A linguagem chamada de “enoquiana” foi criada no final do
século XVI, pelo matemático John Dee[1]
e por seu assistente Edward Kelley[2],
por revelação recebida de anjos.
Segundo Dee e seu assistente teriam sido informados pelos
anjos reveladores da língua, esta teria sido utilizada por Adão durante sua
permanência no Paraíso[3],
para dar nome às coisas.
Ainda segundo os criadores da língua
dos anjos, o patriarca bíblico Enoque[4],
ancestral de Noé, teria sido a última pessoa a tomar conhecimento da linguagem
mencionada antes da revelação feita pelos anjos, motivo pelo qual uma das
denominações para este idioma é “linguagem enoquiana”, embora em suas anotações
Dee tenha preferido termos como “Angelical”, “Celestial”, “Língua dos Anjos” ou
“Linguagem Sagrada”.
Na época de Dee era comum o
conceito de uma linguagem angélica, sendo igualmente costumeira a crença que
aquele que pudesse interagir com os anjos, obrigatoriamente falaria em uma
língua divina.
No ano de 1.582, Dee juntou-se a
Edward Kelley, um vidente cuja ajuda foi utilizada para buscar a comunicação
com os anjos, resultando na linguagem enoquiana.
alfabeto enoquiano |
A partir de Adão, segundo Dee e
Kelley, a língua teria sido escondida dos homens, sendo apenas revelada para
Enoque, pois que este teria escrito, conforme informação dos mesmos anjos que
ensinaram a linguagem, um texto conhecido por “Discurso de Deus” dirigido para
toda a humanidade, que teria se perdido durante o dilúvio de Noé[6].
sistema de chaves enoquiano |
Os outros textos da língua foram
recebidos por Kelley cerca de um ano depois, em Krakow. Esses
foram os mais importantes desde que os dois começaram a traduzir para o inglês,
pois proveram a base do vocabulário enoquiano. Os textos se organizavam em 48
versos poéticos, que Dee chama em seus diários de “Claves Angelicae”, ou
“Angelic Keys” (Chaves Angélicas). Essas chaves estão relacionadas com o
sistema mágico. Dee aparentemente as estava usando para "abrir os 49
Portões do conhecimento /Entendimento" representado pelos 49 quadrados mágicos no Liber Loagaeth'‘.
A tábua sagrada - por Saturdave |
A língua angélica revelada para
Dee e Kelley é limitada por pequenos fragmentos de textos, alguns deles com
traduções para o Inglês. Entrementes, alguns linguistas, como Donald Laycock, estudaram
enoquiano, e afirmaram que não existe nada de excepcional em sua construção.
Ferramentas enoquianas - por Thezeroofform |
Farsa ou verdade, a idéia de uma
língua dos anjos é capaz de inundar a imaginação humana. Referências a ela são
encontradas em várias manifestações artísticas e religiosas.
Veja e ouça uma menção da “língua
dos anjos” na música “Monte
Castelo” – Legião Urbana.
Também na Primeira Epístola de
São Paulo à Igreja de Corinto:
Ainda que eu
falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o
metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E
ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda
que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso
me aproveitaria. O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata
com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os
seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O
Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas,
cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em
parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte
será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino,
discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas
de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a
face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior
destes é o Amor.
Você encontra um interessante
texto a respeito no seguinte endereço: http://svmmvmbonvm.org/johndee.pdf.
[1] John Dee (Londres, 13 de julho
de 1527 - Richmond upon Thames, 1608 ou 1609) foi um matemático
, astrônomo,
astrólogo,
geógrafo e
conselheiro particular da rainha Elizabeth I. Devotou também grande parte de
sua vida à alquimia,
adivinhação,
e à filosofia
hermética.
Dee
perscrutou os mundos da ciência e da magia. Um dos homens mais instruídos de seu
tempo, já lecionava na Universidade de Paris antes de completar
trinta anos. Era um divulgador entusiasmado da matemática, um astrônomo
respeitado e um perito em navegação,
treinando muitos daqueles que conduziriam as viagens exploratórias da Inglaterra.
Ao mesmo tempo, estava profundamente imerso na filosofia hermética e na chamada
magia angélica e devotou a última terça parte de sua vida quase que
exclusivamente a este tipo de estudo. Para Dee e para muitos de seus
contemporâneos, estas atividades não eram contraditórias, mas aspectos de uma
visão consistente do mundo.
[2] Edward Kelley (1 de Agosto,
1555 – 1 de
Novembro, 1597)
foi um "ajudante" de John Dee, considerado por Dee uma pessoa sensivelmente
capaz de receber mensagens espirituais ao ver alguns cristais ou pedras
refletidas no Sol,
essa arte é chamada de cristalomancia.
Através
dessa arte ambos buscavam conseguir a famosa Pedra
Filosofal.
Acredita-se
que ele tenha chegado À aquisição da pedra sob comandos do rei Rodolfo II,
e logo depois foi torturado e executado pelo rei por não revelar a formula da Pedra
Filosofal. Depois disso Rodolfo enlouqueceu em busca da Pedra e perdeu o trono
para seu irmão Matias da Germânia
[3] O Jardim do Éden, Jardim das
Delícias ou Paraíso Terrestre é na tradição das religiões abraâmicas o local da primitiva
habitação do homem.
