A Ordem dos Cavaleiros
Templários, sancionada pelo Papa em 1.128, no ano de 1.265 recebe em seus
quadros o filho de uma família pertencente à pequena nobreza da França, Jacques
de Molay, que nasceu em 1.244, no povoado de Vitrey-sur-Mance.
Da mesma forma que muitos dos
filhos da nobreza europeia da época, Jacques de Molay foi admitido à Ordem dos
Cavaleiros Templários aos 21 anos de idade, para, 33 anos mais tarde, ser
eleito seu grão mestre (1.298) para substituir o falecido Thibaud
Gaudin.
Como você pode ler no artigo “Os templários”,
que escrevemos no dia 22 de julho, esta organização religiosa e militar surgiu
com a finalidade de dar proteção aos peregrinos que rumavam para a “Terra Santa”,
posteriormente assumindo papel vital durante as Cruzadas[1],
ganhando posição de relevância (senão o maior) no que concerne à capacidade
organizacional, regramento de conduta e de comportamento durante as batalhas,
força bélica, estruturação física e inovação tecnológica, inclusive no que
concerne às instituições bancárias.
Como tomamos conhecimento por
intermédio da História, os objetivos das Cruzadas não foram alcançados, o que,
já na época do grão mestrado de Jacques de Molay ficava evidente.
À época, os sarracenos derrotaram
as Cruzadas em inúmeras batalhas, capturando cidades e portos vitais para a
Ordem Templária, como também para os hospitalários (leia a respeito o artigo “Os
hospitalários”).
Jacques de Molay - por graniofrepbolven |
Objetivando a reorganização da Ordem e a aquisição de força,
Jacques de Molay ordenou que viajassem para a Ilha de Chipre, na esperança que
o público europeu se levantasse em apoio a uma nova Cruzada.
Ao invés disto, contudo, o que a
Ordem conseguiu atrair foi a atenção dos senhores feudais da ocasião, interessados
no seu vasto patrimônio, dentre eles o Rei da França, Felipe IV, conhecido como
“Felipe, o belo”, que, no ano de 1.305, resolveu tomar o controle da Ordem
Templária, inicialmente para impedir que esta ascendesse no poder da Igreja
Católica.
Os objetivos de Felipe, contudo,
não eram somente estes, mas tinham vinculação com a grande riqueza da Ordem dos
Pobres Cavaleiros de Cristo de então.
Felipe buscou lastro para suas
intenções nas derrotas impingidas pelos sarracenos às forças das Cruzadas, pelo
que sugeriu que as ordens templária e hospitalária fossem fundidas e colocadas
sob seu próprio comando, para com isto, segundo afirmava, fortalecer os
objetivos das Cruzadas.
Jacques de Molay, em maio de 1307, em Poitiers, junto
do papa Clemente V
conseguiu apresentar uma defesa contra esta fusão e ela não se realizou.
cavaleiro templário - por bm.evaristo |
Sem obter o sucesso desejado, que
era a de juntar as duas ordens e se transformar em um líder absoluto, o então
rei de França armou um plano para acabar com a Ordem dos Templários, tendo
chamado um nobre
francês de nome Esquin de Floyran. O tal nobre teria como missão denegrir a
imagem dos templários e de seu Grão-Mestre Jacques de Molay, e como recompensa
receberia terras pertencentes aos templários logo após derrubá-los.
O ano de 1307 viu o começo da
perseguição aos cavaleiros. Apesar de possuir um exército com cerca de 15 mil
homens, Jacques de Molay havia ido a França para o funeral
de um membro feminino
da Casa Real Francesa e havia levado consigo poucos cavaleiros. Na madrugada de
13 de outubro,
ele e seus homens foram capturados e lançados nas masmorras
por um homem de confiança do rei Filipe IV, Guilherme de Nogaret.
Seguiram-se sete anos de
torturas, vida subumana e julgamentos, num total de três.
Jacques de Molay, mesmo após toda
esta grande covardia, continuou sendo leal aos seus amigos e cavaleiros,
negando-se a revelar o local onde estavam guardadas as grandes riquezas da
Ordem, ou a denunciar seus companheiros.
Em 18 de março de 1.314, Jacques
foi levado a uma Corte Especial, que possuía como provas confissões forjadas a
ele atribuídas.
Mesmo tendo conhecimento que a
punição por desmentir uma confissão era a morte, Jacques assim o fez,
possibilitando que seu algoz, o Rei Felipe IV, ordenasse que, juntamente com
seu companheiro e igualmente leal Guy d'Auvergne, fosse queimado naquele mesmo
dia.
De Molay morreu queimado, aos 70
anos, no dia 18 de março de 1.314, ainda leal e comprometido com seus
companheiros e sua Ordem.
Curiosidades a respeito da
história de Jacques de Molay:
1. É
possível que a origem do folclore da atribuição do dia do azar a sexta-feira,
dia 13, tenha se originado deste episódio, uma vez que Jacques de Molay (líder
de um majestoso e bem treinado exército de 15.000 homens e da maior ordem
militar da época) e seus homens foram presos no dia 13 de outubro de 1.307, uma
sexta-feira.
2. O
Rei Felipe IV (Felipe, o belo) e Jacques de Molay eram amigos e o último era
padrinho do filho do primeiro, Carlos, que mais tarde reinaria na França como
Carlos IV.
3. Durante
sua morte na fogueira, Jacques de Molay intimou aos seus três algozes, a
comparecer diante do tribunal de Deus, amaldiçoando os descendentes do então rei de França, Filipe IV, o belo. O primeiro a morrer
foi o Papa Clemente V, logo em seguida o Chefe da guarda e o conselheiro real
Guilherme de Nogaret e no dia 27 de
novembro de 1314
morreu o rei Filipe IV com seus 46 anos de idade.
4. A
prisão de Jacques de Molay, de seus homens e dos templários franceses no dia 13
de outubro de 1.307 foi uma estratégia que, com sucesso impediu que se
concretizasse o plano de Jacques, que havia ele próprio pedido a instauração de
um “inquérito pontifício”, investigação interna, discreta e realizada com base
no Direito Canônico, que permitiria a reestruturação da Ordem dos Pobres Cavaleiros
de Cristo, mantendo-a viva.
5. A
prisão,
as torturas,
as confissões do grão-mestre, criam um conflito diplomático com a Santa Sé,
sendo o papa o único com autoridade para efetuar esta ação. Depois de uma guerra
diplomática face ao processo instaurado contra a ordem entre Filipe, o
Belo e Clemente V, chegam a um impasse, pois estando o
grão-mestre
e o preceptor
da Normandia,
Geoffroy de Charnay sob custódia dos agentes do rei, estão no entanto
protegidos pela imunidade sancionada pelo papa e absolvidos não
podendo ser considerados heréticos.
____________________________
Em 1314 o rei pressiona para uma
decisão relativa à sorte dos prisioneiros. Já num estado terminal da sua
doença, com violentas hemorragias internas que o impedem de sair do leito, Clemente V
ordena que uma comissão de bispos trate da questão. As suas ordens seriam a salvação dos
prisioneiros ficando estes num regime de prisão perpétua sob custódia apostólica
e assegurando ao rei
que a temida recuperação da ordem não será efetuada. Perante a comissão Jacques
de Molay e Geoffroy de Charnay proclamam a inocência
de toda a ordem face às acusações dirigidas a ela, a comissão pára o processo e
decide consultar a vontade do papa neste assunto.
Brûlé - por Blogfamily |
Marco no
lugar da sua execução, na Île de la Cité(em português: Ilha da Cidade), em Paris.
Traduzindo para o português o que está escrito: Nesse local,
Jacques de Molay, último Grão-Mestre da Ordem dos Templários, foi queimado, em
18 de março de 1314. Tal está localizado na Pont-Neuf(em
português: Ponte Nova).
Ao ver que o
processo estava ficando fora do seu controle e estando a absolvição
da ordem ainda pendente, Filipe IV, o belo, decide um golpe de mão para
que a questão templária fosse terminada. Ordena o rapto de Jacques de Molay
e de Geoffroy de Charnay, então sob a custódia da comissão de bispos, e ordena
que sejam queimados numa fogueira na Île de la Cité, pouco depois das vésperas, em 18 de março de 1314.
____________________________
[1] Chama-se cruzada a qualquer um
dos movimentos
militares de inspiração cristã
que partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa
(nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina)
e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e
mantê-las sob o domínio cristão. Estes movimentos estenderam-se entre os
séculos XI
e XIII,
época em que a Palestina estava sob o controle dos turcos muçulmanos.
No médio oriente, as cruzadas foram chamadas de invasões
francas, já que os povos locais viam estes movimentos armados como invasões e
por que a maioria dos cruzados vinha dos territórios do antigo Império Carolíngio e se autodenominavam francos.
Os ricos e poderosos cavaleiros
da Ordem de São João de Jerusalém
(Hospitalários) e dos Cavaleiros Templários foram criados
durante as Cruzadas. O termo é também usado, por extensão, para descrever, de
forma acrítica, qualquer guerra religiosa ou mesmo um movimento político ou
moral.
O termo cruzada não era conhecido
no tempo histórico em que ocorreu. Na época eram usadas, entre outras, as
expressões peregrinação e guerra santa. O termo Cruzada surgiu porque seus
participantes se consideravam soldados de Cristo,
distinguidos pela cruz aposta a suas roupas. As Cruzadas eram também uma
peregrinação, uma forma de pagamento a alguma promessa, ou uma forma de pedir
alguma graça, e era considerada uma penitência..
Por volta do ano 1000, aumentou muito a
peregrinação de cristãos para Jerusalém, pois corria a crença de que o fim dos
tempos estava próximo e, por isso, valeria a pena qualquer sacrifício para
evitar o inferno. Incidentalmente, as Cruzadas contribuíram muito para o
comércio com o Oriente.
Chama-se cruzada a qualquer um
dos movimentos
militares de inspiração cristã
que partiram da Europa Ocidental em direção à Terra Santa
(nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina)
e à cidade de Jerusalém com o intuito de conquistá-las, ocupá-las e
mantê-las sob o domínio cristão. Estes movimentos estenderam-se entre os
séculos XI
e XIII,
época em que a Palestina estava sob o controle dos turcos muçulmanos.
No médio oriente, as cruzadas foram chamadas de invasões
francas, já que os povos locais viam estes movimentos armados como invasões e
por que a maioria dos cruzados vinha dos territórios do antigo Império Carolíngio e se autodenominavam francos.
Os ricos e poderosos cavaleiros
da Ordem de São João de Jerusalém
(Hospitalários) e dos Cavaleiros Templários foram criados
durante as Cruzadas. O termo é também usado, por extensão, para descrever, de
forma acrítica, qualquer guerra religiosa ou mesmo um movimento político ou
moral.
O termo cruzada não era conhecido
no tempo histórico em que ocorreu. Na época eram usadas, entre outras, as
expressões peregrinação e guerra santa. O termo Cruzada surgiu porque seus
participantes se consideravam soldados de Cristo,
distinguidos pela cruz aposta a suas roupas. As Cruzadas eram também uma
peregrinação, uma forma de pagamento a alguma promessa, ou uma forma de pedir
alguma graça, e era considerada uma penitência..
Por volta do ano 1000, aumentou muito a
peregrinação de cristãos para Jerusalém, pois corria a crença de que o fim dos
tempos estava próximo e, por isso, valeria a pena qualquer sacrifício para
evitar o inferno. Incidentalmente, as Cruzadas contribuíram muito para o
comércio com o Oriente.
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