Angélica Pellegrino, nossa
querida amiga e sóror, encaminhou sugestão de artigo no Blog Maçonaria e
Esoterismo (o que todos podem fazer na página do blog, clicando na aba colocada
no canto inferior direito – “Sugira novos artigos clicando aqui”).
Angélica publicou a
seguinte sugestão:
Um tema delicado este. Já pesquisei no blog e não encontrei publicação a respeito.
Me surgiu esta ideia, através
de uma outra ideia que tive em publicar algo sobre esse tema em um dos grupos
do FB.
Depois de refletir melhor, desisti.
Realmente é um tema, além de delicado por diversas razões, é também muito
importante. Poderia haver uma abordagem educativa, com linguagem simples e de
fácil entendimento para que, de uma vez por todas, os fantasmas criados pelo
mal entendimento deste tema desapareçam.
Muito se tem visto sobre o que
a falta de informação lúcida sobre sexo tem causado.
Grandes prejuízos morais e
materiais em detrimento de tanta gente boa neste mundo. E a omissão contribui
para essa tragédia oculta.
Verdadeira tragédia oculta.
Vergonha, medo, deselegância em
muito do que já foi exposto. Pouquíssimos materiais realmente bons já foram
lançados a respeito.
É como um mito. Um monstro
oculto que causa doenças físicas e psíquicas, prejuízos e perdas, etc.
Enfim...
O que eu gostaria de perguntar
é, como a Maçonaria vê este tema?
Como seria uma orientação sobre isso?
Como seria uma orientação sobre isso?
Existe uma abordagem científica
(área médica) e uma filosófica (moral). Ambas essenciais.
Agradeço antecipadamente a
atenção.
Inicialmente
cabe-nos esclarecer que as constantes e sempre relevantes intervenções de
Angélica são e sempre serão bem vindas e vistas com profundo respeito e
agradecimento.
No tocante ao tema
proposto, mas antes de ingressar diretamente nele, é bom ressaltar que os
maçons são, acima de qualquer coisa, livres pensadores e pesquisadores natos,
pelo que são encontrados no seio da Maçonaria um sem fim de vertentes de
estudos altamente produtivas sobre inúmeros temas científicos, sociológicos,
históricos, políticos (mas apartidários), filosóficos, esotéricos e exotéricos,
dentre muitos outros.
Os maçons, portanto,
são livres para firmar seus convencimentos sobre estes e todos os demais temas
da vida, dada a ausência de dogmatismo na Ordem.
Desta forma, não há
que se falar num posicionamento oficial da Maçonaria a respeito do tema
proposto, pelo que para nós se reserva o papel de proporcionar aos nossos
leitores a gama mais vasta possível de interpretações a respeito, objetivando
viabilizar o estudo, compreensão e adequação de cada qual a esta ou aquela
visão.
Contudo, há que se
ressaltar a imensa preocupação da Maçonaria para com a instituição familiar,
vista como princípio e mote da sociedade, pelo que existe, mesmo que
disfarçadamente, uma preocupação dos maçons para com a felicidade matrimonial
de seus irmãos.
No tocante à visão
científica do termo “sexo”, mais produtivo enviar nossos leitores às definições
constantes de enciclopédias, que também podem ser encontradas na Wikipédia, no verbete correspondente ao tema.
Entretanto, a
sexualidade humana apresenta uma variável de matizes psicológicas, sociais,
filosóficas e religiosas que, no afã de proporcionar algum esclarecimento a
respeito, buscaremos abordar.
O celibato
Há um equívoco
contumaz relacionado a este termo, que comumente é traduzido como a opção pelo
não exercício da sexualidade.
O celibato, de fato,
define a pessoa que é solteira, seja ela praticante ou não de atos sexuais. O
termo deriva do latim “cælibatus” que literalmente tem como significado “não casado”,
mas sem a obrigação de castidade.
Provavelmente foi
Paulo de Tarso, o apóstolo que não conheceu pessoalmente Jesus, já que nasceu 5
anos após a Sua morte, aquele que primeiramente utilizou o termo com o
significado de castidade.
A este apóstolo são
atribuídas 13 encíclicas do Novo Testamento, havendo questionamento de
estudiosos quando a 7 delas.
Paulo escreve em 1
Coríntios 7:
"É bom para um homem não
ter relações sexuais com uma mulher. Mas, devido à tentação de imoralidade
sexual, cada homem deve ter a sua própria mulher e cada mulher seu próprio
marido." (versículos 1-2);
"Eu desejo que todos sejam
como eu sou. Mas cada um tem o seu próprio dom de Deus, um de uma espécie e uma
de outro. Para os solteiros e as viúvas digo que é bom para eles permanecer
como eu sou. Mas se eles não podem exercer autocontrole, devem casar. Por isso
é melhor casar do que queimar com paixão." (versículos 7-9);
"Quero que você seja livre de medos.
Solteiro o homem está preocupado com as coisas do Senhor, a forma de agradar ao
Senhor. Porém, o homem casado está preocupado com as coisas mundanas, como
agradar à sua esposa, e seus interesses estão divididos. E a mulher solteira
está preocupada com as coisas do Senhor, como ser santa no corpo e espírito.
Mas a mulher casada está preocupada com as coisas mundanas, como para agradar o
marido. Digo isto para seu próprio benefício, para não estabelecer qualquer
restrição sobre você, mas para promover a boa ordem e para garantir o seu
indiviso devoção ao Senhor." (versículos 32-35).
Pelas palavras de Paulo
nestas encíclicas, verifica-se que o objetivo daquilo que hoje se confunde com
o “celibato”, ou a abstinência sexual, tem como objetivo manter o foco e
atenção das pessoas nas coisas “do espírito”, sem preocupação com as coisas
mundanas.
O “celibato” dos
sacerdotes católicos, contudo, não se tratou de algo que foi aplicado (ou
exigido) amplamente na época de Paulo, pelo que não eram raros os casamentos de
padres e até mesmo papas, incluindo Adriano II e Honório IV.
Este “celibato” obrigatório
foi decretado pelo Concílio de Elvira, havido em 295-302 d.C., mas a
obrigatoriedade não atingiu todo o clero, considerando que aquela reunião foi
provincial espanhola.
O Concílio de Nicéia, acontecido a partir do ano de 323 d.C. (veja o artigo “Das arenas ao topo do Império Romano”), deliberou:
"todos os membros do
clero estão proibidos de morar com qualquer mulher, com exceção da mãe, irmã ou
tia" (III cânon).
Apesar destas
imposições, os casamentos e concubinatos de clérigos persistiram, embora
diversas tentativas de extirpá-los tivessem sido realizadas com certa
regularidade, até que no Concílio de Trento (1545 – 1563) impôs definitivamente
o “celibato” obrigatório.
As razões da Igreja
Católica Apostólica Romana posteriores a Paulo para o “celibato”, sucintamente
são as seguintes:
·
com o
celibato os sacerdotes entregam-se de modo mais excelente a Cristo, unindo-se a
Ele com o coração indiviso;
·
o
conteúdo e a grandeza da sua vocação levam o sacerdote a abraçar na vida essa
perfeita continência, que tem como exemplo a virgindade de Cristo;
·
o
celibato facilita ao sacerdote a participação no amor de Cristo pela humanidade
uma que vez que Ele não teve outro vínculo nupcial a não ser o que contraiu com
a sua Igreja;
·
com o
celibato os clérigos dedicam-se com maior disponibilidade ao serviço dos outros
homens;
·
a pessoa
e a vida do sacerdote são possessão da Igreja, que faz as vezes de Cristo, seu
esposo;
·
o
celibato dispõe o sacerdote pare receber e exercer com generosidade a
paternidade que pertence a Cristo.
O “celibato” católico, como
visto, apresenta razões racionais e psicológicas e eventualmente mesmo
materiais, mas não tem relação com motes esotéricos ou espirituais.
A abstinência sexual dos
sacerdotes, contudo, não é praticada por toda a cristandade mesmo nos dias
atuais, em especial quando se aprecia as denominações cristãs luteranas, em que
aos pastores é permitido o casamento, mas não raras vezes o sexo nestas
denominações apresenta vinculação exclusiva com a procriação, vedando-se ou
evitando-se outros propósitos.
Sexo tântrico
Na vertente oposta à do “celibato”
religioso encontra-se o sexo tântrico, que é uma prática realizada pelos
seguidores do Hinduísmo
e que busca o equilíbrio humano por meio da sexualidade.
Esta visão já possui relação com
a espiritualidade, considerando que busca, pela prática sexual, alcançar o
equilíbrio que um dia a humanidade possuiu com o universo.
Para os adeptos desta prática, o
ser humano na sua origem era completo, pois que criado andrógeno e assim que
foi dividido em dois seres, só conseguiria alcançar seu ápice do seu ser
encontrando seu sexo oposto que o correspondesse.
A troca de energia durante o
colóquio sexual, que não se resume no alcance de orgasmo, mas no prazer dito
supremo e prolongado, o homem teria uma grande descarga de energia ao alcançar
o orgasmo e a mulher nutriria e recarregaria a energia de seu parceiro ao
alcançar diversos orgasmos.
O sexo Tântrico cria
uma nova perspectiva, uma inspiração erótica de grande riqueza, uma capacidade
de reflexão profunda e sensibilidade vital extrema que pode até gerar um tempo
e espaço diferentes durante o contato sexual. Isto que promove as relações
tântricas sua imagem mágica e alteração temporal.
A prática tântrica
pode ser realizada por qualquer pessoa que se proponha a tentar alcançar o
prazer supremo e prolongado. Não é de interesse do sexo tântrico, o número de orgasmos
ou de ejaculações que se alcance e sim a experiência que é uma
comunhão física e espiritual com o parceiro para lucidar-se com o quão intenso
pode ser o prazer.
Para isto, é
necessário um alto nível de concentração que propicia o desapego de toda
censura imposta por si mesmo e também aumenta a sensibilidade do erotismo.
Sexo e amor
Sexo é uma
necessidade fisiológica e amor é um sentimento.
O sexo, como prática
fisiológica, seja eventual ou não, pode oferecer prazeres que, na opinião
daquele de nós que ora escreve, são muitíssimo potencializadas com a existência
do amor.
O conceito mais
popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com
alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento
amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua
manutenção e motivação. É tido por muitos como a maior de todas as conquistas
do ser.
O sexo, quando
acompanhado do amor, independentemente de questões religiosas ou filosóficas,
implica na preocupação e objetivo diretamente relacionado com o(a) outro(a). É
a possível materialização de um sentimento, ou sua expressão.
Diferentemente, como
dito, o sexo meramente fisiológico pode propiciar prazeres, mas inerentemente
apresenta vinculação com um aspecto psicológico inato a todos nós, que
eventualmente leva à frustrações e descontentamentos posteriores ao ato em si.
Há, para alguns,
religiosos ou não, uma íntima troca de energias durante o ato sexual e para
muitos estas trocas devem ser realizadas com pessoas de nível vibratório
adequado e oportuno (sobre vibração, veja o artigo “As
sete leis herméticas”).
Este assunto, é bom
salientar, não pode e não deve ser esgotado. Discussões e comentários são
desejadas e oportunas.
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