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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Armadilhas da morte

La morte - por Magaripotessi
La morte - por Magaripotessi



O Ser Humano é a ponte que liga a criação ao Criador.

De fato é o Homem o único ser capaz de buscar a concepção de Deus e, assim, ainda que indiretamente, vivenciá-Lo, ao mesmo tempo em que vive neste mundo de manifestação e existência material.

É o Homem o único meio pelo qual Deus pode ser manifestado atualmente na criação, materializando-Se pelas ações e palavras dos humanos.

Da mesma forma, animados que são por centelhas do Criador, são os homens a única forma pela qual o Criador pode experimentar e vivenciar sua criação.

Estas, para Deus, talvez, as missões dos homens, embora não necessariamente o sejam na visão dos seres humanos.

O fato é que, ainda que inconscientemente, os homens buscam atingir as principais características de Deus, quais sejam onipresença, onisciência e onipotência.

Onipresente - por O Promotor
Onipresente - por O Promotor


 

Onipresença é a faculdade de estar em todos os lugares, que os homens parecem buscar constantemente quando avançam em suas invenções de maior velocidade para o próprio transporte, como que desejando estar aqui e ali ao mesmo tempo.



Onisciência é o conhecimento pleno de tudo o que ocorre no universo, que os seres humanos parecem perseguir com tantos noticiários, satélites, rádios, celulares, etc.

Onipotência é a faculdade de tudo poder realizar ou destruir. Quanto a esta característica divina, parece-nos redundante oferecer qualquer exemplificação das atividades humanas buscando alcança-la, vez que evidente.

Os homens buscam todos os dias tornarem-se Deus, ou, identificando ainda que inconscientemente sua parcela divina, caminham por meios materiais para tentar dela aproximar-se... Tentando retornar à origem e fonte de sua existência.

E tudo o que a Humanidade realiza, parece, tem este objetivo: buscar sua origem e fonte, ainda que, como dito, de forma inconsciente.

No entanto, criados que fomos para exercer a função de ponte entre Criador e criação, somos por definição um misto destes dois universos. Somos meio mundanos e meio divinos.

Se a onipresença é uma característica de Deus, o isolamento e a solidão são características mundanas. Em certos momentos somos capazes da quase onipresença. Em outros, praticamente sós no universo.
Onisciente - por Thaaycordeiro
Onisciente - por Thaaycordeiro






Se a onisciência é uma característica divina, a ignorância é característica mundana. Somos capazes da quase completa onisciência em certos momentos e da mais completa ignorância em outros.






Se a onipotência é fundamento do Criador, a impotência o é do mundano. Somos quase que completamente capazes e poderosos em certos momentos e praticamente “inúteis” em outros.




A constante luta maçônica contra o preconceito e o erro é a luta contra a ignorância e, via de consequência, em favor da consciência (veja os artigos “Consciência” e “Consciência II), rumo à onisciência.

A intensa guerra maçônica em prol da fraternidade nada mais é do que o descontentamento com o isolamento próprio da individualidade exacerbada, que não se confunde com a solidão construtiva (veja o artigo “Solidão), e a indicação do grupo como fonte de sabedoria, conhecimento e segurança, rumo à onipresença.

Deus Onipotente - por Héctor Falcón


As liberdade e igualdade equilibradas, conforme apregoa a Maçonaria, são a maior demonstração de verdadeiro poder, que, sendo o seu máximo, pode se autolimitar sem perder a essência. É o verdadeiro exercício da onipotência.

A par disto tudo, contudo, interessante notar que quase sempre ao Ser Humano a mais importante característica de Deus, alvo de inveja no mais das vezes, é a eternidade, especialmente quando confrontada com a finitude imposta à criação.

Como misto de dois universos, somos eventualmente eternos e eventualmente finitos.

Neste artigo vamos nos limitar a afirmar que somos finitos para sermos eternos.

No entanto, deixando de lado a essência humana, e observando nosso dia-a-dia, vemos que tudo fazemos para prolongar indefinidamente nossa existência neste plano, o que nada de equivocado representa, diga-se veementemente.

A maior parte da enorme produção cultural humana parece-nos ter este objetivo, o de perenizar o que é finito, que é a individualidade de um homem ou mulher em certo momento da linha temporal.

Cremos, inclusive, que o mesmo podemos dizer de todas as atividades humanas, com grande exemplo no mítico Aquiles[1], que desejou eternizar-se pela habilidade durante as guerras, dentre inúmeros outros de várias áreas da ação dos homens.

O Homem, consciente ou inconscientemente, reconhece em si próprio a essência do Criador e, via de consequência, admite-se como Ele onisciente, onipresente, onipotente e eterno.

E é a impressão da própria eternidade que possibilita à morte, que entendemos ser a maior representante do que é material, elaborar suas ciladas.

Pretendendo a eternidade, morremos todos os dias de nossas existências neste mundo.

Como num filme que recentemente assistimos, parece que a Senhora Morte nos fornece um controle remoto capaz de pausar, adiantar ou simplesmente “pular” momentos de nossas vidas que entendemos inúteis.

Também como naquele filme, é como se aquele controle remoto se auto programasse a cada opção que realizamos.

Brigas com a esposa: desligamos nossa atenção, voltando-a para outras coisas que entendemos mais importantes, apenas nos mantendo presentes fisicamente na discussão.

Chamadas dos filhos para brincar: idem. Afinal sempre há algo mais importante e que nos perenizará para ser feito.

Conviver com os pais: sempre parece ser uma atividade chata e perfeitamente permutável por outras que garantam nosso aparente crescimento.

Nesses “pausa”, “adianta” e “pula” de trechos de nossas vidas, em que apenas estamos presentes fisicamente, estão nossas mortes diárias.

"Quando vemos", nossos filhos cresceram, nossos casamentos terminaram, nossos pais morreram...

E aqui não falamos da morte no sentido elevado de grande modificação de postura diante da vida. Falamos de morte propriamente dita. De extermínio de existência.

A solução?

Esqueçamos o controle remoto e estejamos verdadeiramente presentes em cada discussão, brincadeira, jantar, leitura, explicação de matérias para os filhotes...

Vivamos!!!

A vida correta e a morte no correto momento e da forma certa são a única combinação capaz de levar à eternidade!

Às vezes (quase sempre) imitamos Deus de forma cínica:

       
 Onipresença, Onisciência e Onipotência


 

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[1] Na mitologia grega, Aquiles (em grego antigo: Ἀχιλλεύς; transl. Akhilleus) foi um herói da Grécia, um dos participantes da Guerra de Tróia e o personagem principal e maior guerreiro da Ilíada, de Homero.

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