Na tradição bíblica, o
Jardim do Éden, do hebraico Gan Eden, גן עדן,
é o local
onde ocorreram os eventos narrados no Livro do Génesis
(Gen., 2 e 3),
onde é narrada a forma como Deus cria Adão e Eva, planta um jardim no Éden (a oriente),
e indica ao homem que havia criado, para o cultivar e guardar.
A ordenança
dada por Deus seria
a de que o Homem podia comer os frutos de todas as árvores do jardim, exceto os da árvore do conhecimento do que é bom e do que
é mal. Ao desobedecer esta ordenança e comer esse fruto
proibido, Adão e Eva eventualmente ficam a conhecer o bem e o mal, e do pecado nasceu a vergonha e o
reconhecimento de estarem nus. Em resultado da desobediência, Deus expulsa o
homem do jardim.
O Jardim do
Éden, a sua localização e a tentativa de reencontrar a felicidade perdida após
a expulsão, são um dos temas centrais de múltiplas lendas e mitos e inspiraram
inúmeros artistas, sendo uma das inspirações mais frequentes da arte europeia.
[4] Enoque – חנוך,
Chanoch ou Hanokh –
é o nome dado
uma das personagens bíblicas mais peculiares e misteriosas das Escrituras. Nasceu,
segundo os escritos judeus, na sétima geração depois de Adão,
sendo filho de Jarede,
e pai de uma outra personagem, Matusalém.
De acordo
com o relato de Gênesis, capítulo 5, versos 22-24, Enoque teria sido
arrebatado por Deus para que não experimentasse a morte e na certa fosse
poupado da ira do dilúvio:
“E andou
Enoque com Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos, e gerou filhos e
filhas. E foram todos os dias de Enoque trezentos e sessenta e cinco anos. E
andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou.”
Há dois
aspectos extraordinários no relato de Enoque, enfocados nesses versículos, que
não foram enfocados em outras gerações: as indicações do texto de que ele “andou
com Deus” e o fato que, supostamente, ele não teria morrido, pois “Deus
para si o tomou”. Estes relatos foram a origem de muitas fábulas, lendas e midrashim
(estudos rabínicos mais aprofundados) de sábios judeus ao longo de séculos.
Muitos deles se incomodaram muito pelo fato que Enoque "só" vivera 365
anos, uma curta duração de vida para sua época, de acordo com o livro de Gênesis.
Sobre este
personagem bíblico existem também os livros apócrifos pseudoepígrafos: “Livro de Enoque I” e o “Livro de Enoque II, que
fazem parte do cânone de alguns grupos religiosos, principalmente dos cristãos
da Etiópia”,
mas que foram rejeitados pelos cristãos e hebreus, por serem
particularmente incômodos para os clérigos do ponto de vista político. Todavia,
a epístola de Judas, no Novo
Testamento bíblico, faz uma menção expressa ao Livro de Enoque, fazendo uma
breve citação nos versos 14 e 15 de seu único capítulo.
De acordo
com o relato contido em Gênesis sobre a idade dos patriarcas, Sete e seus filhos
ainda viviam quando Enoque foi tomado por Deus, bem como Matusalém
e Lameque.
[5] A Torre de Babel, segundo a narrativa
bíblica no Gênesis,
foi uma torre
construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para tornarem o
nome do homem célebre. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles
queriam se igualar a Ele. Deus então parou o projeto, depois castigou os homens
de maneira que estes falassem varias línguas para que os homens não se
entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre com esse propósito.
Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas e raças diferentes.
A localização da construção teria sido na planície entre os rios Tigre e Eufrates,
na Mesopotâmia
(atual Iraque),
uma região célebre por sua localização estratégica e pela sua fertilidade.
[6] Noé ou Noach (do hebraico נח,
"descanso, alívio, conforto" ) é o nome do heroi bíblico que
"recebeu ordens de Deus
para a construção de uma arca, para salvar a Criação do Dilúvio".
De acordo com o Pentateuco, os cinco primeiros livros do tradicional velho
testamento da Bíblia escritos por Moises, Noé era filho de Lameque, que era
filho de Matusalém,
que era filho de Enoque, que era filho de Jarede, que era
filho de Malalel,
que era filho de Cainan
ou Quenã, que era filho de Enos, que era filho de Sete,
que era filho de Adão que era filho de Deus.
Seus três
filhos mais conhecidos eram Sem, Cam
ou Cã e Jafé.
A mulher de
Noé (Gênesis
6:18; 7:7, 13; 8:16, 18), segundo a tradição judaica não bíblica, é chamada de
Noéma ou Naamá
(Na'amah - cheia de beleza) uma mulher cananita. Há quem a identifique
como proveniente da descendência de Caim, sendo irmã de Tubalcaim que
era filho de Lameque. Por ter sido considerada de
menor importância, o seu nome não vem mencionado no Pentateuco
ou no Torá, na
história de Noé. No livro dos Jubileus, o seu nome é conhecido por Enzara e seria
sobrinha do Patriarca.
Acompanhe com maior facilidade as principais postagens do Blog sobre Maçonaria.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Inscreva-se para receber mensagens semanais, clicando aqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário