Nas épocas primordiais da existência
humana, quando o Homem ainda não havia dominado o fogo, a luz do dia possibilitava
segurança, convivência, atividades laborativas e todas as atividades humanas
realizadas com razoável tranquilidade.
A escuridão, contrariamente,
fazia cair sobre os seres humanos o medo do desconhecido, a aproximação
imperceptível de predadores e inimigos e, via de consequência, a morte.
Por derivação, o Sol (o dia) passou
a representar a vida, a segurança, o conhecimento e o entendimento, enquanto a
noite e seu astro, a Lua, passaram a representar o oposto (morte,
desconhecimento, insegurança).
Nas religiões e em seus templos,
estes significados foram representados, como discorremos no artigo “O
Sol nos mitos, religiões e Maçonaria” (veja também o artigo "O Nártex").
Na antiga Grécia, a noite era
personificada pela deusa Nyx, também conhecida como Eufrone e Eulalia, sobre a
qual uma das melhores fontes de informação é a teogonia[1]
formulada por Hesíodo[2],
que descreve o nascimento dos deuses.
Nyx, deusa da noite. |
Nyx (a noite) teria sido, segundo
Hesíodo, a quinta criatura a surgir do vazio, depois de seus irmãos Gaia[3],
Tártaro[4],
Eros[5]
e Érebo[6],
sendo filha do Caos[7].
Patrona e cultuada por
feiticeiras e bruxas, deusa dos mistérios noturnos e rainha dos astros da noite,
Nyx forneceria fertilidade à terra para o nascimento das ervas encantadas.
Para as feiticeiras, Nyx teria
total controle sobre a vida e a morte de homens e deuses, pelo que Homero
referiu-se a ela como “A Domadora dos Homens e dos Deuses”, que a temeriam e
respeitariam, inclusive Zeus.
Ainda segundo o mito, Nyx
possuiria um capuz que lhe permitiria observar todo o universo sem ser notada.
Seriam filhos de Nyx: Hemera[8],
Éter[9],
Hespérides[10] e
Hélios[11],
este último adotivo. Os filhos de Nyx são a Hierarquia em poder para os Deuses,
sua maioria são divindades que habita o mundo subterrâneo e representam forças
indomáveis e que nenhum outro Deus poderia conter.
Importante notar que de Nyx, a
deusa da noite, desposada a Érebo (a escuridão), surgiram seus filhos já
mencionados, todos representando a luz.
Hemera, deusa do dia |
Hemera e as Hespérides nasceram para ajudar Nyx a não se cansar, assim nasceu o ciclo diário: Hemera trás o dia (relaciona com Eos, a aurora, e Helios, o Sol) ; as Hespérides trazem a tarde, (relaciona com Selene a lua) e Nyx traz a absoluta Noite. Todas estas deidades em conjunto conduzem a dança das horas.
Nyx, sem envolvimento de seu esposo ou de qualquer outro deus, ainda seria a mãe de outros filhos, quais sejam:
- Moros – O destino.
- Queres – Morte em batalha.
- Tânatos – Morte.
- Hipnos – Sono.
- Oniro – A legião dos sonhos.
- Momos – Escárnio.
- Oizus – Miséria.
- Moiras – deusas do destino.
- Nêmesis – deusas da retribuição.
- Apate – Engano, fraude.
- Filotes – Amizade.
- Geras – Velhice.
- Éris – Discórdia.
- Limos – Fome.
- Ftono – Inveja.
- Ênio – Deusa destruidora de cidades.
- Lissa – Loucura.
- Caronte – Barqueiro que conduz ao mundo dos mortos.
A maior parte dos outros
descendentes da Deusa nada mais são que conceitos e abstrações personificados;
sua importância nos mitos é muito variável. Na tradição Órfica, todo universo e
demais Deuses primais nasceram do Ovo Cósmico de Nyx. Certos poetas a
consideram como mãe de Urano e de Gaia; Hesíodo
deu-lhe o posto de Mãe dos Deuses, porque sempre se acreditou que a Nyx e
Érebo haviam
precedido a todas as coisas.
