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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Medo de perder

estabilidade, por mgbon - graça neves
estabilidade, por mgbon - graça neves


Milhares e milhares de pessoas no mundo passam suas vidas buscando estabilidade e proteção para que não percam o que conquistaram durante toda sua existência.

Este comportamento, causador de inúmeros infartos e outros males, está presente em nossas vidas desde a infância. Dele são expressões o ciúme de amigos, familiares e de nossos pares, a insegurança, desde o ambiente familiar até o trabalho, passando por nossas relações pessoais, a tolerância exagerada (quase que como uma conivência com o que não está certo) e muitas outras coisas e fatos que nos aturdem todos os dias.

Temos medo de perder nossos pais, irmãos, amigos, trabalho, forma física, saúde, status e, cremos o maior: temos medo de morrer!!!

Encaramos nossos pais, irmãos, amigos, trabalho, forma física, saúde, status e muito mais como imperiosos e imprescindíveis para nossa felicidade e mesmo para nossa existência.

E o carro? O plano de saúde? A TV a cabo? A casa?

Ora, claro que tudo isto tem uma grande relevância, mas é interessante como não raramente deixamos de dar o devido “peso” às coisas e às pessoas.

Nossa vida diária nos impõe uma série de responsabilidades e ações, ou será que somos nós que nos impomos tudo isto?

Nossos pais são cruciais e a TV a cabo... Bem, a TV a cabo é somente importante.

Mas, quando foi a última vez que assistimos à TV? E nossos pais? Quando foi a última vez que os vimos, abraçamos e beijamos?

O menos importante para nossa felicidade normalmente assume papel de destaque no nosso dia-a-dia, enquanto parece ser “natural” por eventualmente vivermos em casas distintas dos nossos pais, que os vejamos raramente.

O que dizer, então, quanto àqueles que dividem o mesmo teto conosco?

Nossos filhos(as) e parceiros(as) recebem a devida atenção de nossa parte?

Damos a atenção devida a nós mesmos?

Um grande paradoxo, parece. Temos medo de perder muitas coisas e pessoas, mas pouca ou nenhuma atenção damos aos que realmente tem grande valor.

Lembram do raciocínio da postagem “Causa e efeito”?

Passamos tudo para o automático em nossas vidas e o tempo parece correr mais rapidamente a cada ano.

E o paradoxo maior: Temos medo de perder aquilo que absolutamente nunca nos pertenceu!




O que “temos” em nossas vidas é realmente nosso? São coisas e pessoas de nossa propriedade?

A vida é nossa?

A estabilidade realmente existe?

A felicidade perene existe de fato?
segurança nacional, por Lindomar Cruz
segurança nacional, por Lindomar Cruz




Nossa aflição e mania pela imaginária segurança completa não nos separa do que realmente é importante?





Já ouvimos várias pessoas dizendo que a vida é feita de momentos. Em regra estas palavras são ditas para tentar justificar uma ação não tão correta, mas a idéia não nos parece errada.

Este “sofisma” (veja a postagem “O raciocínio humano”), entretanto, quando encarado de forma verdadeira e com pureza de princípios, pode ajudar nossa vida.

A vida, de fato, é uma sucessão de momentos. Como estes momentos serão encarados por nós depende apenas de uma pessoa – nós mesmos.

“Construir” momentos de prazer pode ser a grande magia de nossas vidas.

Trazer nossos pais, irmãos, filhos, amigos, parceiros para próximo de nós e provocar-lhes o sorriso e a ternura é talvez a maior das alquimias.

Um bom livro, filme, peça teatral e coisas do gênero, podem contribuir com a construção de momentos pessoais e íntimos felizes, assim como brincar todos os dias por alguns poucos minutos com nossos filhos certamente perpetuará a nossa lembrança na memória deles, fazendo-nos eternos (ou “quase”) e tornando-nos referência.

Do pessoal à família, ao grupo de amigos, ao trabalho e à sociedade tudo o que verdadeiramente importa no final das contas são os sorrisos que demos e as lágrimas de boa emoção que correram pelos nossos rostos, com ou sem TV a cabo, carro, plano de saúde, casa e tudo o mais que um dia pensamos que fosse “nosso”.

Com isto não queremos dizer, evidentemente, que devemos nos descuidar do trabalho ou dos compromissos importantes da vida, mas o que nos parece crucial é a dosimetria de nossas atenções.

As religiões e filosofias divergem em muitos sentidos no que tange ao verdadeiro motivo da vida.

Algumas dizem que nascemos com uma missão.

Outras, que nascemos para resgatar o que de certo e de errado fizemos em outras vidas.

Outras ainda, para a evolução.

Nenhuma delas, entretanto, consegue se opor a idéia de felicidade.

Nascemos para a felicidade responsável dos momentos da vida. Há algum motivo para não construí-los? Os maçons não são construtores? ("maçon" = pedreiro)

Que tal sair da "Matrix"?

matrix, por sklar
matrix, por sklar

Assistir este vídeo pode ser interessante.

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