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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Mulher na Maçonaria

Este artigo, inédito em nosso blog, foi especialmente produzido para o Blog GibaNetwww.gibanet.com

Resolvemos publicá-lo para tentar esclarecer a alguns questionamentos que temos recebido, ressalvando que nada temos contra os organismos que se autodenominam Maçonaria e admitem mulheres, muitos dos quais realizam grandes trabalhos em prol da sociedade.

Muitas vezes somos inquiridos a respeito da motivação da não participação das mulheres nos trabalhos maçônicos reconhecidos no Brasil e na maior parte dos países do mundo.

Não vamos incorrer no que pensamos ser uma argumentação equivocada e risível, que afirma que a Maçonaria é uma escola de evolução e que as mulheres, sendo superiores aos homens, dela não tem necessidade.

Não vemos diferenciação evolucional entre homens e mulheres lastreada somente no gênero, embora vejamos as mulheres como o portal pelo qual as almas ingressam neste mundo, o que certamente as diferencia, em muito, dos homens.

Sol - por Kathião
Lupa - por Tha Steiger
Diferenças entre homens e mulheres, embora muitas vezes negadas sob argumentação feminista ou machista, são evidentes: pela imposição evolucional, as mulheres são mais observadoras e perceptíveis, inclusive com capacidade de captação visual periférica muitíssimo mais evoluída, como também apresentam maior capacidade de realizar múltiplas funções e atividades ao mesmo tempo e são mais resistentes à dor, apenas para mencionar algumas poucas características.

No entanto, no que se refere à não participação feminina nos trabalhos reservados da Maçonaria reconhecida e regular no Brasil e na maioria dos países do mundo, nada existe de machismo. Há razões legais, históricas e esotéricas relacionadas, que vamos mencionar.

Juridicamente

Inicialmente é bom que se diga que a Maçonaria regular e reconhecida é regida mundialmente por ordenamentos jurídicos pétreos[1] conhecidos por “Landmarks”[2], que são regulamentos de “épocas imemoriais”[3] e que delimitam o que se pode considerar verdadeira Maçonaria.

Lua - por Guilherme Vaz
Código Hamurabi, Louvre, Paris - por emily_grossman
Não há registro de escrituração de todos os “landmarks”, mas diversos maçons e outros estudiosos os avaliaram pela observação do comportamento das lojas maçônicas (você pode compreender superficialmente as oficinas maçônicas lendo o artigo “O que é uma loja maçônica”) em funcionamento em diversas épocas e pela tradição oral e ensinamentos, em seguida listando-os em várias obras e estudos.

O resultado destas pesquisas não é pacífico, havendo grandes diferenças entre as conclusões dos vários estudiosos, especialmente quanto ao número dos verdadeiros “landmarks”.

Entretanto, alguns são comuns a todas as explorações realizadas, pelo que não há discussão a respeito deles.

Um deles, o último, refere-se à imutabilidade dele próprio e dos anteriores.

Outro, que é o que aqui nos interessa, diz que a Maçonaria é composta por HOMENS, livres e de bons costumes.

Quando se associa este “landmark” às suas prováveis razões, como a seguir faremos, verifica-se que a palavra “homem” nele mencionada faz alusão ao gênero masculino e não a toda a humanidade.

Razões históricas

Como brevemente mencionado no artigo “Afinal, o que é um maçom?” a organização maçônica passou por duas fases na progressão de seus trabalhos.

A palavra “maçon” é francesa, com significado de “pedreiro” e a Maçonaria em sua fase primitiva era o que atualmente chamamos de “operativa”, ou seja, intimamente relacionada às antigas guidas[4] de construtores que prestavam serviço especialmente para a Igreja Católica, via de regra nas edificações das grandes catedrais na Idade Média.

Os maçons de antigamente tinham prerrogativas especialmente garantidas pelo próprio Papa, que permitiam sua desvinculação dos senhores feudais e reis, dentre elas a liberdade de ir e vir para buscar o exercício de seu ofício e estabelecimento do próprio salário.

Lupa - por Tha Steiger
Catedral Almudena, Madri - por Marcelo P. Carvalho
As prerrogativas referidas tinham razão de ser: os maçons de então eram essenciais à Igreja na edificação dos enormes templos, cujos segredos arquitetônicos eram guardados à sete chaves para assegurar a continuidade dos trabalhos e do próprio ofício.

