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domingo, 9 de outubro de 2011

Dois caminhos para Deus


Bifurcação, por Marcos Pedroso
Bifurcação, por Marcos Pedroso


Para as religiões politeístas (veja a postagem “O Sol nos mitos, religiões e Maçonaria”), e para muitas monoteístas, a deidade está presente no nosso cotidiano, manifestando-se e interferindo no caminhar dos homens. 

Para algumas religiões monoteístas e filosofias, Deus não interfere na vida humana, embora toda a criação a Ele seja debitada.

Embora já tenhamos escrito a respeito (veja os artigos: “Deísmo X Teísmo – Parte 1 – Deísmo” e “Deísmo X Teísmo – Parte 2 – Teísmo”), vamos novamente abordar o assunto de um ponto de vista um pouco diverso.

Vamos lembrar que o deísta, suscintamente, é aquele que não crê numa verdade revelada pelo Criador, embora não afaste a existência Deste.

O teísta é aquele que, admitindo a existência de um Ser Supremo, criador de tudo o que existe, compreende que este Ser está constantemente presente em nosso mundo, interferindo na existência humana.

A par destas duas linhas maiores de pensamento a respeito do assunto, embora outras existam, verificamos as suas diretas relações com a prática maçônica, mais especificamente nos seis ritos praticados, sendo os maiores expoentes: da filosofia deísta, o Rito Moderno e da filosofia teísta, o Rito Adonhiramita, estando os demais ritos entre um e outro, com ponto central, em nossa visão, no Rito Escocês Antigo e Aceito (veja a postagem “Os graus na Maçonaria”).

Na visão de muitos dos nossos interlocutores e de vários pesquisadores cujas obras temos acompanhado, dois são os caminhos para chegar ao Criador, ambos com alguma relação com os conceitos deísta e teísta.


Há o assim denominado “caminho da atividade”, que segundo alguns seria o que todos nós estamos trilhando, que se consubstanciaria no aprendizado lento pela vivência e pelo relacionamento, onde se enquadrariam a reencarnação e a ressurreição.



Balança, por Rita Barreto
Balança, por Rita Barreto

Há, também, o chamado “caminho da inatividade”, representado pela iluminação alcançada pelo Buda ao aninhar-se sob uma árvore, em total quietude.



O fundamento do “caminho da inatividade” tem vinculação com o conceito de quietude do próprio Criador e da Sua característica de total isenção em relação à vida humana.


Lago di Anterselva, por Maria Sole72
Lago di Anterselva, por Maria Sole72
Para os partidários desta concepção, tudo o que se manifesta está em crise ou algo busca para se completar e apaziguar. As representações costumeiras desta idéia são a balança de dois pratos em perfeito equilíbrio e o lago de águas paradas e tranquilas. É a harmonia presente nas duas cenas que reporta à visão de um Deus igualmente harmônico e, portanto, sem manifestações.

De fato, o próprio pensamento humano representaria a desarmonia, pois que o Homem apenas pensaria por estar em busca de respostas e soluções, ou seja, crises e instabilidades.

Partindo da mesma linha de raciocínio, contudo, podemos concluir que vivendo em manifestação (em crise) e buscando conciliar suas instabilidades, o ser humano aprende a todo instante, como também concluímos que precisa passar por inúmeras situações de conflito e vicissitude para que todas as suas próprias incoerências e imperfeições sejam colocadas em evidência, permitindo que sejam trabalhadas e equacionadas.

Em linhas gerais, poderíamos resumir o “caminho da quietude” como a trilha que busca harmonizar o Todo (o silêncio de Deus) com o indivíduo, e o “caminho da atividade” como aquele que parte do indivíduo, buscando equacioná-lo para permitir a chegada ao Todo.

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