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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

2.012 - verdade ou mentira?




2012 - por Enniev
2012 - por Enniev
Incomensuráveis fórmulas numerológicas (veja os artigos “Números”, “Os pitagóricos” e “Geometria Sagrada”, dentre outros em que já abordamos ou mencionamos o tema) e considerações de alinhamentos astronômicos (sobre astronomia, veja o artigo “Sumérios) tem sido relacionados com a um conjunto de crenças e teorias que são direcionadas à idéia de cataclismos ou transformações que ocorrerão no dia 21 de dezembro de 2.012, dia este considerado o final de um ciclo de 5.125 anos do denominado “Calendário de Contagem Longa Mesoamericano[1]”.

Há razoáveis divergências a respeito do evento que eventualmente ocorrerá na data mencionada, por conta do final do ciclo sobredito.

Para os adeptos da “Nova Era[2]”, a data marcará o início de uma nova era, pelo que o planeta e seus habitantes sofrerão uma transformação física e espiritual positivas.

De forma diametralmente oposta, há os que compreendam que a data marcará o final do mundo ou o início de uma catástrofe assemelhada. Neste sentido, as “teorias” incluem desde a colisão da Terra com uma planeta de passagem, ou com um “buraco negro[3]”, havendo ainda a hipótese da chegada do próximo “máximo solar[4]”.

Dezembro de 2012 marca o fim do atual ciclo b'ak'tun da contagem longa mesoamericana, a qual era usada na América Central antes da chegada dos europeus. Embora a contagem longa tenha sido provavelmente inventada pelos olmecas, tornou-se estritamente relacionada com a civilização maia, cujo período clássico durou entre 250 e 900 d. C.. Os maias clássicos eram alfabetizados e seu sistema de escrita encontra-se substancialmente decifrado.

Calendário maia - por Rodrigo Feistauer
Calendário maia - por Rodrigo Feistauer
A contagem longa define a "data zero" em um ponto do passado, que marcou o fim do mundo anterior e o início do atual, correspondente a 11 ou 13 de agosto de 3114 a. C. no calendário gregoriano, dependendo da forma utilizada. Ao contrário do calendário usado atualmente pelos maias, a contagem longa foi linear, e não conjuntural, e mantida em unidades de tempo baseadas no sistema vigesimal. Por esse meio, 20 dias correspondem a um uinal, 18 uinals (360 dias) a um tun, 20 tuns a um k'atun e 20 k'atuns (144.000 dias) correspondem a um b'ak'tun. Assim, por exemplo, a data maia 8.3.2.10.15 representa 8 b'ak'tuns, 3 k'atuns, 2 tuns, 10 unials e 15 dias desde a data zero. Muitas inscrições maias têm a contagem de mudança para uma ordem mais elevada após 13 b'ak'tuns. Hoje, as correlações mais amplamente aceitas para o final do décimo terceiro b'ak'tun são no calendário ocidental os dias 21 e 23 de dezembro de 2012.

Em 1957, o astrônomo Maud Worcester Makemson escreveu que "a realização do Grande Período de 13 b'ak'tuns será da maior importância para os maias." Nove anos depois, Michael D. Coe, mais ambiciosamente, afirmou que o "Armageddon degeneraria todos os povos do mundo desde a sua criação, e que no dia do décimo terceiro e último b'ak'tun o universo seria aniquilado, no dia 24 de dezembro de 2012 (depois revisada para 23 de dezembro de 2012) quando o Grande Ciclo da contagem chega a sua conclusão." A questão é ainda mais complicada por diversas cidades-estados maias empregarem a contagem longa de maneira diferente. Em Palenque, a evidência sugere que os sacerdotes acreditavam que o ciclo terminaria após 20 b'ak'tuns e não 13.