No entanto, houve uma época em que se abandonaram as imensas construções, daí surgindo a segunda fase da Maçonaria.

Esta segunda fase está intimamente relacionada não apenas com o final das grandes construções e com a intenção de manutenção da instituição, mas também com a grande perseguição da parte da Igreja em relação à várias organizações e ordens que surgiram ou revelaram-se por ocasião do iluminismo[5], senão pouco antes ou depois, e que buscavam libertar o homem dos grilhões da superstição e do engano, muitas vezes estabelecidos pela própria Igreja Católica.

Esta perseguição fez com que membros de diversas associações, ordens, escolas de pensamento, filosofias e muitos cientistas buscassem refúgio nas agremiações maçônicas, que, pelas suas peculiaridades de segredo, autoproteção, liberdade e outras, mostraram-se perfeitas para aqueles estudiosos, entusiastas da evolução social e cientistas.

A Maçonaria tornou-se, então, o que hoje chamamos de “especulativa”[6], ou buscadora de conhecimento e crescimento intelectual, emocional e espiritual.

Código Hamurabi, Louvre, Paris - por emily_grossman
Revolução Francesa - Queda da Bastilha - por Família Braga
Esta é a fase em que iniciam as grandes participações maçônicas em movimentos libertários sociais e políticos e na garantia da liberdade de pensamento e expressão responsável, culminando com o desenvolvimento da atual democracia, presente em grande número de países e que ainda busca evolução.

Mas, voltando ao nosso tema, verifica-se que a participação feminina nas guidas de construção era um fato impensável na Idade Média, quer pela natureza da força física necessária ao ofício, quer pela inexistência de liberdade de ir e vir das mulheres da época, quando na maioria das vezes eram consideradas “coisas” e “propriedades” dos homens.

Neste ponto, portanto, a palavra “homens” do “landmark” anteriormente mencionado tem estreita e inteira relação com o sexo masculino.


 

 

Razões esotéricas

Existem, de forma simplificada, três tipo de ritos esotéricos sendo praticados no mundo há muito.

São eles os ritos ditos “solares”(veja o artigo “O Sol nos mitos, religiões e Maçonaria”), os ditos “lunares” e os mistos.
Os ritos “solares” são voltados aos homens, dada a polaridade esotericamente reconhecida como “positiva”[7] (ação) de ambos. São ritos que reproduzem a criação do universo, ação igualmente “positiva”.

Os ritos “lunares” são voltados às mulheres, considerando a polaridade “negativa” (recepção) dos dois. São ritos que reproduzem a manutenção da vida e sua construção a partir da partícula geradora.

Conforme escrito por Osvaldo Ortega (em “A mulher e a Maçonaria”):

Catedral Almudena, Madri - por Marcelo P. Carvalho
Sol - por Kathião
“Uma das razões pela qual a Maçonaria não permite a admissão de mulheres, segundo as fontes consultadas, é porque o rito maçônico é solar e deve ser praticado única e tão somente por homens, pois na essência masculina, ele – o rito – é um aglutinador harmônico do visível com o invisível”.
“Já para a mulher, o rito tem que ser o lunar, visando manter a mesma harmonia e igualdade de afeto ritual”.

Exemplos de ritos “solares” e “lunares” (na Ordem Rosacruz – “rito misto”):

Rituais solares:

(determinados pelo ingresso do Sol nos signos cardinais):
Áries (^) – Inaugura a estação do Outono no homifério Sul e da primavera no homisfério Norte.
Câncer – (a) – Inaugura a estação do Inverno no homisfério Sul e do Verão no hemisfério Norte.
Libra – (d) – Inaugura a estação da Primavera no hemisfério Sul e do Outono no hemisfério Norte.
Capricórnio – (g) – Inaugura a estação da Verão no hemisfério Sul e do Inverno no hemisfério Norte.

Rituais lunares:

Revolução Francesa - Queda da Bastilha - por Família Braga
Lua - por Guilherme Vaz
Primeiro serviço (de cura) – Oficiado uma vez por semana, por ocasião do ingresso da lua nos signos cardinais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio).
Segundo serviço (de lua nova) – Geralmente oficiado uma vez por mês, por ocasião do novilúnio (conjunção dos luminares).

Terceiro serviço (de lua cheia) – Geralmente oficiado uma vez por mês, por ocasião do plenilúnio (oposição dos luminares).

Os maçons compreendem as mulheres como inteiramente iguais aos homens em direitos e obrigações, embora dele distintas e em alguns pontos mais evoluídas e preparadas. A ausência de participação feminina nos rituais reservados aos maçons, em Maçonaria regular e reconhecida no Brasil e na maioria dos países do mundo, não tem qualquer relação com machismo, mas sim com os fatores acima descritos, dentre outros não descritos para não tornar este artigo demasiadamente longo.

Não é possível alterar o “landmark” mencionado no início do texto em razão do preceito do último deles e, se isto fosse ou um dia for feito, sujeitará todos os demais à mudança, descaracterizando a verdadeira Maçonaria, instituição que entendemos perfeita por natureza.

Hoje em dia existem lojas maçônicas mistas e até mesmo inteiramente femininas, que respeitamos e que realizam um grande trabalho social e evolutivo. Estas lojas, entretanto, não são reconhecidas pelas assim denominadas “potências maçônicas”[8] e isto restringe alguns direitos maçônicos de seus membros.

Adicionalmente é bom lembrar que existem entidades denominadas paramaçônicas, já que são patrocinadas pela Maçonaria, onde a participação feminina é exclusiva.

Falamos das Ordem Internacional do Arco-Íris para meninas, da Ordem Internacional das Filhas de Jó e da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul.

Ordem Internacional do Arco-Íris
Ordem Internacional do Arco-Íris
Ordem Internacional das Filhas de Jó
Ordem Internacional das Filhas de Jó







Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul
Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul


Pode ser interessante a leitura dos artigos:





[1] Muito resistente. De pedra. Imutável.

[2] Textualmente “marcas na terra”, “ponto de referência”, “o que contém algo – continente”, “cerca”.

[3] Adj. Que recua a uma época de que não se tem memória por causa de sua imensa antiguidade: tempos imemoriais.

[4] As guildas, corporações artesanais ou corporações de ofício, eram associações de artesãos de um mesmo ramo, isto é, pessoas que desenvolviam a mesma atividade profissional que procuravam garantir os interesses de classe. Ocorreram na Europa, durante a Idade Média e mesmo após. Cada cidade tinha sua própria corporação de ofício. Essas corporações tinham como finalidade proteger seus integrantes.

[5] Era do Iluminismo (ou simplesmente Iluminismo ou Era da Razão) foi um movimento cultural de elite de intelectuais do século XVIII na Europa, que procurou mobilizar o poder da razão, a fim de reformar a sociedade e o conhecimento prévio. Promoveu o intercâmbio intelectual e foi contra a intolerância e os abusos da Igreja e do Estado. Originário do período compreendido entre os anos de 1650 e 1700, o Iluminismo foi despertado pelos filósofos Baruch Spinoza (1632-1677), John Locke (1632-1704), Pierre Bayle (1647-1706) e pelo matemático Isaac Newton (1643-1727). Príncipes reinantes, muitas vezes apoiaram e fomentaram figuras do Iluminismo e até mesmo tentaram aplicar as suas ideias de governo. O Iluminismo floresceu até cerca de 1790-1800, após o qual a ênfase na razão deu lugar ao ênfase do romantismo na emoção e um movimento Contra Iluminismo ganhou força.

[6] v.t. Observar, indagar, pesquisar: especular as causas.
Meditar, raciocinar, fazer teoria pura: especular sobre a natureza da metafísica.

[7] “Positivo” aqui apenas no sentido polaridade e sem relação com benéfico ou maléfico.

[8] Potência Maçônica é o nome que se dá ao organismo maçônico representante nacional da Grande Loja Unida da Inglaterra ou de um organismo maçônico também de caráter nacional e que possua com a Grande Loja Unida da Inglaterra o Tratado de Mútuo Reconhecimento e seja por esta declarado como um organismo regular.
Tal conceito difere daquele de Obediência Maçônica, que geralmente é concedido aos representantes regionais, estaduais ou provinciais daquela Potência Maçônica, tal qual desmembramentos administrativos desta, a qual funciona como sua superior hierárquica e como elo com a GLUI.

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2 comentários:

Lambert disse...

Muito bom artigo, parabéns!

Truques & Trecos disse...

Obrigado por seu comentário, Lambert.
Você é sempre muito bem vindo...