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quinta-feira, 15 de março de 2012

Jacob Boheme


Viveu entre 24 de abril de 1.575 e 17 de novembro de 1.624.

Segundo seus biógrafos, Jacob Boheme teve diversos episódios de iluminação espiritual durante sua juventude, até que aos 25 anos passou por uma epifania[1] pela qual teria conhecido a natureza espiritual do mundo e as verdadeiras relações entre o Bem e o Mal.

A respeito deste evento epifânico, Jacob teria afirmado:

Abriu-se para mim um largo portão e em um quarto de hora vi e aprendi mais do que veria e aprenderia em muitos anos de universidade. Por esta razão, estou profundamente admirado e dirijo a Deus as minhas orações, agradecendo-Lhe por isto. Porque vi e compreendi o Ser dos seres, o Abismo dos abismos, e a geração eterna da Santíssima Trindade do descendente e origem do mundo e de todas as criaturas pela divina sabedoria. Soube e vi por mim mesmo os três mundos, ou seja, o divino (angelical e paradisíaco), o das sombras (que deu origem e natureza ao fogo) e o mundo exterior e visível (sendo a procriação ou o nascimento exterior tanto do mundo interior quanto do espiritual). Vi e conheci toda a essência do trabalho, o Mal e o Bem original e a essência de cada um deles; e também como frutificou com vigor a semente da eternidade. E isso de tal forma que dela fiquei desejoso e rejubilei-me.

Há relatos de Boheme dizendo a um amigo, quando ainda jovem e ao tempo de seu aprendizado profissional, que seu mestre certo dia encontrava-se ausente, quando um homem de figura venerável ingressou na sapataria, desejando adquirir um par de sapatos que previamente havia escolhido. Boheme teria julgado-se despreparado para lidar com vendas, pelo que teria dito ao cliente um preço exorbitante, com a finalidade daquele homem recusar a negociação, assim evitando que posteriormente Boheme fosse admoestado por seu mestre por qualquer equívoco que cometesse.

Boheme teria concluído esta narrativa ao seu amigo dizendo que para sua surpresa o visitante aceitou o preço, adquirindo os sapatos e, ao sair da loja, teria parado e exclamado:Jacob, venha cá! Você é ainda muito pequeno, mas se tornará grande e será objeto de admiração de todos, isto porque é piedoso, crê em Deus e reverencia Sua Palavra acima de tudo. Leia cuidadosamente as Santas Escrituras, nas quais encontrará consolo e instrução, pois sofrerá muito; terá que suportar a pobreza, a miséria e as perseguições, mas seja corajoso e perseverante, pois Deus o ama.

Boheme seria de natureza humilde, sensível e contemplativa. Estudou as obras de Paracelso (leia o artigo "Paracelso") e os tratados místicos de Kaspar Schwenkfeld e de Valentin Weigel. 

Na época da epifania (1.600), Boheme era sapateiro o pai de quatro filhos, decidindo não alardear os conhecimentos que teria adquirido, até dez anos mais tarde, quando outra visão fez com que passasse a escrever sua primeira obra, Aurora, que foi materializada na forma de manuscrito.

Aurora, contudo, não era uma obra que Boheme quisesse levar ao conhecimento público. Entretanto, um seu amigo solicitou que a emprestasse para estudo, o que fez.

A obra acabou chegando às mãos de Gregorious Ritcher, que na época era o principal pastor da região, que a considerou herética, exilando Boheme, que, entretanto, retornou à sua terra sob o compromisso de não mais divulgar suas ideias.

Jacob Boheme


Seguiram-se anos de absoluto silêncio da parte de Jacob Boheme, até que, em 1.623, publicou sua primeira obra impressa, Christosophia, que, juntamente com uma infinidade de outros trabalhos, causou furor e ódio, mas conquistou seguidores em toda a Europa, inclusive o filho de seu perseguidor (Gregorious Ritcher), Johan G. Gichtel, que se tornou comentador e editor de parte das obras deste importante filósofo alemão.

As obras completas de Boheme só foram publicadas em 1.730.

Johan G. Gichtel também escreveu uma autobiografia espiritual intitulada A Senda do Homem Celeste, descrevendo como colocou em prática tudo o que aprendeu com o estudo das obras de Boheme, chegando, segundo ele, à realização da senda espiritual. A Senda é considerada um clássico do pensamento místico-cristão de sua época.

Boheme, como não poderia deixar de ser na ocasião, viu-se perseguido e exilado novamente de sua pátria, a ela retornando somente no final de sua vida, aos 49 anos de idade, como que para despedir-se, já que faleceu em seguida.

Na cosmogonia de Boheme é necessário que a humanidade se afastasse de Deus afim de que a criação evoluísse a um novo estado de harmonia que seria a mais perfeita que o estado original de inocência, permitindo a Deus atingir uma nova autoconsciência pela interação com a criação que se tornaria, ao mesmo tempo, parte Dele e distinta Dele. Deste modo, o livre arbítrio seria o mais importante dom dado à humanidade por Deus, permitindo-nos buscar a graça divina na condição de uma livre escolha, quanto permitiria aos seres humanos mantes as suas individualidades.
Boheme via a encarnação de Cristo, não como um sacrifício oferecido para perdoar os pecados dos homens, mas sim como uma oferta amorosa e divina para a humanidade, mostrando a vontade de Deus suportando igualmente o sofrimento terrestre como um aspecto necessário da criação. Ele também acreditava que a encarnação de Cristo expressava a mensagem que um novo estado de harmonia seria possível.(Wikipédia)

Obras de Jacob Boheme em português:

·         A Aurora Nascente
·         A Sabedoria Divina
·         A Revelação do Grande Mistério
·         Os Três Princípios da Essência Divina
·         Quarenta Questões Sobre a Alma
·         A Chave
·         A Encarnação de Jesus Cristo
·         As Confissões
·         Dialogo Entre Uma Alma Iluminada e Outra Em Busca de Iluminação
·         A Vida Suprasensível


[1] Epifania é uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência de algo. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém “encontrou finalmente a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa”. O termo é aplicado quando um pensamento inspirado e iluminante acontece, que parece ser divino em natureza.
Epifania também possui o significado de manifestação ou aparição divina. Diversos personagens históricos, na maioria líderes religiosos, filósofos, cientistas, místicos, escritores, teriam tido experiências epifânicas, dentre eles:
Buda
Moisés
Estevão
Arquimedes
Maomé
Jacob Boheme
Friedrich August Kekulé
James Joyce


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