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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Os essênios - 3/3 - Eram os habitantes de Qumran realmente essênios?

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Qumran, por Jovidoes
Por Jovidoes
Em nenhum dos manuscritos até agora publicados aparece a palavra "essênio". Este termo vem, provavelmente, do hebraico hassidim (= os piedosos), em aramaico hassayya, em grego essaioi ou essênoi, daí "essênios".

Embora a quase totalidade dos estudiosos identifique a comunidade de Qumran com os essênios, são, às vezes, sugeridas outras possibilidades. Há as hipóteses caraíta, judeu-cristã, zelota, saducéia e farisaica.

O grupo caraíta é fundado em Bagdá no séc. VIII d.C. pelo rabino Anan ben Davi, que proclama uma volta à Escritura. O termo vem de caraim, "leitores (da Escritura)", pois em hebraico qara é "ler". "Etimologicamente, os caraítas são, pois, os 'biblistas' ou 'especialistas da Escritura'; isso eles o seriam também historicamente".

Graças à afinidade existente entre a teologia da comunidade de Qumran e os caraítas é que se levanta a hipótese caraíta. Mas é uma idéia sem fundamento histórico algum.

Assim como os cristãos primitivos, a comunidade de Qumran se autodenomina, às vezes, os "pobres" (=ebionim). Daí alguns acharem que ali vivem os ebionitas, seita judaico-cristã. Só que os dados da arqueologia e da paleografia contradizem tal hipótese.

Massada - por Antoine Bakx
Massada - por Antoine Bakx
Em Massada os arqueólogos descobrem uma cópia de uma obra de Qumran, o que levanta a possibilidade, segundo alguns, de serem zelotas os habitantes de Qumran. Entretanto, é bem mais viável pensar que alguns essênios tenham se reunido aos zelotas que resistem aos romanos em Massada até 73 d.C. Daí a obra ter ido parar lá.

A hipótese saduceia quase não encontra apoio, pois em relação à helenização saduceus e qumranitas estão em posições opostas. Sem mencionar as profundas divergências teológicas.

Por último, a hipótese farisaica é colocada a partir das muitas semelhanças da comunidade de Qumran com o grupo dos fariseus. Mas isto se explica pela provável entrada maciça de fariseus na comunidade por ocasião das perseguições de João Hircano I.

O testemunho dos autores antigos sobre os essênios é importante para a identificação da comunidade de Qumran. Localização geográfica, valores, modo de vida etc. dos essênios são descritos pelos judeus Flávio Josefo e Fílon de Alexandria e pelos romanos Plínio, o Velho, e Solino.

A História dos Judeus - Flávio Josefo
por Anaplantinha
A História dos Judeus - Flávio Josefo
por Anaplantinha
É Flávio Josefo quem nos diz que: "Existem, com efeito, entre os judeus, três escolas filosóficas: os adeptos da primeira são os fariseus; os da segunda, os saduceus; os da terceira, que apreciam justamente praticar uma vida venerável, são denominados essênios: são judeus pela raça, mas, além disso, estão unidos entre si por uma afeição mútua maior que a dos outros".

Na mesma direção vai Fílon de Alexandria, que diz: "A Síria Palestina, que ocupa uma parte importante da populosa nação dos judeus, não é, também ela, estéril em virtude. Alguns deles, que somam mais de quatro mil, são denominados essênios".

Plínio, o Velho nos oferece precioso dado para a localização dos essênios em Qumran: "Na parte ocidental do mar Morto os essênios se afastam das margens por toda a extensão em que estas são perigosas. Trata-se de um povo único em seu gênero e admirável no mundo inteiro, mais que qualquer outro: sem nenhuma mulher e tendo renunciado inteiramente ao amor; sem dinheiro e tendo por única companhia as palmeiras. Dia após dia esse povo renasce em igual número, graças à grande quantidade dos que chegam; com efeito, afluem aqui em grande número aqueles que a vida leva, cansados das oscilações da sorte, a adotar seus costumes (...) Abaixo desses ficava a cidade de Engaddi, cuja importância só era inferior à de Jericó por sua fertilidade e seus palmeirais, mas que se tornou hoje um montão de ruínas. Depois vem a fortaleza de Massada, situada num rochedo, não muito distante do mar Morto".

