Entre 1650 e 1700, um grande
movimento cultural, político, filosófico e social tomou conta dos grandes
países europeus, difundindo-se posteriormente para todo o mundo.
Tratou-se da “Era
da Razão”, ou iluminismo, que teve como
precursores Baruch Spinoza, John Locke, Pierre Bayle e Isaac
Newton e que tinha como principal objetivo a mobilização da razão, para
a reforma da sociedade.
O auge do movimento, nascido na
França, pode ser representado pela edição de uma das primeiras enciclopédias do
mundo, de nome “dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des
métiers”[1], cujos últimos
volumes foram publicados em 1772.
Esta grande obra, compreendendo
33 volumes, 71 818 artigos, e 2 885 ilustrações, foi editada por Jean le Rond
d'Alembert e Denis Diderot. D'Alembert deixou o projeto antes do seu término, sendo os
últimos volumes obra de Diderot. Muitas das mais notáveis figuras do Iluminismo
francês contribuíram para a obra, incluindo Voltaire,
Rousseau, e Montesquieu.
Os escritores da enciclopédia
viram-na como a destruição das superstições e o acesso ao conhecimento humano.
Foi um sumário quintessencial do pensamento e das idéias do Iluminismo.
Na França do Ancien Régime[2],
no entanto, causaria uma tempestade de controvérsia. Isto foi devido em parte
pela sua tolerância religiosa. A enciclopédia elogiava pensadores protestantes
e desafiava os dogmas da Igreja Católica Romana. A obra foi banida
na totalidade, mas porque ela tinha apoiadores em altos cargos, o trabalho
continuou e cada volume posterior foi entregue clandestinamente aos
subscritores.
Aproximadamente 25.000 cópias
desta obra foram vendidas, metade delas fora da França, fazendo com que os
novos conceitos fossem rapidamente espalhados por toda a Europa, notadamente Inglaterra
e Escócia, os estados alemães, Países Baixos,
Rússia,
Itália,
Áustria
e Espanha,
em seguida, saltou o Atlântico em colônias
européias, onde influenciou Benjamin Franklin e Thomas Jefferson, entre muitos
outros, e desempenhou um papel importante na Revolução Americana.
Os ideais políticos influenciaram
a Declaração
de Independência dos Estados Unidos, a Carta
dos Direitos dos Estados Unidos, a Declaração
Francesa dos Direitos do Homem e do Cidadão e a Constituição
Polaco-Lituana de 3 de maio de 1791.
Como definição do “Iluminismo”
faremos uso das palavras de Immanuel
Kant:
Luz |
Alguns iluministas notáveis:
- Bento de Espinosa (1632–1677), filósofo holandês, com ascendência judaica portuguesa. É considerado o precursor das correntes mais radicais do pensamento iluminista. Escrito mais importante: Ética (1677).
- John Locke (1632 - 1704), filósofo inglês. Escritos mais importantes: Ensaio sobre o entendimento humano (1689); Dois tratados sobre governo (1689).
- Montesquieu (Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu) (1689-1755), filósofo francês. Notabilizou-se pela sua teoria da separação dos poderes do Estado (Legislativo, Executivo e Judiciário), a qual exerceu importante influência sobre diversos textos constitucionais modernos e contemporâneos. Escrito mais importante: Do Espírito das Leis (1748).
- Voltaire (pseudónimo de François-Marie Arouet) (1694-1778), defendia uma monarquia esclarecida. Filósofo francês, era deista (acreditava que para chegar a Deus não era preciso a igreja, e sim a razão). Notabilizou-se pela sua oposição ao pensamento religioso e pela defesa da liberdade intelectual. Escritos mais importantes: Ensaio sobre os costumes (1756); Dicionário Filosófico (1764) e Cartas Inglesas (1734).
- Benjamin Franklin (1706-1790), político, cientista e filósofo estadunidense. Participou ativamente dos eventos que levaram à independência dos Estados Unidos e da elaboração da constituição de 1787.
- Buffon (Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon) (1707-1788), naturalista francês. A sua principal obra, A história natural, geral e particular (1749–1778; 36 volumes), exerceu capital influência sobre as concepções de natureza e história dos autores do Iluminismo tardio.
- David Hume (1711-1776), filósofo e historiador escocês.
- Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), filósofo francês. Escrito mais importante: Do Contrato Social.
- Denis Diderot (1713-1784), filósofo francês. Elaborou juntamente com D'Alembert a "Enciclopédia ou Dicionário racional das ciências, das artes e dos ofícios", composta de 33 volumes publicados, pretendia reunir todo o conhecimento humano disponível, que se tornou o principal vínculo de divulgação de suas idéias naquela época. Também se dedicou à teoria da literatura e à ética trabalhista.
- Adam Smith (1723-1790), economista e filósofo escocês. O seu escrito mais famoso é A Riqueza das Nações.
- Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão. Fundamentou sistematicamente a filosofia crítica, tendo realizado investigações também no campo da física teórica e da filosofia moral.
- Gotthold Ephraim Lessing (1729–1781), dramaturgo e filósofo alemão. É um dos principais nomes do teatro alemão na época moderna. Nos seus escritos sobre filosofia e religião, defendeu que os fiéis cristãos deveriam ter o direito à liberdade de pensamento.
- Edward Gibbon (1737–1794), historiador inglês.
- Benjamin Constant (1767–1830), político, filósofo e escritor franco-suíço. Um dos pioneiros do Liberalismo, amigo pessoal de Madame de Staël e aluno de Adam Smith e David Hume na Escócia. Constant foi imensamente influenciado pelo Iluminismo Escocês, tanto em seu trabalho sobre Religião, quanto em seus ideais de liberdade individual.
Você encontra um bom trabalho de
pesquisa relacionado ao “Dicionário de ciências, artes e ofícios” no Senado
Federal, mais especificamente produzido pela equipe do Senador Geraldo Mesquita
Júnior, que você pode acessar clicando neste
link.
Artigos relacionados:
Nenhum comentário:
Postar um comentário