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quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sexualidade humana

sexo


Angélica Pellegrino, nossa querida amiga e sóror, encaminhou sugestão de artigo no Blog Maçonaria e Esoterismo (o que todos podem fazer na página do blog, clicando na aba colocada no canto inferior direito – “Sugira novos artigos clicando aqui”).

Angélica Pellegrino

Angélica publicou a seguinte sugestão:

Um tema delicado este. Já pesquisei no blog e não encontrei publicação a respeito.
Me surgiu esta ideia, através de uma outra ideia que tive em publicar algo sobre esse tema em um dos grupos do FB.
Depois de refletir melhor, desisti. Realmente é um tema, além de delicado por diversas razões, é também muito importante. Poderia haver uma abordagem educativa, com linguagem simples e de fácil entendimento para que, de uma vez por todas, os fantasmas criados pelo mal entendimento deste tema desapareçam.
Muito se tem visto sobre o que a falta de informação lúcida sobre sexo tem causado.
Grandes prejuízos morais e materiais em detrimento de tanta gente boa neste mundo. E a omissão contribui para essa tragédia oculta.
Verdadeira tragédia oculta.
Vergonha, medo, deselegância em muito do que já foi exposto. Pouquíssimos materiais realmente bons já foram lançados a respeito.
É como um mito. Um monstro oculto que causa doenças físicas e psíquicas, prejuízos e perdas, etc.
Enfim...
O que eu gostaria de perguntar é, como a Maçonaria vê este tema?
Como seria uma orientação sobre isso?
Existe uma abordagem científica (área médica) e uma filosófica (moral). Ambas essenciais.
Agradeço antecipadamente a atenção.

Inicialmente cabe-nos esclarecer que as constantes e sempre relevantes intervenções de Angélica são e sempre serão bem vindas e vistas com profundo respeito e agradecimento.

No tocante ao tema proposto, mas antes de ingressar diretamente nele, é bom ressaltar que os maçons são, acima de qualquer coisa, livres pensadores e pesquisadores natos, pelo que são encontrados no seio da Maçonaria um sem fim de vertentes de estudos altamente produtivas sobre inúmeros temas científicos, sociológicos, históricos, políticos (mas apartidários), filosóficos, esotéricos e exotéricos, dentre muitos outros.

Os maçons, portanto, são livres para firmar seus convencimentos sobre estes e todos os demais temas da vida, dada a ausência de dogmatismo na Ordem.

Desta forma, não há que se falar num posicionamento oficial da Maçonaria a respeito do tema proposto, pelo que para nós se reserva o papel de proporcionar aos nossos leitores a gama mais vasta possível de interpretações a respeito, objetivando viabilizar o estudo, compreensão e adequação de cada qual a esta ou aquela visão.

Contudo, há que se ressaltar a imensa preocupação da Maçonaria para com a instituição familiar, vista como princípio e mote da sociedade, pelo que existe, mesmo que disfarçadamente, uma preocupação dos maçons para com a felicidade matrimonial de seus irmãos.

No tocante à visão científica do termo “sexo”, mais produtivo enviar nossos leitores às definições constantes de enciclopédias, que também podem ser encontradas na Wikipédia, no verbete correspondente ao tema.

Entretanto, a sexualidade humana apresenta uma variável de matizes psicológicas, sociais, filosóficas e religiosas que, no afã de proporcionar algum esclarecimento a respeito, buscaremos abordar.


O celibato


Há um equívoco contumaz relacionado a este termo, que comumente é traduzido como a opção pelo não exercício da sexualidade.

CelibatoO celibato, de fato, define a pessoa que é solteira, seja ela praticante ou não de atos sexuais. O termo deriva do latim “cælibatus” que literalmente tem como significado “não casado”, mas sem a obrigação de castidade.

Provavelmente foi Paulo de Tarso, o apóstolo que não conheceu pessoalmente Jesus, já que nasceu 5 anos após a Sua morte, aquele que primeiramente utilizou o termo com o significado de castidade.

A este apóstolo são atribuídas 13 encíclicas do Novo Testamento, havendo questionamento de estudiosos quando a 7 delas.
Paulo escreve em 1 Coríntios 7:

"É bom para um homem não ter relações sexuais com uma mulher. Mas, devido à tentação de imoralidade sexual, cada homem deve ter a sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido." (versículos 1-2);
"Eu desejo que todos sejam como eu sou. Mas cada um tem o seu próprio dom de Deus, um de uma espécie e uma de outro. Para os solteiros e as viúvas digo que é bom para eles permanecer como eu sou. Mas se eles não podem exercer autocontrole, devem casar. Por isso é melhor casar do que queimar com paixão." (versículos 7-9);
 "Quero que você seja livre de medos. Solteiro o homem está preocupado com as coisas do Senhor, a forma de agradar ao Senhor. Porém, o homem casado está preocupado com as coisas mundanas, como agradar à sua esposa, e seus interesses estão divididos. E a mulher solteira está preocupada com as coisas do Senhor, como ser santa no corpo e espírito. Mas a mulher casada está preocupada com as coisas mundanas, como para agradar o marido. Digo isto para seu próprio benefício, para não estabelecer qualquer restrição sobre você, mas para promover a boa ordem e para garantir o seu indiviso devoção ao Senhor." (versículos 32-35).

Paulo de Tarso

Pelas palavras de Paulo nestas encíclicas, verifica-se que o objetivo daquilo que hoje se confunde com o “celibato”, ou a abstinência sexual, tem como objetivo manter o foco e atenção das pessoas nas coisas “do espírito”, sem preocupação com as coisas mundanas.

