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domingo, 6 de novembro de 2011

Das arenas ao topo do Império Romano


Como a religião cristã foi feita de perseguida a preferida do Império Romano.



O Cristianismo Primitivo, ou Era Apostólica, foi um período da evolução religiosa, ocorrido entre os séculos I e III da Era Cristã, iniciado após a ressurreição de Cristo (30 d. C.) e terminado com o Concílio de Nicéia, no ano 325.

A regra de fé dos antigos cristãos era o Antigo Testamento . Foi nesse período que o cânon[1] do Novo Testamento foi desenvolvido, com as cartas de Paulo, os quatro evangelhos, e várias outras obras dos seguidores de Jesus que também foram reconhecidas como Escrituras Sagradas. Das cartas de Paulo, especialmente a de Romanos, os cristãos criaram uma teologia baseada na obra expiatória de Cristo e na Justificação pela Fé. Essa teologia objetivava explicar todo o significado e os objetivos da Lei Mosaica[2]. A relação de Paulo de Tarso e o Judaísmo é ainda hoje objeto de debates entre os cristãos protestantes, principalmente no que se refere a alteração do dia de descanso do sábado para o domingo. Os pais da igreja desenvolveram a teologia cristã e as bases para a doutrina da Trindade[3].

No período do Cristianismo Primitivo, os cristãos foram largamente perseguidos, de um lado por se negarem a aceitar os deuses romanos (veja um pouco a respeito do paganismo no artigo “O Sol nos mitos, religiões e Maçonaria) e não aceitarem a divindade dos imperadores e de outro lado por divergências conceituais e teológicas, ainda que pequenas pela inexistência dos textos do Novo Testamento, com as crenças judaicas.

A história, os livros e filmes narram os martírios de diversos cristãos, vários crucificados e inúmeros jogados aos leões e escravizados.

Estas perseguições tiveram fim com o advento do Édito de Milão[4], promulgado pelo Imperador Constantino I, tetrarca[5] Ocidental e por Licínio, tetrarca Oriental.

Constantino - por Kapashi
Constantino - por Kapashi
Aliás, foi Constantino I o grande artífice da transformação da fé cristã, quando esta deixou de ser perseguida.

Constantino I, por razões políticas, afirmou ter se convertido ao Cristianismo.

A Igreja Cristã da época tinha grande força no Oriente, que era governado pelo tetrarca Licínio, rival de Constantino I na dominação do poder total do Império Romano, que tinha grande asco aos cristãos.

Constantino, aproveitando-se disto, montou a versão que tornaria oficial: Mandou sua mãe Helena, descendente de cristãos, para a Jerusalém. Helena teria, mais de trezentos anos após a morte de Cristo, encontrado não somente a cruz onde o Seu corpo foi pregado, como também o local de Seu sepultamento, onde mandou erigir a Igreja do Santo Sepulcro, substituindo o Templo de Afrodite que havia sido construído no local.

Sob o argumento da localização da “Vera Cruz” e do local do sepultamento do corpo de Cristo por Helena, Constantino I declarou-se convertido à fé cristã, com isto conquistando grande apoio popular, religioso e político no Oriente governado por Licínio.

Este foi o lastro que faltava para que Constantino I marchasse contra Licínio e o vencesse, estabelecendo-se como único governante do Império Romano no ano de 324.

No ano seguinte, Constantino I convocou o primeiro concílio da Igreja, realizado na cidade de Nicéia (atual İznik, Turquia), que presidiu.

Neste concílio inúmeras questões foram tratadas, dentre elas a “controvérsia ariana”[6].

O “arianismo” tomou este nome por conta de um de seus maiores defensores, Ário[7], que pregava, com grande repercussão e apoio na época, os seguintes pontos doutrinários:
  • Que o Logos e o Pai não eram da mesma essência;
  • Que o Filho era uma criação do Pai;
  • Que houve um tempo em que o Filho (ainda) não existia.
Estes ditames levavam obrigatoriamente à conceituação de Jesus como a mais perfeita criação de Deus, mas não como parte Dele.

A controvérsia foi quase sanada com o Concílio de Nicéia, como dito presidido pelo Imperador Constantino I, que claramente assumia posicionamento contrário ao “arianismo”, quando os bispos presentes decidiram a questão da divindade de Cristo por votação.

A votação final, quanto ao reconhecimento da divindade de Cristo, foi um total de 300 votos a favor contra dois desfavoráveis. A doutrina de Ario foi anatematizada e os dois bispos que votaram contra e mantiveram sua posição contrariando a posição do concílio foram exilados pelo imperador.

Foi a realização deste concílio, presidido pelo imperador romano, com transportes e hospedagens imperiais para os bispos participantes e realizado na estrutura do palácio imperial, que definitivamente uniu os interesses do Império Romano aos da Igreja.

Quanto a Constantino I e sua pretensa conversão, é bom que se ressalte que este nunca participou de qualquer ato litúrgico, como missa ou eucaristia e apenas foi batizado no leito de morte.