As previsões apocalípticas de Coe foram repetidas por outros estudiosos até o início da década de 1990. Entretanto, mais tarde, pesquisadores disseram que, embora o final do 13º b'ak'tun talvez seja um motivo de comemoração, não marca o final do calendário. "Não há nada em qualquer profecia maia, asteca ou da antiga Mesoamérica que sugira que eles profetizaram qualquer tipo de grande ou súbita mudança em 2012", diz o estudioso dos maias Mark Van Stone. "A noção de que um "Grande Ciclo" vai chegar ao fim é uma invenção completamente moderna." Em 1990, os estudiosos maias Linda Schele e David Freidel argumentaram que os maias "não conceberam que isso seja o fim da criação, como muitos sugeriram." Susan Milbrath, curadora de Arte e Arqueologia Latino-Americana no Museu de História Natural da Flórida, declarou: "nós não temos nenhum registro ou conhecimento de que [os maias] pensavam que o mundo chegaria ao fim" em 2012. "Para os antigos maias, isso era uma grande celebração que seria feita até o fim de um ciclo", diz Sandra Noble, diretora executiva da Fundação para o Avanço dos Estudos Mesoamericanos em Crystal River, Flórida, Estados Unidos. A escolha de 21 de dezembro de 2012 como o dia de um evento apocalíptico ou de um momento cósmico de mudança, diz ela, é "uma completa invenção e uma chance de lucro para muitas pessoas." "Haverá um novo ciclo", diz E. Wyllys Andrews V, diretor do Instituto de Pesquisas Mesoamericanas da Universidade de Tulane, em Nova Orleans, Louisiana. "Nós sabemos que os maias pensavam que houve um antes, o que implica que eles estavam confortáveis com a ideia de um outro depois.




Quanto a possibilidade de uma catástrofe mundial, um número significativo de estudiosos de várias áreas do conhecimento rejeita a idéia. No que tange aos especialistas na sociedade maia, seus expoentes informam que não são encontrados em quaisquer dos clássicos “códices maias[5]” qualquer referência à morte iminente. Os maias modernos não consideram a data significativa e as fontes clássicas sobre o tema são escassas e contraditórias, sugerindo que houve pouco ou nenhum consenso universal entre eles sobre o que a data pode significar (existe referência à civilização maia em nosso artigo “O mundo moderno e suas sete maravilhas).

Nasa - por Design Facts
Nasa - por Design Facts
Não bastasse isto, astrônomos e outros cientistas têm rejeitado as tais previsões catastróficas, classificando-as como pseudociência. Estes cientistas desmentem as tais previsões, afirmando que a simples observação astronômica as desacredita.


Soma-se às interpretações mencionadas, a visão da NASA[6], que identifica nos receios públicos em relação a 2.012 os mesmos absurdos receios havidos no final da década de 1.990, notadamente o identificado como “Bug do milênio[7]”, que, como todos sabem, não se consumaram. Sugere a NASA que uma adequada análise dos fatos pode impedir temores de um desastre.


[1] A contagem longa é um calendário vigesimal não repetitivo, utilizado por várias culturas da Mesoamérica a partir do período pré-clássico tardio. É mais bem conhecido pelos registos maias nos quais foi usado este sistema, porém as inscrições mais antigas são aquelas de Chiapa de Corzo, anteriores à era cristã. A sua ampla difusão na área maia levou a que muitas vezes seja erradamente denominado como calendário maia de contagem longa.
Utilizando um sistema de contagem vigesimal modificado, este registo calendárico identifica os dias decorridos desde a data correspondente a 11 de Agosto de 3114 a.C. no calendário gregoriano. Uma vez que se trata de um calendário não repetitivo foi utilizado para registar por meio de inscrições feitas em monumentos, acontecimentos importantes da vida política de várias cidades, sobretudo no sudeste da Mesoamérica.

[2] O movimento da Nova Era (do inglês New Age) possui muitas subdivisões, sendo geralmente uma fusão de ensinos metafísicos de influência oriental, de linhas teológicas, de crenças espiritualistas, animistas e paracientíficas, com uma proposta de um novo modelo de consciência moral, psicológica e social além de integração e simbiose com o meio envolvente, a Natureza e até o Cosmos.

