A concepção tradicional de
destino envolve uma sucessão de fatos predeterminados, com um resultado de
igual forma anteriormente estipulado, que atinge a vida humana de maneira
inevitável.
Em regra, portanto, a idéia do
destino está relacionada à manipulação ou condução dos eventos e fatos de todas
as vidas humanas por uma ou mais divindades ou entes superiores, de
conformidade com uma planificação anterior, para que um ou mais resultados
muito específicos sejam alcançados.
O conceito do destino é bastante
antigo e, como exemplo, mencionamos as Moiras[1]
na mitologia grega. No entanto, a concepção de uma rota e destino previamente
traçados, dos quais não podemos nos desviar também está presente em correntes
filosóficas, como o fatalismo[2].
A idéia de maior conflitância com
o destino é a do livre-arbítrio.
O livre-arbítrio é uma concepção
filosófica ou crença segundo a qual os indivíduos, escolhendo livremente suas
ações, dão o rumo que melhor entenderem adequado às suas vidas, sem qualquer
influência de divindades nas escolhas, nas rotas ou nos destinos escolhidos.
Quando avaliamos estes dois
grandes e antagônicos entendimentos, verificamos que não raramente o primeiro
(destino) é adotado por pessoas que preferem uma postura de total dependência e
pouca atividade.
Destino - por alinatrilok |
A idéia de um destino absoluto
também nos proporciona um grande conforto, que é a sensação de total e
irrestrita falta de responsabilidade para com todos e quaisquer fatos, etapas e
resultados em nossas vidas, o que, pensamos que se de um lado é altamente
reconfortante, de outro é um grande erro e enorme risco.
Livre-arbítrio - por Anita Cezarita |
O livre-arbítrio, por seu turno, impregna-nos com uma sensação de completa dominância em relação a tudo o que ocorre em nossa existência, afastando a idéia de destino e com igual veemência a de coincidência.
Se de um lado os defensores do
livre-arbítrio tem por norma de conduta uma maior responsabilidade para com a
existência e as relações, de outro adquirem uma corriqueira sensação de solidão,
desamparo e eventualmente desapego para com o Criador.
Interessante, portanto, que tanto
para os partidários do destino quando para os do livre-arbítrio não existem
coincidências. Para os primeiros tudo depende de um plano previamente
estabelecido, aprovado e em execução, inexistindo espaço para o acaso. Esta
também é a conclusão a que chegam seus contendores, embora por motivação
diversa, qual seja, que todos os fatos e eventos de nossas vidas ocorrem por nossa
decisão pessoal e esforço.
Entendimentos radicais
relacionados ao destino e ao livre-arbítrio podem ter estreita relação com
compreensões deísta ou teísta da existência, pelo que pode ser interessante ler
os artigos de nome “Deísmo X Teísmo” – parte
1 e parte
2.
A liberdade de pensar conquistada
pela humanidade no seu caminhar, à custa de inúmeras mortes, guerras,
perseguições e inquisições, garantiu interpretações divergentes dos destino e
livre-arbítrio puros.
Para alguns, as pessoas nascem
com missões a serem cumpridas neste plano, pelo que certas circunstâncias como
momento e circunstâncias do nascimento e morte, por exemplo, seriam ditadas
pelo destino, mas o livre-arbítrio seria o regente das demais fases da
existência.
Para outros, como nós, o destino
é ditado pelo livre-arbítrio, ou seja, considerando que para toda ação existe
uma reação, nossas opções e decisões durante a vida obrigatoriamente gerarão
resultados definidos pelas circunstâncias gerais daquilo que decidimos fazer
durante a vida.
Neste diapasão, o destino passa a
ser mutável, uma vez que, quando verdadeiramente estamos conscientes de nossas
opções, temos a faculdade de alterá-las conforme nossa vontade e os fatores que
nos cercarem na ocasião, alterando seus efeitos.
Destino existe? Que acham amigos?
