada como metodologia de ensino.
Vista como metodologia de ensino, encontramos um bom artigo em "Respeitável Loja Mestre Affonso Rodrigues", que reproduzimos parcialmente:
"Considerando que o objectivo primordial da educação é dotar o homem de instrumentos culturais capazes de impulsionar as transformações materiais e espirituais exigidas pela dinâmica da sociedade e que a educação aumenta o poder do homem sobre a natureza, temos ao mesmo tempo, a busca constante em conformá-lo aos objectivos de progresso e equilíbrio social da colectividade a que pertence."
"Neste sentido, as Sete Artes Liberais são um conjunto de sete matérias - sobre as quais falaremos mais adiante - desenvolvidas até o final de Idade Média e que assumiram um papel de suma importância pedagógica na época e ainda podemos dizer que, foram à base do desenvolvimento e consolidação do nosso actual sistema educacional."
"A criação ou desenvolvimento das Sete Artes Liberais, citada por alguns historiadores teve inicio na Grécia antiga. Dada a supremacia do estado, a educação visava preparar os jovens para as relações com a cidade-estado. Cada estado tinha suas características e os sistemas educacionais deviam adaptar-se a elas para preparar adequadamente a juventude. Daí decorrem as concepções de Platão e de Aristóteles, de uma educação uniforme, regulamentada em seus mínimos detalhes pela autoridade estatal e compulsória para todos os homens livres. Platão, na República e nas Leis, mostra a que extremos pode chegar à educação quando extrapola os aspectos essenciais da vida. O cidadão-guarda do estado ideal não tem direito à vida doméstica e aos laços familiares. Aristóteles não chega a esse exagero, mas considera a educação familiar prejudicial à criança."
"O sistema educacional que mais se aproximou dessa concepção foi o adoptado por Esparta, onde os jovens eram preparados sob a supervisão directa do estado, numa espécie de acampamento militar: os rapazes tornavam-se guerreiros e as moças preparavam-se para se tornarem mães de futuros guerreiros. Em Atenas havia leis que dispunham sobre a frequência às escolas dos filhos dos cidadãos livres e os estabelecimentos de ensino eram regulamentados por legislação especial."
O termo “liberal” que compõe a designação destas artes e ciências refere-se à formação do homem livre e não têm relação com a capacitação profissional ou utilitária, mas sim com a capacidade que este adquire ao dominá-las. Tem estreita vinculação com a capacidade de produção de obras e ideias capazes de alavancar os interesses humanos para distante do que é mundano, em direção à compreensão racional e livre da verdade.
Desde a Antiguidade o estudo das sete ciências e artes liberais engloba dois módulos razoavelmente distintos, denominados “trivium”[1] e “quadrivium”[2].
“Trivium” = Lógica (ou Dialética), Gramática e Retórica.
“Quadrivium” = Aritmética, Música (harmonia musical), Geometria[3] e Astronomia.
O “trivium” está intimamente relacionado à disciplina da mente, capacitando-lhe à linguagem, especialmente no que tange à matéria e ao espírito. É a metodologia da organização do pensamento e capacidade de expressão correta e convincente.
Para os estudiosos do “trivium”:
a.“O pensamento segundo a verdade”. ( “A verdade é a norma ou a meta da Lógica.” ).
b.“As palavras faladas e escritas segundo a correção”. (“A correção é a norma da Gramática.”)
c.“A comunicação segundo a eficácia”. (“A eficácia é a norma da Retórica.”)
O “quadrivium”, também chamado de “artes das quantidades”, tem como objetivo o estudo do que é mundano, sob ótica sublimada, aqui sendo relevando relembrar que para tais estudiosos a matéria tem como características o “número”[4] e a “extensão”.
O estudo do “trivium” e do “quadrivium” nas universidades da Idade Média tinha caráter preparatório, pelo qual era possível adquirir ou desenvolver uma das “Cinco Virtudes Intelectuais”, duas práticas e três teóricas, que são: compreensão, ciência, sabedoria, prudência e arte.
a.Compreensão – Captação intuitiva de princípios primordiais (pensamento e investigação lógicos).
b.Ciência – Estudo e compreensão das causas mais prováveis dos fenômenos.
c.Sabedoria – Entendimento das denominadas causas primordiais.
d.Prudência – Pensamento coerente sobre as próprias ações.
e.Arte – Pensamento voltado para a ação e à capacidade de produzir.
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