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domingo, 25 de setembro de 2011

Elementais - Espíritos da Natureza

O mago e os elementais
O mago e os elementais

Terra, Ar, Fogo e Água eram os quatro elementos da Natureza para os filósofos da antiguidade.

Cada qual destes elementos, segundo as crenças antigas, seria o palco, ou reino, para a vida de criaturas etéreas e espirituais que, dada sua íntima relação com os tais elementos naturais, foram designados como elementais, que teriam capacidade de influenciar os demais seres vivos.

Para a Terra, os gnomos.
Para o Ar, os silfos.
Para o Fogo, as salamandras.
Para a Água, as ondinas.
Elementais, por Marcelo Daltro
Elementais, por Marcelo Daltro
Estes seres, invisíveis para os olhos humanos, possuiriam corpo, personalidade, desejos e características que os diferenciariam e habitariam todos os lugares, inclusive em nosso interior, considerando a existência dos quatro elementos no corpo humano.

Estariam também sujeitos à evolução, havendo grande distinção entre uma Ondina que habitasse um límpido lago e outra que vivesse em um rio poluído.

Existem vários rituais que se destinariam à invocação e trabalho com os elementais, mas o trato com eles exigiria grande conhecimento, sintonia e contato prévios, já que estes seres seriam como quaisquer outros, dotados de sentimentos e que não aceitam brincadeiras, desrespeito ou intromissões em suas atividades por mero capricho.
O tesouro dos elementais, por Eduardozafurlan
O tesouro dos elementais, por Eduardozafurlan
O fundamento que conceitua e aborda a existência de seres da natureza teria origem no Bramanismo, antiga filosofia religiosa da Índia, antecessora do hinduísmo. Do mesmo modo, desde as primeiras civilizações surgidas, há referências sobre seres oriundos e habitantes da própria natureza. Na Grécia, Roma, Egito, China e Índia, acreditava-se na existência de seres que habitavam as águas, o ar, o fogo e a terra. Os gregos antigos referiam-se a estes seres como daemon (demônios). Entre os romanos, eram chamados de Genius Loci (Gênio Local) e eram alvos de adoração pela qual se erigiam templos. Mesmo no folclore brasileiro, alguns personagens (como a Caipora e Mãe-d’água) possuem características comuns aos elementais.

A palavra “elemental” pode significar mente de Deus (El=Deus + Mental=mente). Sendo assim, a origem destes seres poderia também estar diretamente associada a Deus. Neste caso, seriam "emanações" diretas da entidade criadora, que foram lançadas na Terra e encontram-se em processo constante de aprimoramento espiritual e moral. Ainda, antigas tradições afirmavam que todos os elementos da natureza possuem um "princípio inteligente". Deste modo, os elementais seriam diferentes.

Há alguns pontos curiosos sobre as lendas que circundam os elementais. Um ponto interessante é que mesmo pertencendo a reinos distintos, de modo que um não tenha possibilidade de penetrar nos outros reinos, os elementais poderiam travar verdadeiras batalhas entre si em "campo neutro"; ou seja, o mundo físico em que vive o ser humano. Os antigos acreditavam que, por exemplo, quando um raio atingia uma montanha, era um sinal de que elementais do ar atacavam elementais da terra. Ainda, uma mulher que gere uma criança sem que tenha ocorrido a copulação, terá este fato atribuído à ação dos elementais.

Através de um ponto de vista moderno, a crença na existência dos elementais pode não encontrar espaço e relevância. Embora, em diversas citações de notáveis da história da humanidade, há várias referências, como os filósofos Sócrates e Platão, o escultor renascentista Benvenuto Cellini, Santo Antônio, Napoleão Bonaparte e Shakespeare.

Paracelso, por paula.natalia58
Paracelso, por Paola.Natalia58
Paracelso, em toda sua extensa obra, fez várias citações diretas a respeito dos elementais. O alquimista teria tomado conhecimento e interessando-se pelo tema em suas viagens ao oriente. Segundo ele, os quatro elementos originais do universo eram constituídos de dois princípios distintos: um metafísico (sutil e vaporoso) e outro físico (substância corporal). Os elementais seriam seres compostos do primeiro princípio, uma substância conhecida por éter. De outro modo, os corpos dos elementais são constituídos de uma matéria transubstancial; que, em momento algum, se assemelha ao corpo físico dos homens. 

Ainda, segundo Paracelso, "os Elementais não são espíritos porque têm carne, sangue e ossos; vivem e se reproduzem; eles falam, agem, dormem, acordam e, consequentemente não podem ser chamados, propriamente, espíritos. Estes seres ocupam um lugar entre Homens e Espíritos, são semelhantes a ambos; lembram homens e mulheres em sua organização e forma, e lembram espíritos na rapidez de sua locomoção"; ainda "Os Elementais possuem habitações, roupagens, costumes, linguagem e governo próprios, no mesmo sentido que as abelhas têm suas rainhas e os bandos e/ou comunidades animais têm seus líderes" (Philosophia Occulta – Tradução de Franz Hartman).

Paracelso ainda afirma que os elementais não são imortais. Sua longevidade estaria entre 300 e 1000 anos. Ao morrerem, se desintegram e retornam a substância da qual se originou. Os elementais pertencentes ao plano terrestre têm uma probabilidade menor de vida; enquanto os elementais do ar tendem a viver por um período maior. Os seres humanos, por não disporem de total desenvolvimento de suas capacidades psíquicas e espirituais, não seriam capazes de ver ou se relacionar diretamente com os elementais.



Gnomos (Terra)

Gnomo, por Genhoos
Gnomo, por Genhoos
Viveriam e corresponderiam ao elemento (ou reino) Terra, subdividindo-se em duas categorias:

·        Pygmies, que atuariam com pedras preciosas e metais.
·        Espíritos das árvores e das florestas, ai incluídos sátiros, pans, dríades, hamadríades, durdalis, elfos e duendes.

De um modo mais abrangente, os elementais pertencentes ao reino da terra e à vida vegetal, atuariam na própria criação e proteção dos indivíduos, rejeitando nutrientes, preservando as sementes, entre outras atividades.



Haveria uma organização social formada por famílias de gnomos e uma hierarquia encabeçada por um rei. Sobre seu comportamento, alguns autores afirmam que são seres hábeis, inteligentes e amigáveis ao ser humano. Outras fontes asseguram que podem ser extremamente maldosos. Entretanto, em qualquer situação, após conquistar sua confiança, o gnomo torna-se solícito e cooperativo. Seriam, ainda, excelentes companheiros para auxiliar no sucesso de tarefas mágicas, desde que estas fossem realizadas com propósitos benéficos. Caso contrário, ao perceber más intenções e sentir-se traído, o elemental volta-se contra o mago.

Ondinas (Água)

Ondinas, por Naiara Hernantes
Ondinas, por Naiara Hernantes




Considerando a associação natural do elemento água com a polaridade feminina da criação, estes elementais são normalmente representados como mulheres.








Classes de ondinas:

·        Oreades,
·        Nereidas,
·        Náiades e
·        Sereias.

As ondinas seriam capazes de interagir livremente com criaturas aquáticas. Em seu aspecto "físico", uma ondina possuiria o dorso de uma mulher e os membros inferiores substituídos por uma cauda de peixe. Embora, eventualmente, possam transfigurar-se provisoriamente em humano e conviver normalmente entre os homens. Relatos sobre ondinas (geralmente classificadas como sereias) que emitem um canto hipnótico e atraem marinheiros às profundezas das águas são comuns em diversas culturas. Em seu comportamento, são consideradas seres emotivos e amigáveis com o homem, a ponto de servir aos humanos.

Salamandras (Fogo)


Salamandra, por Tempestry
Salamandra, por Tempestry
Conforme a crença dos místicos medievais, não existiria fogo ou calor sem a atuação das Salamandras, que são consideradas as mais poderosas e menos amistosas de todos os elementais.