[3] De acordo com a Teoria Geral da Relatividade, um buraco negro é uma região do espaço da qual nada, nem mesmo a luz, pode escapar. Este é o resultado da deformação do espaço-tempo causada por uma fonte altamente massiva e compacta. Um buraco negro é limitado pela superfície denominada horizonte de eventos, que marca a região a partir da qual não se pode mais voltar. O adjetivo negro em buraco negro se deve ao fato deste não refletir a nenhuma parte da luz que atinja seu horizonte de eventos, atuando assim, como se fosse um corpo negro perfeito em termodinâmica.Acredita-se também, com base na mecânica quântica, que buracos negros emitam radiação térmica, da mesma forma que os corpos negros da termodinâmica a temperaturas finitas. Esta temperatura, entretanto, é inversamente proporcional a massa do buraco negro, de modo que observar-se a radiação térmica proveniente destes objetos torna-se difícil quando estes possuem massas compáráveis às das estrelas.
Apesar de os buracos negros serem praticamente invisíveis, estes podem ser detectados por meio de sua interação com a matéria em sua vizinhança. Um buraco negro pode, por exemplo, ser localizado por meio da observação do movimento de estrelas em uma dada região do espaço. Outra possibilidade da localização de buracos negros diz respeito a detecção da grande quantidade de radiação emitida quando matéria proveniente de uma estrela companheira espirala para dentro do buraco negro, aquecendo-se a altas temperaturas.
Embora o conceito de buraco negro tenha surgido em bases teóricas, astrônomos têm identificado inúmeros candidatos a buracos negros estelares e também indícios da existência de buracos negros super massivos no centro de galáxias massivas. Há indícios de que no centro da própria Via Lactea, nas vizinhanças de Sagitário A*, deve haver um buraco negro com mais de 2 milhões de massas solares.

[4] O ciclo solar, também conhecido como ciclo solar de Schwabe é o ciclo que mostra a atividade do sol em intervalos de aproximadamente 11 anos. A observação solar em todos os comprimentos de onda pode ser considerada de fundamental importância para a compreensão do cosmos. Pode-se afirmar que sua compreensão é o primeiro passo em direção ao espaço.
O Sol é, e sempre será, laboratório para a obtenção "in situ" dos dados necessários para a elaboração das teorias necessárias ao entendimento dos processos, fenômenos e suas causas, que ocorrem em todos os corpos a partir do Sistema Solar em direção ao Universo, incluindo a Terra.
A máxima duração de um ciclo solar foi de 13 anos e 8 meses e pertence ao ciclo 4 (desde setembro de 1784 a maio de 1798). O ciclo de menor duração foi o número 2 com 9 anos exatos (desde junho de 1766 a junho de 1775).
Nos períodos de actividade mais elevada, conhecidos como máximo solar, as manchas solares aparecem, enquanto que períodos de atividades mais baixas são denominados de mínimo solar.

[5] Os códices maias são livros desdobráveis produzidos pela civilização maia pré-colombiana. Os textos estão redigidos utilizando caracteres hieroglíficos maias que foram inscritos sobre papel mesoamericano produzido a partir da casca de algumas árvores, sobretudo algumas espécies de figueira (Ficus padifolia e Ficus cotinifolia). Este papel, conhecido geralmente pela designação náuatle amatl era chamado huun pelos maias.
Estes códices são o produto do trabalho de escribas profissionais que trabalhavam sob o patrocínio dos Deuses Macaco. Os maias desenvolveram o seu huun por volta do século V, e comparado com o papiro era mais durável e mais apropriado à escrita.
Atualmente os códices têm os nomes das cidades aonde estão arquivados. O Códice de Dresden é geralmente considerado o mais importante dos poucos que ainda restamda maioria que foram destruidos pelos espanhóis durante a invasão da América Latina.

