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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Linguagem Sagrada

Língua dos Anjos


A linguagem chamada de “enoquiana” foi criada no final do século XVI, pelo matemático John Dee[1] e por seu assistente Edward Kelley[2], por revelação recebida de anjos.
john dee - por Lisby1
john dee - por Lisby1

Segundo Dee e seu assistente teriam sido informados pelos anjos reveladores da língua, esta teria sido utilizada por Adão durante sua permanência no Paraíso[3], para dar nome às coisas.



Ainda segundo os criadores da língua dos anjos, o patriarca bíblico Enoque[4], ancestral de Noé, teria sido a última pessoa a tomar conhecimento da linguagem mencionada antes da revelação feita pelos anjos, motivo pelo qual uma das denominações para este idioma é “linguagem enoquiana”, embora em suas anotações Dee tenha preferido termos como “Angelical”, “Celestial”, “Língua dos Anjos” ou “Linguagem Sagrada”.

Na época de Dee era comum o conceito de uma linguagem angélica, sendo igualmente costumeira a crença que aquele que pudesse interagir com os anjos, obrigatoriamente falaria em uma língua divina.

No ano de 1.582, Dee juntou-se a Edward Kelley, um vidente cuja ajuda foi utilizada para buscar a comunicação com os anjos, resultando na linguagem enoquiana.



alfabeto enoquiano
alfabeto enoquiano
Segundo Dee, Deus teria utilizado este idioma para criar o mundo e Adão a teria utilizado em suas comunicações com o Criador. Apos sua expulsão do paraíso, Adão teria perdido a linguagem tendo construído uma língua básica, um proto-hebreu, sendo sua gramática uma vaga lembrança da língua santa. Esse proto-hebreu, depois se tornou a língua universal, até que as línguas se separaram na Torre de Babel[5].

A partir de Adão, segundo Dee e Kelley, a língua teria sido escondida dos homens, sendo apenas revelada para Enoque, pois que este teria escrito, conforme informação dos mesmos anjos que ensinaram a linguagem, um texto conhecido por “Discurso de Deus” dirigido para toda a humanidade, que teria se perdido durante o dilúvio de Noé[6].




sistema de chaves enoquiano
sistema de chaves enoquiano
A recepção da língua enoquiana teria se iniciado em 26 de março de 1583, quando Kelley relatou visões em objetos mágicos de 21 letras do alfabeto de uma língua. Alguns dias depois, Kelley começou a receber o que se tornaram os primeiros textos escritos na língua. Isso resultou no Liber Loagaeth (“Livro [ou] Fala de Deus”).

Os outros textos da língua foram recebidos por Kelley cerca de um ano depois, em Krakow. Esses foram os mais importantes desde que os dois começaram a traduzir para o inglês, pois proveram a base do vocabulário enoquiano. Os textos se organizavam em 48 versos poéticos, que Dee chama em seus diários de “Claves Angelicae”, ou “Angelic Keys” (Chaves Angélicas). Essas chaves estão relacionadas com o sistema mágico. Dee aparentemente as estava usando para "abrir os 49 Portões do conhecimento /Entendimento" representado pelos 49 quadrados mágicos no Liber Loagaeth'‘.



A tábua sagrada - por Saturdave
A tábua sagrada - por Saturdave
Embora estes textos contenham a maior parte do vocabulário, dezenas de palavras novas são encontradas escondidas em periódicos de Dee, e milhares de palavras indefinidas estão contidos no ‘’Liber Loagaeth’’. Foram marcadas diversas diferenças estilísticas entre as palavras de Loagaeth e nas chaves originais, o que levou utilizadores atuais da língua acreditarem na existência de “dialetos” enoquianos.

A língua angélica revelada para Dee e Kelley é limitada por pequenos fragmentos de textos, alguns deles com traduções para o Inglês. Entrementes, alguns linguistas, como Donald Laycock, estudaram enoquiano, e afirmaram que não existe nada de excepcional em sua construção.




Ferramentas enoquianas - por Thezeroofform
Partidários do uso da língua dos anjos para a prática da magia, alguns dos quais de reputação e credibilidade duvidosa, como Aleister Crowley, compreendem-na, ou entenderam-na, como crucial, enquanto outros dizem tratar-se tão somente de uma língua artificial e singela imitação de verdadeiras línguas antigas, com boas semelhantes com a gramática inglesa.

Farsa ou verdade, a idéia de uma língua dos anjos é capaz de inundar a imaginação humana. Referências a ela são encontradas em várias manifestações artísticas e religiosas.

Veja e ouça uma menção da “língua dos anjos” na música “Monte Castelo” – Legião Urbana.

Também na Primeira Epístola de São Paulo à Igreja de Corinto:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.

Você encontra um interessante texto a respeito no seguinte endereço: http://svmmvmbonvm.org/johndee.pdf.



[1] John Dee (Londres, 13 de julho de 1527 - Richmond upon Thames, 1608 ou 1609) foi um matemático , astrônomo, astrólogo, geógrafo e conselheiro particular da rainha Elizabeth I. Devotou também grande parte de sua vida à alquimia, adivinhação, e à filosofia hermética.
Dee perscrutou os mundos da ciência e da magia. Um dos homens mais instruídos de seu tempo, já lecionava na Universidade de Paris antes de completar trinta anos. Era um divulgador entusiasmado da matemática, um astrônomo respeitado e um perito em navegação, treinando muitos daqueles que conduziriam as viagens exploratórias da Inglaterra. Ao mesmo tempo, estava profundamente imerso na filosofia hermética e na chamada magia angélica e devotou a última terça parte de sua vida quase que exclusivamente a este tipo de estudo. Para Dee e para muitos de seus contemporâneos, estas atividades não eram contraditórias, mas aspectos de uma visão consistente do mundo.

[2] Edward Kelley (1 de Agosto, 1555 – 1 de Novembro, 1597) foi um "ajudante" de John Dee, considerado por Dee uma pessoa sensivelmente capaz de receber mensagens espirituais ao ver alguns cristais ou pedras refletidas no Sol, essa arte é chamada de cristalomancia.
Através dessa arte ambos buscavam conseguir a famosa Pedra Filosofal.
Acredita-se que ele tenha chegado À aquisição da pedra sob comandos do rei Rodolfo II, e logo depois foi torturado e executado pelo rei por não revelar a formula da Pedra Filosofal. Depois disso Rodolfo enlouqueceu em busca da Pedra e perdeu o trono para seu irmão Matias da Germânia

[3] O Jardim do Éden, Jardim das Delícias ou Paraíso Terrestre é na tradição das religiões abraâmicas o local da primitiva habitação do homem.
Na tradição bíblica, o Jardim do Éden, do hebraico Gan Eden, גן עדן, é o local onde ocorreram os eventos narrados no Livro do Génesis (Gen., 2 e 3), onde é narrada a forma como Deus cria Adão e Eva, planta um jardim no Éden (a oriente), e indica ao homem que havia criado, para o cultivar e guardar.
A ordenança dada por Deus seria a de que o Homem podia comer os frutos de todas as árvores do jardim, exceto os da árvore do conhecimento do que é bom e do que é mal. Ao desobedecer esta ordenança e comer esse fruto proibido, Adão e Eva eventualmente ficam a conhecer o bem e o mal, e do pecado nasceu a vergonha e o reconhecimento de estarem nus. Em resultado da desobediência, Deus expulsa o homem do jardim.
O Jardim do Éden, a sua localização e a tentativa de reencontrar a felicidade perdida após a expulsão, são um dos temas centrais de múltiplas lendas e mitos e inspiraram inúmeros artistas, sendo uma das inspirações mais frequentes da arte europeia.

[4] Enoqueחנוך, Chanoch ou Hanokh é o nome dado uma das personagens bíblicas mais peculiares e misteriosas das Escrituras. Nasceu, segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão, sendo filho de Jarede, e pai de uma outra personagem, Matusalém.
De acordo com o relato de Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido arrebatado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse poupado da ira do dilúvio:
E andou Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.
Há dois aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus para si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas, lendas e midrashim (estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos. Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365 anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.
Sobre este personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II, que fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos da Etiópia”, mas que foram rejeitados pelos cristãos e hebreus, por serem particularmente incômodos para os clérigos do ponto de vista político. Todavia, a epístola de Judas, no Novo Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo.
De acordo com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém e Lameque.

[5] A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica no Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para tornarem o nome do homem célebre. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Ele. Deus então parou o projeto, depois castigou os homens de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens não se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre com esse propósito. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes. A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates, na Mesopotâmia (atual Iraque), uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade.

[6] Noé ou Noach (do hebraico נח, "descanso, alívio, conforto" ) é o nome do heroi bíblico que "recebeu ordens de Deus para a construção de uma arca, para salvar a Criação do Dilúvio". De acordo com o Pentateuco, os cinco primeiros livros do tradicional velho testamento da Bíblia escritos por Moises, Noé era filho de Lameque, que era filho de Matusalém, que era filho de Enoque, que era filho de Jarede, que era filho de Malalel, que era filho de Cainan ou Quenã, que era filho de Enos, que era filho de Sete, que era filho de Adão que era filho de Deus.
Seus três filhos mais conhecidos eram Sem, Cam ou Cã e Jafé.
A mulher de Noé (Gênesis 6:18; 7:7, 13; 8:16, 18), segundo a tradição judaica não bíblica, é chamada de Noéma ou Naamá (Na'amah - cheia de beleza) uma mulher cananita. Há quem a identifique como proveniente da descendência de Caim, sendo irmã de Tubalcaim que era filho de Lameque. Por ter sido considerada de menor importância, o seu nome não vem mencionado no Pentateuco ou no Torá, na história de Noé. No livro dos Jubileus, o seu nome é conhecido por Enzara e seria sobrinha do Patriarca.

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