Sobre estes seres, Paracelso diz que "salamandras têm sido vistas de diversas formas desde bolas de fogo até línguas de fogo, correndo sobre os campos ou espreitando nas casas". Outras crenças atribuíam aparições de salamandras em uma forma esférica flutuando pela noite acima das águas; também como forquilhas de chamas sobre os rebanhos de ovelhas (esta segunda situação é conhecida como o Fogo de Santelmo).

Seu aspecto assemelha-se a lagartos. Ainda, para que um humano possa conectar-se com estes seres, eram fabricados incensos que, através da fumaça produzida, estes elementais poderiam se manifestar.


Silfos (Ar)


Silfos, por GnosisOnline
Silfo, por GnosisOnline
O elemento “ar” que seria o habitat dos Silfos não seria propriamente a atmosfera, mas sim uma substância sutil e intangível ao homem.

Dentre os Silfos estariam as conhecidíssimas Fadas.

Era comum a crença de que estes seres habitavam o cume das mais altas montanhas da Terra ou as nuvens. Segundo as antigas crenças, os silfos têm por função modelar os cristais de gelo para que se transformem em flocos de neve. Sua longevidade atingia em torno de 1000 anos e teriam a capacidade de transmutar temporariamente sua aparência de modo a se assemelharem aos humanos. Seu comportamento é alegre, volúvel e excêntrico.

No último discurso de Sócrates, tal como foi preservado no Fédon de Platão, o filósofo condenado à morte diz: 

".....acima da Terra, existem seres vivendo em torno do ar, tal como nós vivemos em torno do mar, alguns em ilhas que o ar forma junto ao continente; e numa palavra, o ar é usado por eles tal como a água e o mar o são por nós, e o éter é para eles o que o ar é para nós. Mais ainda, o temperamento das suas estações é tal, que eles não tem doenças e vivem  muito mais tempo do que nós, e têm visão e audição e todos os outros sentidos muito mais agudos que os nossos, no mesmo sentido que o ar é mais puro que a água e o éter do que o ar.
Eles também têm seus templos e lugares sagrados em que os deuses realmente vivem, e eles escutam suas vozes e recebem suas respostas; são conscientes da sua presença e mantêm conversação com eles, e veem o Sol, a Lua e as estrelas tal como realmente são. E todas suas bem-aventuranças são desse gênero
".


Há um registro interessante, atribuído a São Jerônimo, de um sátiro (Elemental pertencente ao reino da terra) que havia sido capturado durante o reinado do imperador romano Constantino. Esta criatura seria fisicamente semelhante a um humano; entretanto, possuía chifres e pés de caprinos. O sátiro, após a morte, teria tido seu corpo preservado em sal e sido entregue ao imperador.

As tradições pagãs europeias promoviam rituais para conectar-se com os elementais de modo que estes pudessem intervir na prosperidade das colheitas. Sob a análise da angelologia, os elementais seriam formas inferiores de anjos. Do mesmo modo que os anjos atuam conduzindo a energia criadora sobre os homens, os elementais seriam responsáveis pela condução desta energia e direcioná-la aos reinos minerais, vegetais, etc.

No início do século XX, precisamente em 1917, duas crianças inglesas, Frances Griffiths e Elsie Wright, apresentaram fotografias nas quais, supostamente, brincavam com fadas em um bosque na região em que moravam. A farsa foi dissolvida apenas no início da década de 80, quando as mesmas garotas, já idosas, confessaram: as fadas haviam sido feitas de papel e presas por alfinetes.

Atualmente, os elementais estão fortemente associados a doutrinas esotéricas bastante diversificadas entre si, e a imagem de gnomos e fadas tornou-se quase um arquétipo no ocidente. É possível, aos mais céticos, negar a existência destas criaturas; entretanto, não é possível ignorar a significância e profundidade da influência que os elementais exercem em diversos aspectos culturais das sociedades ao longo dos tempos.

Sobre este e outros assuntos interessantes, você encontra informações no livro “O Reino dos Deuses”, escrito por Geoffrey Hodson, que você pode ler clicando no link que disponibilizamos no nome da publicação.

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