[1]
Na mitologia grega, as Moiras (em grego antigo Μοῖραι) eram as três irmãs que
determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto
dos seres humanos. Eram três mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar,
tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Durante o
trabalho, as moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para
se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte
mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo),
explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. As três
deusas decidiam o destino individual dos antigos gregos, e criaram Têmis, Nêmesis e as Erínias.
Pertenciam à primeira geração divina (os deuses primordiais), e assim como Nix, eram domadoras
de deusas e homens.
As Moiras
eram filhas de Nix (ou
de Zeus e Têmis). Moira,
no singular, era inicialmente o destino. Na Ilíada,
representava uma lei que pairava sobre deuses e homens, pois nem Zeus estava autorizado
a transgredi-la sem interferir na harmonia cósmica. Na Odisseia
aparecem as fiandeiras.
O mito
grego predominou entre os romanos
a tal ponto que os nomes das divindades caíram em desuso. Entre eles eram
conhecidas por Parcas
chamadas Nona, Décima e Morta, que tinham respectivamente as funções de
presidir a gestação e o nascimento, o crescimento e desenvolvimento, e o final
da vida; a morte; notar entretanto, que essa regência era apenas sobre os
humanos.
Os poetas da antiguidade
descreviam as moiras como donzelas de aspecto sinistro, de grandes dentes e
longas unhas. Nas artes plásticas, ao contrário, aparecem
representadas como lindas donzelas. As Moiras eram:
- Cloto (Κλωθώ; klothó) em grego significa "fiar", segurava o fuso e tecia o fio da vida. Junto de Ilítia, Ártemis e Hécata, Cloto atuava como deusa dos nascimentos e partos.
- Láquesis (Λάχεσις; láchesis) grego significa "sortear" puxava e enrolava o fio tecido, Láquesis atuava junto com Tique, Pluto, Moros e outros, sorteando o quinhão de atribuições que se ganhava em vida.
- Átropos (Ἄτροπος; átropos) em grego significa "afastar", ela cortava o fio da vida, Átropos juntamente a Tânatos, Queres e Moros, determinava o fim da vida.
[2]
Em Filosofia,
o fatalismo é a concepção que considera serem o mundo e os
acontecimentos produzidos de modo irrevogável. E também a crença de que uma
ordem cósmica, dita Logos, preside a vida cotidiana. Mas, em geral, é uma
corrente aceita por quem toma de modo passivo os eventos, não tendo a crença de
que pode exercer um papel na sua modificação. É, assim, uma doutrina que afirma
que todos os acontecimentos ocorrem de acordo com um destino fixo e inexorável,
não controlado ou influenciado pela vontade humana e que, embora aceite um
poder sobrenatural preexistente, não recorre a nenhuma ordem natural ,
recusando, assim, a predestinação. Também costuma ser confundido com determinismo.
Exerceu influência, especialmente, sobre os antigos hebreus e alguns pensadores
gregos.
A cultura
grega
antiga é em grande parte fatalista e mitos, como o de Moire, nos indicam tal. O
fatalismo está presente também no estoicismo
grego e romano.
A cultura
latina apresenta um exemplo de fatalismo com Manilio, o qual, na sua obra
"Astronomica", o faz surgir de forma velada na sua concepção
fatalística baseada na existência de um Logos significando também como Demiurgo da
realidade que o circunda.
Uma forma
diversa de fatalismo está presente ainda na doutrina cristã da Divina Providência.
Em Nietzsche, fatalismo e confiança são as
características do "pessimismo corajoso" do Superhomem, que é, em
substância, uma síntese do pessimismo schopenhaueriano
e do optimismo antifatalístico emersoniano do sábio "Destino". O
destino, segundo Nietzsche, propõe ciclicamente as mesmas situações; não sendo
assim possível interpretar a vida, se iludindo de poder nela agir, mas é
preciso aceitá-la com uma simplicidade infantil.
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