O “celibato” dos sacerdotes católicos, contudo, não se tratou de algo que foi aplicado (ou exigido) amplamente na época de Paulo, pelo que não eram raros os casamentos de padres e até mesmo papas, incluindo Adriano II e Honório IV.

Este “celibato” obrigatório foi decretado pelo Concílio de Elvira, havido em 295-302 d.C., mas a obrigatoriedade não atingiu todo o clero, considerando que aquela reunião foi provincial espanhola.





O Concílio de Nicéia, acontecido a partir do ano de 323 d.C. (veja o artigo “Das arenas ao topo do Império Romano”), deliberou:

"todos os membros do clero estão proibidos de morar com qualquer mulher, com exceção da mãe, irmã ou tia" (III cânon).

Apesar destas imposições, os casamentos e concubinatos de clérigos persistiram, embora diversas tentativas de extirpá-los tivessem sido realizadas com certa regularidade, até que no Concílio de Trento (1545 – 1563) impôs definitivamente o “celibato” obrigatório.

As razões da Igreja Católica Apostólica Romana posteriores a Paulo para o “celibato”, sucintamente são as seguintes:

·         com o celibato os sacerdotes entregam-se de modo mais excelente a Cristo, unindo-se a Ele com o coração indiviso;
·         o conteúdo e a grandeza da sua vocação levam o sacerdote a abraçar na vida essa perfeita continência, que tem como exemplo a virgindade de Cristo;
·         o celibato facilita ao sacerdote a participação no amor de Cristo pela humanidade uma que vez que Ele não teve outro vínculo nupcial a não ser o que contraiu com a sua Igreja;
·         com o celibato os clérigos dedicam-se com maior disponibilidade ao serviço dos outros homens;
·         a pessoa e a vida do sacerdote são possessão da Igreja, que faz as vezes de Cristo, seu esposo;
·         o celibato dispõe o sacerdote pare receber e exercer com generosidade a paternidade que pertence a Cristo.

O “celibato” católico, como visto, apresenta razões racionais e psicológicas e eventualmente mesmo materiais, mas não tem relação com motes esotéricos ou espirituais.

A abstinência sexual dos sacerdotes, contudo, não é praticada por toda a cristandade mesmo nos dias atuais, em especial quando se aprecia as denominações cristãs luteranas, em que aos pastores é permitido o casamento, mas não raras vezes o sexo nestas denominações apresenta vinculação exclusiva com a procriação, vedando-se ou evitando-se outros propósitos.


Sexo tântrico



Na vertente oposta à do “celibato” religioso encontra-se o sexo tântrico, que é uma prática realizada pelos seguidores do Hinduísmo e que busca o equilíbrio humano por meio da sexualidade.

Sexo TântricoEsta visão já possui relação com a espiritualidade, considerando que busca, pela prática sexual, alcançar o equilíbrio que um dia a humanidade possuiu com o universo.

Para os adeptos desta prática, o ser humano na sua origem era completo, pois que criado andrógeno e assim que foi dividido em dois seres, só conseguiria alcançar seu ápice do seu ser encontrando seu sexo oposto que o correspondesse.

A troca de energia durante o colóquio sexual, que não se resume no alcance de orgasmo, mas no prazer dito supremo e prolongado, o homem teria uma grande descarga de energia ao alcançar o orgasmo e a mulher nutriria e recarregaria a energia de seu parceiro ao alcançar diversos orgasmos.

O sexo Tântrico cria uma nova perspectiva, uma inspiração erótica de grande riqueza, uma capacidade de reflexão profunda e sensibilidade vital extrema que pode até gerar um tempo e espaço diferentes durante o contato sexual. Isto que promove as relações tântricas sua imagem mágica e alteração temporal.

A prática tântrica pode ser realizada por qualquer pessoa que se proponha a tentar alcançar o prazer supremo e prolongado. Não é de interesse do sexo tântrico, o número de orgasmos ou de ejaculações que se alcance e sim a experiência que é uma comunhão física e espiritual com o parceiro para lucidar-se com o quão intenso pode ser o prazer.

Para isto, é necessário um alto nível de concentração que propicia o desapego de toda censura imposta por si mesmo e também aumenta a sensibilidade do erotismo.


Sexo e amor


Sexo é uma necessidade fisiológica e amor é um sentimento.

O sexo, como prática fisiológica, seja eventual ou não, pode oferecer prazeres que, na opinião daquele de nós que ora escreve, são muitíssimo potencializadas com a existência do amor.



AmorO conceito mais popular de amor envolve, de modo geral, a formação de um vínculo emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de receber este comportamento amoroso e enviar os estímulos sensoriais e psicológicos necessários para a sua manutenção e motivação. É tido por muitos como a maior de todas as conquistas do ser.

O sexo, quando acompanhado do amor, independentemente de questões religiosas ou filosóficas, implica na preocupação e objetivo diretamente relacionado com o(a) outro(a). É a possível materialização de um sentimento, ou sua expressão.

Diferentemente, como dito, o sexo meramente fisiológico pode propiciar prazeres, mas inerentemente apresenta vinculação com um aspecto psicológico inato a todos nós, que eventualmente leva à frustrações e descontentamentos posteriores ao ato em si.

Há, para alguns, religiosos ou não, uma íntima troca de energias durante o ato sexual e para muitos estas trocas devem ser realizadas com pessoas de nível vibratório adequado e oportuno (sobre vibração, veja o artigo “As sete leis herméticas”).

Este assunto, é bom salientar, não pode e não deve ser esgotado. Discussões e comentários são desejadas e oportunas.

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