[6] A NASA (sigla em inglês de National Aeronautics and Space Administration; Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço), também conhecida como Agência Espacial Americana, é uma agência do Governo dos Estados Unidos da América, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de tecnologias e programas de exploração espacial. Sua missão oficial é "fomentar o futuro na pesquisa, descoberta e exploração espacial". A NASA foi criada em 29 de julho de 1958, substituindo seu antecessor, o NACA - National Advisory Committee for Aeronautics (Comitê Consultivo Nacional para a Aeronáutica).
A NASA foi responsável pelo envio do homem à Lua (veja projeto Apollo) e por diversos outros programas de pesquisa no espaço. Atualmente ela trabalha em conjunto com a Agência Espacial Europeia, com a Agência Espacial Federal Russa e com mais alguns países da Ásia e do mundo todo para a criação da Estação Espacial Internacional.
A NASA também tem desenvolvido vários programas com satélites e com sondas de pesquisa espacial que viajaram até outros planetas e até, alguns deles, se preparam para sair do nosso sistema solar, sendo a próxima grande meta, que tem atraído a atenção de todos, uma viagem tripulada até o planeta Marte, nosso vizinho.
A ciência da NASA está focada em uma melhor compreensão da Terra através do Earth Observing System na promoção da heliofísica através do trabalho do Heliophysics Research Program, na exploração do sistema solar com missões robóticas avançadas, tais como New Horizons, e na pesquisa astrofísica, aprofundando-se em tópicos como o Big Bang com o auxílio de grandes observatórios.

[7] Problema do ano 2000, Bug do milênio (ou milénio) ou Bug Y2K foi o termo usado para se referir ao problema previsto ocorrer em todos os sistemas informatizados na passagem do ano de 1999 para 2000. Bug é um jargão internacional usado por profissionais e conhecedores de programação, que significa um erro de lógica na programação de um determinado software.
Na década de 1960, com a solidificação de vários sistemas computacionais e a ampliação de sua abrangência, foi necessária a adoção de diversos padrões para garantir a compatibilidade entre os diversos tipos de hardware e os softwares escritos para eles. Numa época em que cada byte de memória economizado representava economia de dinheiro muitos destes padrões adotavam formas resumidas para armazenar dados. Ainda hoje centenas destes padrões ainda estão em vigor, embora muitos tenham sido substituídos para se atualizar com a flexibilidade dos novos hardwares disponíveis.
Nos sistemas mais antigos, como aqueles na linguagem COBOL e semelhantes, as datas eram armazenadas com apenas 2 dígitos para o ano, ficando os restantes implicitamente entendidos como sendo "19". Desta forma cada data armazenada deixava de ocupar oito bytes (dois para o dia, dois para o mês e quatro para o ano), e passava a ocupar somente seis bytes (somente dois no ano). A opção por representar as datas desta forma vinha da necessidade real de economia de memória e espaço de armazenamento. Hoje isso parece insignificante mas na época isso foi o suficiente para justificar a adoção do padrão, tamanho o custo das memórias e dispositivos de armazenamento.
Para ter uma idéia imagine um banco de dados com vários campos, entre eles data de nascimento, data de casamento e data de cadastro. Para cada registro a economia nas três datas totaliza seis bytes. Se o banco de dados tiver dez mil registros são 60kB bytes a menos, o que era significativo numa época em que os discos tinham o tamanho de 180kB.
Como todas as datas eram representadas por somente 2 dígitos, os programas assumiam o "19" na frente para formar o ano completo. Assim, quando o calendário mudasse de 1999 para 2000 o computador iria entender que estava no ano de "19" + "00", ou seja, 1900. Os softwares mais modernos, que já utilizavam padrões mais atuais, não teriam problemas em lidar com isso e passariam corretamente para o ano 2000, mas constatou-se que uma infinidade de empresas e instituições de grande porte ainda mantinham em funcionamento programas antigos, em função da confiança adquirida por anos de uso e na sua estabilidade. Para além disso, temiam-se os efeitos que poderiam ser provocados no hardware pelo sistema BIOS, caso este reconhecesse apenas datas de dois dígitos.
Caso as datas realmente "voltassem" para 1900, clientes de bancos veriam suas aplicações dando juros negativos, credores passariam a ser devedores, e boletos de cobrança para o próximo mês seriam emitidos com 100 anos de atraso.

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