Abordaremos neste artigo uma personalidade a respeito da
qual os especialistas e estudiosos ainda não conseguiram chegar a um consenso.
Para alguns, um brilhante cientista, modernista, fundador da
bioquímica, reformador do conceito de medicamento, além de químico respeitável
e contemporâneo de ícones reformadores como Andreas
Vesalius, Nicolau Copérnico e Georgius
Agricola.
Para outros, o produtor de um trabalho não científico,
fantástico e na fronteira com a loucura.
Paracelso - por Paola.Natalia58 |
Falamos de Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus Von Hoheinheim,
que se tornou conhecido para o mundo pelo pseudônimo Paracelso.
Paracelso nasceu no dia 17 de dezembro de 1.493, em Ensiedeln,
na Suíça,
sendo educado por seu pai, um alquimista e médico, que acompanhava pelas
andanças por povoados e aprendia com a manipulação de medicamentos realizada
pelo pai.
Alcançando a juventude, mandado para o mosteiro de Santo
André, onde foi educado por diversas personalidades da cultura da época,
encabeçados pelo grande alquimista Eberhardt Baumgartner.
Após dezesseis anos no mosteiro, foi enviado para a Universidade de Basael,
sendo orientado a partir de então por Johann Trithemius, um dos maiores intelectuais
da época.
Paracelso formou-se em Medicina na Universidade de Viena em 1510, quando tinha
dezessete anos. Especula-se que ele tenha feito o seu doutorado na Universidade de Ferrara.
Este homem não se satisfez com os conhecimentos tradicionais
emanados das fontes reconhecidas e, assim, passou a viajar por todo o mundo
conhecido em busca de alquimistas com os quais pudesse algo aprender.
No retorno de Paracelso à Europa, seus
conhecimentos em tratamentos médicos tornaram-no famoso. Ele não seguia os
tratamentos convencionais para feridas, que consistiam em derramar óleo
fervente sobre elas; se as feridas estivessem em um membro (braço ou perna),
esperava-se que elas ficassem em gangrena para então amputar o membro afetado.
Paracelso acreditava que as feridas se curariam sozinhas se o pus fosse
evacuado e a infecção fosse evitada.
Ele rejeitava as tradições gnósticas,
mas manteve muitas das filosofias do Hermetismo(veja nosso artigo a respeito, clicando em "As sete leis herméticas"),
do neoplatonismo
e de Pitágoras (sobre Pitágoras, leia o artigo "Os pitagóricos").
Em particular, Paracelso rejeitava as teorias mágicas de Agrippa (leia o artigo "Cornelius Agrippa"), que também foi discípulo de Trithemius, e Flamel. Ele não se
achava um mago e desprezava aqueles que achavam que fosse.
Como muitos dos então cientistas da Europa, Paracelso foi
astrólogo e considerava a astrologia como parte crucial para a Medicina, pelo
que se empenhou em publicações que explicavam exaustivamente o uso de talismãs
astrológicos no tratamento de doenças, chegando mesmo a produzi-los.
A distinta natureza da filosofia de Paracelso é conseqüência
da visão cosmológica, teológica, filosofia natural e medicina à luz de analogias
e correspondências entre macrocosmos e microcosmos. As especulações acerca
dessas analogias tinham seriamente empenhado a mente humana desde o tempo pré-socrático
e Platônico e durante toda a Idade Média. Paracelso foi o primeiro a aplicar
essas especulações para o conhecimento da natureza sistemática.
Isso associado com a singular posição que ele assume no que
diz respeito à teoria e à prática de aquisição de conhecimentos em geral,
quebrou longe do ordinário lógico, antigo e medieval e moderno, seguindo as
suas próprias linhas, e é nisto que muito do seu trabalho naturalista encontra
explicação e motivação.
Paracelso desenvolveu uma interessante teoria para explicar
a forma mais coerente e eficaz de aquisição de conhecimento: Esta se daria não
pela consideração dos objetos e fatos com a mente racional, mas sim pela “união”
com o objeto. Esta união seria o soberano meio de adquirir conhecimento íntimo
e total.
O lastro desta teoria estava na consideração do Homem como clímax
da criação, que, portanto, reuniria em si todas as outras coisas, viabilizando
o que chamava de “união”.
O que parece ser original em Paracelso, então, não é a
teoria microcósmica em si mesma, nem a busca da união com o objeto, mas o
emprego consistente desses conceitos como a ampla base de um elaborado sistema
de correspondências na filosofia e medicina natural.
Elixir - por Luvnish |
A fama de Paracelso aumentou com as suas curas milagrosas e,
após sua morte, a sua fama cresceu ainda mais. Um século depois, centenas de
textos paracelsianos foram publicados, referindo-se quase todos a medicamentos
químicos. No final do século XVI, existia já uma imensa literatura sobre a nova
matéria médica. Devido ao fato de a abordagem médica de Paracelso diferir tanto
daquilo que era aceitável até então, estabeleceu-se uma enorme confrontação
entre os paracelsianos e o sistema médico oficial em vigor até então,
confrontação aguçada pelo impacto provocado pelos humanistas, que desdenhavam
das obras de Dioscorides e de Plínio, ambos muito populares no final da Idade
Média, e enalteciam trabalhos menos conhecidos, especialmente os tratados de
fisiologia e anatomia de Galeno. Muitos médicos seguidores de Paracelso eram
alemães; na França,
a confrontação foi mais agravada pelo fato de muitos médicos paracelsianos
serem huguenotes
(protestantes, partidários de Calvino); na Inglaterra,
tal confrontação foi menos tempestuosa, tendo sido adotados os medicamentos
químicos, que eram utilizados simultaneamente com medicamentos tradicionais
galênicos.
Você encontra maiores informações a respeito de Paracelso
neste link.
Sobre alquimia, leia:
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