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sábado, 12 de novembro de 2011

Vingança boa


O perdão é um processo mental ou espiritual, que busca terminar com o ressentimento ou raiva direcionado a outra pessoa ou a si próprio, motivado por uma ofensa, divergências, perdas e enganos, como também pode ser caracterizado pelo fim da exigência de castigo.

O perdão pode decorrer de inúmeros fatores, mas basicamente está relacionado à ética (veja o artigo “Moral, ética e lei), uma vez que somente o julgamento pessoal pode estabelecer quem ou quais ofensas são passíveis de perdão. 

Ainda mais vinculado à ética é a avaliação de possuirmos ou não condições de oferecer o perdão, uma vez que isto implica em autocrítica consciente e razoável evolução, que deve ser absolutamente desvinculada do sentimento de superioridade, considerando a inexistência de castas verdadeiras entre os seres humanos.

Interessante notar que a maioria das pessoas avalia o perdão sob dois aspectos principais:

a.     A capacidade de perdão divino em relação ao ser humano.
b.     A necessidade do exercício do perdão entre as pessoas.

As duas formas são normalmente consideradas de elevadíssimo padrão de conduta, do que não podemos discordar.

Entretanto, parece-nos de relevância muitíssimo maior a capacidade de perdoar a si próprio, vez que implica necessariamente na conscientização dos enganos e mazelas que voluntaria ou involuntariamente perpetramos durante nossa existência.

Mais do que isto: vemos a capacidade de perdoar a si próprio necessariamente vinculada à tomada de posicionamento efetivo na tentativa de reparar qualquer dano, engano, perda, ofensa e divergência que tenhamos impingido a outras pessoas, tenham nossas tentativas de solução resultado positivo ou negativo.

É imperioso que tenhamos aplicado todos os nossos esforços para sanar um malfeito que tenhamos provocado voluntaria ou involuntariamente, ainda que estes esforços não se mostrem eficazes.

Trata-se da vingança às avessas

Seu Madruga - por (Parentesis) Studio
Seu Madruga - por (Parentesis) Studio
A vingança sempre busca a satisfação pessoal pelo pagamento, ou retribuição, em regra negativa contra um ofensor.

A “boa vingança”, entretanto, é aquela que o próprio ofensor se impõe, não como forma de retribuição, e nunca negativa, mas como maneira de fazer cessar o malefício causado.

O equilíbrio é o que se deve buscar com a “boa vingança”.

Veja-se que é possível ser perdoado pelo ofendido, sem com isto alcançar a paz, uma vez que o objetivo de perdoar a si próprio pode não ter sido satisfeito (veja o artigo “Moral, ética e lei).

A paz é uma sensação e somente pode ser alcançada quando satisfeitos os requisitos que nós próprios estabelecemos e, assim, também ela está intimamente relacionada à ética.

A diferença entre o vício e a virtude, sob este prisma, poderia ser apenas uma questão de gradação?

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