Zeus - por spectergeneral |
Nyx seria também uma Deusa da Morte, a primeira rainha do mundo das Trevas. Nyx também tinha dons proféticos, e foi ela quem criou a arma que Gaia entregou a Cronos para destronar Urano. Nyx conhecia o segredo da imortalidade dos Deuses podendo tirá-la e transformar um Deus em mortal, como ela fez com Cronos, após este ser destronado por Zeus.
[1] Teogonia (em grego, Θεογονία [theos,
deus + genea, origem]), também conhecida por Genealogia dos Deuses,
é um poema mitológico em 1022 versos hexâmetros
escrito por Hesíodo
no séc. VIII a.C., no qual o narrador é o próprio poeta.
O
poema se constitui no mito cosmogônico (descrição da origem do mundo) dos
gregos, que se desenvolve com geração sucessiva dos deuses, e na parte
final, com o envolvimento destes com os homens originando assim os heróis.
Nesse
mito, as deidades
representam fenômenos ou aspectos básicos da natureza humana, expressando assim
as ideias dos primeiros gregos sobre a constituição do universo.
[2] Hesíodo (em grego: Ἡσίοδος, transl. Hēsíodos) foi um poeta da Grécia
Antiga. Nasceu, viveu e faleceu em Ascra, no fim do século VIII a.C..
[3] Gaia, Géia, Gea
ou Gê era a titânide (ou titanesa) da Terra, a Mãe Terra,
como elemento primordial e latente de uma potencialidade geradora quase absurda.
[4] As trevas abismais. Tártaro é personificado por um dos deuses primordiais, nascidos a partir do Caos(apesar de alguns autores o considerarem irmão de Caos). Suas relações com Gaia geraram as mais terríveis bestas da mitologia grega, entre elas o poderoso Tifão.
[7] Caos (do
grego Χάος, transl. khaos) é, segundo Hesíodo, a
primeira divindade a surgir no universo, portanto o mais velho dos deuses. A
natureza divina de Caos é de difícil entendimento, devido às mudanças que a
ideia de "caos" sofreu com o passar das épocas.
Inicialmente
descrito como o ar que preenchia o espaço entre o Éter e a Terra, mais tarde
passou a ser visto como a mistura primordial dos elementos. Seu nome deriva do
verbo grego χαίνω, que significa
"separar, ser amplo", significando o espaço vazio primordial.
[8] Na mitologia
grega, Hemera – filha de Nix (a noite) com Erebo (deus da escuridão) – era a personificação do dia (a deusa é
interligada ao fato mitológico de poder ter sido a primeira deusa a representar
o sol). Teve um
romance com seu irmão Éter e com ele teve uma filha, Tálassa. Unida a este, também gerou seres não
antropomorfizados: Tristeza, Cólera, Mentira, etc. A lista de Higino atribui-lhe
como filhos: Oceanus,
Têmis, Briareu, Giges, Estérope, Atlas, Hipérion, Saturno (Pierre
Grimal coloca a versão latina ao invés de Cronos), Moneta, Dione e as três Fúrias. Hemera
personificava a luz do dia e o ciclo da manhã. Nasceu junto de Ether e das Hespérides.
Era personificação do dia como divindade feminina.
[9] Luz celeste.
[10] As três deusas Hespérides,
personificam a luz da tarde e o ciclo do entardecer. Segundo Hesíodo, são
filhas de Nix (a
noite) e Érebo
(a escuridão).
[11] Hélio (em grego:
Ἥλιος, "Sol", latinizado como Helius)
é a personificação do Sol
na mitologia grega. Hélio é notavelmente diferente de Apolo, que é também
um deus solar.
Acompanhe com maior facilidade as principais postagens do Blog sobre Maçonaria.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário