estabilidade, por mgbon - graça neves |
Milhares e milhares de pessoas no mundo passam suas vidas buscando estabilidade e proteção para que não percam o que conquistaram durante toda sua existência.
Este comportamento, causador de inúmeros infartos e outros males, está presente em nossas vidas desde a infância. Dele são expressões o ciúme de amigos, familiares e de nossos pares, a insegurança, desde o ambiente familiar até o trabalho, passando por nossas relações pessoais, a tolerância exagerada (quase que como uma conivência com o que não está certo) e muitas outras coisas e fatos que nos aturdem todos os dias.
Temos medo de perder nossos pais, irmãos, amigos, trabalho, forma física, saúde, status e, cremos o maior: temos medo de morrer!!!
Encaramos nossos pais, irmãos, amigos, trabalho, forma física, saúde, status e muito mais como imperiosos e imprescindíveis para nossa felicidade e mesmo para nossa existência.
E o carro? O plano de saúde? A TV a cabo? A casa?
Ora, claro que tudo isto tem uma grande relevância, mas é interessante como não raramente deixamos de dar o devido “peso” às coisas e às pessoas.
Nossa vida diária nos impõe uma série de responsabilidades e ações, ou será que somos nós que nos impomos tudo isto?
Nossos pais são cruciais e a TV a cabo... Bem, a TV a cabo é somente importante.
Mas, quando foi a última vez que assistimos à TV? E nossos pais? Quando foi a última vez que os vimos, abraçamos e beijamos?
O menos importante para nossa felicidade normalmente assume papel de destaque no nosso dia-a-dia, enquanto parece ser “natural” por eventualmente vivermos em casas distintas dos nossos pais, que os vejamos raramente.
O que dizer, então, quanto àqueles que dividem o mesmo teto conosco?
Nossos filhos(as) e parceiros(as) recebem a devida atenção de nossa parte?
Damos a atenção devida a nós mesmos?
Um grande paradoxo, parece. Temos medo de perder muitas coisas e pessoas, mas pouca ou nenhuma atenção damos aos que realmente tem grande valor.
Lembram do raciocínio da postagem “Causa e efeito”?
Passamos tudo para o automático em nossas vidas e o tempo parece correr mais rapidamente a cada ano.
E o paradoxo maior: Temos medo de perder aquilo que absolutamente nunca nos pertenceu!
O que “temos” em nossas vidas é realmente nosso? São coisas e pessoas de nossa propriedade?
A vida é nossa?
A estabilidade realmente existe?
A felicidade perene existe de fato?
Nossa aflição e mania pela imaginária segurança completa não nos separa do que realmente é importante?
Já ouvimos várias pessoas dizendo que a vida é feita de momentos. Em regra estas palavras são ditas para tentar justificar uma ação não tão correta, mas a idéia não nos parece errada.
Este “sofisma” (veja a postagem “O raciocínio humano”), entretanto, quando encarado de forma verdadeira e com pureza de princípios, pode ajudar nossa vida.
A vida, de fato, é uma sucessão de momentos. Como estes momentos serão encarados por nós depende apenas de uma pessoa – nós mesmos.
“Construir” momentos de prazer pode ser a grande magia de nossas vidas.
Trazer nossos pais, irmãos, filhos, amigos, parceiros para próximo de nós e provocar-lhes o sorriso e a ternura é talvez a maior das alquimias.
Um bom livro, filme, peça teatral e coisas do gênero, podem contribuir com a construção de momentos pessoais e íntimos felizes, assim como brincar todos os dias por alguns poucos minutos com nossos filhos certamente perpetuará a nossa lembrança na memória deles, fazendo-nos eternos (ou “quase”) e tornando-nos referência.
Do pessoal à família, ao grupo de amigos, ao trabalho e à sociedade tudo o que verdadeiramente importa no final das contas são os sorrisos que demos e as lágrimas de boa emoção que correram pelos nossos rostos, com ou sem TV a cabo, carro, plano de saúde, casa e tudo o mais que um dia pensamos que fosse “nosso”.
Com isto não queremos dizer, evidentemente, que devemos nos descuidar do trabalho ou dos compromissos importantes da vida, mas o que nos parece crucial é a dosimetria de nossas atenções.
As religiões e filosofias divergem em muitos sentidos no que tange ao verdadeiro motivo da vida.
Algumas dizem que nascemos com uma missão.
Outras, que nascemos para resgatar o que de certo e de errado fizemos em outras vidas.
Outras ainda, para a evolução.
Nenhuma delas, entretanto, consegue se opor a idéia de felicidade.
Nascemos para a felicidade responsável dos momentos da vida. Há algum motivo para não construí-los? Os maçons não são construtores? ("maçon" = pedreiro)
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