Qualquer que tenha sido a fé individual de Constantino, o fato é que ele educou seus filhos no cristianismo, associou a sua dinastia a esta religião, e deu-lhe uma presença institucional no Estado romano (a partir de Constantino, o tribunal do bispo local, a episcopalis audientia, podia ser escolhida pelas partes de um processo como tribunal arbitral em lugar do tribunal da cidade). E quanto às suas profissões de fé pública, num édito do início de seu reinado, em que garantia liberdade religiosa, ele tratava os pagãos com desdém, declarando que lhes era concedido celebrar "os ritos de uma velha superstição".


[1] Um cânone ou cânon normalmente se caracteriza como um conjunto de regras (ou, frequentemente, como um conjunto de modelos) sobre um determinado assunto, em geral ligado ao mundo das artes e da arquitetura. A canonização é a sistematização deste conjunto de modelos. O termo deriva da palavra grega kanon, que designa uma vara utilizada como instrumento de medida.

[2] A Lei de Moisés é um termo usado com freqüência na Bíblia, em primeiro lugar por Josué. O termo Lei mosaica é usado nos textos acadêmicos. A Lei mosaica é composta por um código de leis formado por mandamentos, ordens e proibições.

[3] A Trindade ou Santíssima Trindade é a doutrina acolhida pela maioria das igrejas cristãs que professa a Deus único preconizado em três pessoas distintas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Para os seus defensores, é um dos dogmas centrais da fé cristã, e considerado um mistério. Tais denominações consideram-se monoteístas.

[4] O Édito de Milão (313 d.C.), também referenciado como Édito da Tolerância, declarava que o Império Romano seria neutro em relação ao credo religioso, acabando oficialmente com toda perseguição sancionada oficialmente, especialmente do Cristianismo. O édito foi emitido pelo tetrarca ocidental Constantino I, o grande, e por Licínio, o tetrarca Oriental.

A aplicação do Édito fez devolver os lugares de culto e as propriedades que tinham sido confiscadas aos cristãos e vendidas em hasta pública: "... o mesmo será devolvido aos cristãos sem pagamento de qualquer indenização e sem qualquer fraude ou decepção..."

Deu ao cristianismo (e a todas as outras religiões) o estatuto de legitimidade, comparável com o paganismo e com efeito desestabeleceu o paganismo como a religião oficial do império romano e dos seus exércitos.

O Édito:
"Nós, Constantino e Licínio, Imperadores, encontrando-nos em Milão para conferenciar a respeito do bem e da segurança do império, decidimos que, entre tantas coisas benéficas à comunidade, o culto divino deve ser a nossa primeira e principal preocupação. Pareceu-nos justo que todos, os cristãos inclusive, gozem da liberdade de seguir o culto e a religião de sua preferência. Assim qualquer divindade que no céu mora ser-nos-á propícia a nós e a todos nossos súditos. Decretamos, portanto, que não, obstante a existência de anteriores instruções relativas aos cristãos, os que optarem pela religião de Cristo sejam autorizados a abraçá-las sem estorvo ou empecilho, e que ninguém absolutamente os impeça ou moleste... . Observai outrossim, que também todos os demais terão garantia a livre e irrestrita prática de suas respectivas religiões, pois está de acordo com a estrutura estatal e com a paz vigente que asseguremos a cada cidadão a liberdade de culto segundo sua consciência e eleição; não pretendemos negar a consideração que merecem as religiões e seus adeptos. Outrossim, com referência aos cristãos, ampliando normas estabelecidas já sobre os lugares de seus cultos, é-nos grato ordenar, pela presente, que todos que compraram esses locais os restituam aos cristãos sem qualquer pretensão a pagamento... [as igrejas recebidas como donativo e os demais que antigamente pertenciam aos cristãos deviam ser devolvidos. Os proprietários, porém, podiam requerer compensação.]
 
Use-se da máxima diligência no cumprimento das ordenanças a favor dos cristãos e obedeça-se a esta lei com presteza, para se possibilitar a realização de nosso propósito de instaurar a tranquilidade pública. Assim continue o favor divino, já experimentado em empreendimentos momentosíssimos, outorgando-nos o sucesso, garantia do bem comum."

[5] Tetrarquia (do grego tetra, por derivação de tétares, "quatro," e árchein, "governar") designa qualquer sistema de governo em que o poder esteja dividido entre quatro indivíduos, denominados "tetrarcas".

[6] A Controvérsia ariana é um termo que agrupa um conjunto de controvérsias relacionadas ao Arianismo que dividiram a Igreja cristã desde um pouco antes do Concílio de Niceia até depois do Primeiro Concílio de Constantinopla em 381 dC. A mais importante destas controvérsias tem a ver com a relação entre Deus Pai e Deus Filho.

[7] Ário ou Arius (n. 256 - f. 336 ) foi o fundador da doutrina cristã do arianismo. Foi um presbítero cristão de Alexandria.

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