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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Iluminismo - A Era da Razão




Entre 1650 e 1700, um grande movimento cultural, político, filosófico e social tomou conta dos grandes países europeus, difundindo-se posteriormente para todo o mundo.

Tratou-se da “Era da Razão”, ou iluminismo, que teve como precursores Baruch Spinoza, John Locke, Pierre Bayle e Isaac Newton e que tinha como principal objetivo a mobilização da razão, para a reforma da sociedade.

O auge do movimento, nascido na França, pode ser representado pela edição de uma das primeiras enciclopédias do mundo, de nome “dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers”[1], cujos últimos volumes foram publicados em 1772.

Esta grande obra, compreendendo 33 volumes, 71 818 artigos, e 2 885 ilustrações, foi editada por Jean le Rond d'Alembert e Denis Diderot. D'Alembert deixou o projeto antes do seu término, sendo os últimos volumes obra de Diderot. Muitas das mais notáveis figuras do Iluminismo francês contribuíram para a obra, incluindo Voltaire, Rousseau, e Montesquieu.

Os escritores da enciclopédia viram-na como a destruição das superstições e o acesso ao conhecimento humano. Foi um sumário quintessencial do pensamento e das idéias do Iluminismo. Na França do Ancien Régime[2], no entanto, causaria uma tempestade de controvérsia. Isto foi devido em parte pela sua tolerância religiosa. A enciclopédia elogiava pensadores protestantes e desafiava os dogmas da Igreja Católica Romana. A obra foi banida na totalidade, mas porque ela tinha apoiadores em altos cargos, o trabalho continuou e cada volume posterior foi entregue clandestinamente aos subscritores.

Aproximadamente 25.000 cópias desta obra foram vendidas, metade delas fora da França, fazendo com que os novos conceitos fossem rapidamente espalhados por toda a Europa, notadamente Inglaterra e Escócia, os estados alemães, Países Baixos, Rússia, Itália, Áustria e Espanha, em seguida, saltou o Atlântico em colônias européias, onde influenciou Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, entre muitos outros, e desempenhou um papel importante na Revolução Americana

Os ideais políticos influenciaram a Declaração de Independência dos Estados Unidos, a Carta dos Direitos dos Estados Unidos, a Declaração Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791.

Como definição do “Iluminismo” faremos uso das palavras de Immanuel Kant:

Luz
Luz
"O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude![3] Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! - esse é o lema do Iluminismo".[4]

Alguns iluministas notáveis:
  • Bento de Espinosa (1632–1677), filósofo holandês, com ascendência judaica portuguesa. É considerado o precursor das correntes mais radicais do pensamento iluminista. Escrito mais importante: Ética (1677).

  • John Locke (1632 - 1704), filósofo inglês. Escritos mais importantes: Ensaio sobre o entendimento humano (1689); Dois tratados sobre governo (1689).

  • Montesquieu (Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu) (1689-1755), filósofo francês. Notabilizou-se pela sua teoria da separação dos poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), a qual exerceu importante influência sobre diversos textos constitucionais modernos e contemporâneos. Escrito mais importante: Do Espírito das Leis (1748).

  • Voltaire (pseudónimo de François-Marie Arouet) (1694-1778), defendia uma monarquia esclarecida. Filósofo francês, era deista (acreditava que para chegar a Deus não era preciso a igreja, e sim a razão). Notabilizou-se pela sua oposição ao pensamento religioso e pela defesa da liberdade intelectual. Escritos mais importantes: Ensaio sobre os costumes (1756); Dicionário Filosófico (1764) e Cartas Inglesas (1734).

  • Benjamin Franklin (1706-1790), político, cientista e filósofo estadunidense. Participou ativamente dos eventos que levaram à independência dos Estados Unidos e da elaboração da constituição de 1787.

  • Buffon (Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon) (1707-1788), naturalista francês. A sua principal obra, A história natural, geral e particular (1749–1778; 36 volumes), exerceu capital influência sobre as concepções de natureza e história dos autores do Iluminismo tardio.

  • David Hume (1711-1776), filósofo e historiador escocês.

  • Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo francês. Escrito mais importante: Do Contrato Social.
 
  • Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês. Elaborou juntamente com D'Alembert a "Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios", composta de 33 volumes publicados, pretendia reunir todo o conhecimento humano disponível, que se tornou o principal vínculo de divulgação de suas idéias naquela época. Também se dedicou à teoria da literatura e à ética trabalhista.

  • Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês. O seu escrito mais famoso é A Riqueza das Nações.

  • Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão. Fundamentou sistematicamente a filosofia crítica, tendo realizado investigações também no campo da física teórica e da filosofia moral.

  • Gotthold Ephraim Lessing (1729–1781), dramaturgo e filósofo alemão. É um dos principais nomes do teatro alemão na época moderna. Nos seus escritos sobre filosofia e religião, defendeu que os fiéis cristãos deveriam ter o direito à liberdade de pensamento.

  • Edward Gibbon (1737–1794), historiador inglês.

  • Benjamin Constant (1767–1830), político, filósofo e escritor franco-suíço. Um dos pioneiros do Liberalismo, amigo pessoal de Madame de Staël e aluno de Adam Smith e David Hume na Escócia. Constant foi imensamente influenciado pelo Iluminismo Escocês, tanto em seu trabalho sobre Religião, quanto em seus ideais de liberdade individual.
Você encontra um bom trabalho de pesquisa relacionado ao “Dicionário de ciências, artes e ofícios” no Senado Federal, mais especificamente produzido pela equipe do Senador Geraldo Mesquita Júnior, que você pode acessar clicando neste link.

Artigos relacionados:
Beethoven


[1] “Dicionário de ciências, artes e ofícios”
[2] Antigo Regime
[3] Ouse ser sábio!
[4] Teríamos ai a mais clara justificativa para um dos requisitos do candidato à tornar-se maçom? (“Homem livre e de bons costumes”)


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