A. G. Lamadrid observa que "a descrição de Plínio corresponde perfeitamente às ruínas de Qumran, que se encontram a uns dois quilômetros a ocidente do mar Morto e também alguns quilômetros ao norte da antiga cidade de Engaddi".




Solino, do séc. III d.C., que tira parte de seu material de Plínio, diz o seguinte: "O interior da Judéia que se estende para o ocidente é ocupado pelos essênios. Estes, seguidores de rígida disciplina, se separaram dos costumes de todos as outras nações, tendo sido destinados a este modo de vida pela divina providência. Nenhuma mulher se encontra entre eles e eles renunciaram ao sexo completamente. Eles desconhecem o dinheiro e vivem entre palmeiras. Ninguém nasce entre eles, entretanto seu número não diminui. O local é destinado à castidade. Ali reúnem-se pessoas de várias nações; entretanto, ninguém que não tenha uma reputação de castidade e inocência é ali admitido. Aquele que cometer a menor falta, embora faça o maior esforço para ser admitido, é mantido afastado por ordem divina. Assim, ao longo de tantas eras (é difícil de se crer), uma raça onde não há nascimentos vive para sempre. Logo abaixo dos essênios existia a cidade de Engaddi, mas ela foi arrasada".

Tanto Flávio Josefo quanto Fílon de Alexandria noticiam a opção celibatária e a vida comunitária dos essênios, o que os manuscritos de Qumran confirmam - pelo menos para uma parte da organização - como veremos adiante: "Os essênios repudiam os prazeres como um mal e consideram como virtude a continência e a resistência às paixões. Eles desprezam, para si mesmos, o casamento; mas adotam os filhos dos outros numa idade ainda bastante tenra para receberem seus ensinamentos: eles os consideram como se fossem de sua família e os moldam de acordo com os seus costumes".

Fílon diz que na comunidade dos essênios "existem apenas homens de idade madura e inclinados já para a velhice, que não são mais dominados pelo fluxo do corpo nem arrastados pelas paixões, mas que gozam da liberdade verdadeira e realmente única".

Fílon acredita que os essênios não se casam porque isto ameaçaria a sua vida comunitária, dado, segundo sua opinião, o caráter de semeadora de discórdias que predomina nas mulheres: "Por outro lado, prevendo com perspicácia o obstáculo que ameaçaria, seja por si só, seja de modo mais grave, dissolver os laços da vida comunitária, eles baniram o casamento, ao mesmo tempo em que prescreveram a prática de uma perfeita continência".

Sobre a vida comunitária dos essênios diz Flávio Josefo que os seus bens são igualmente divididos, evitando que haja pobres e ricos, o que é confirmado pelos documentos da comunidade: "Com efeito, trata-se de uma lei: aqueles que entram para o grupo entregam seus bens à comunidade, de tal forma que entre eles não se vê absolutamente nem a humilhação da pobreza nem o orgulho da riqueza, já que as posses se encontram reunidas, não existindo para todos senão um único haver, como ocorre entre irmãos".

Características dos judeus essênios:
·        Separavam-se em grupos de 12 membros, cada qual comandado por um “mestre da justiça”.
  • ·        Usavam vestimenta branca.
  • ·        Acreditavam na impostação das mãos para a realização de milagres.
  • ·        Não possuíam propriedades pessoais.
  • ·        Eram vegetarianos.
  • ·        Não se dedicavam a relação conjugal.
  • ·        As refeições eram precedidas de limpezas completas de todo o corpo.
  • ·        Regras de purificação rígidas eram aplicadas aos alimentos.
  • ·        Em razão do voto nazarita[1], eram chamados de “nazarenos”.
Eles se proclamavam "a nova aliança" de Deus com Israel, mais tarde este mesmo termo aparece na literatura cristã como "novo testamento" e também grande parte das praticas judaica essênias.
Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem.

Segundo Christian Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores do Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espiritual, remetem ao ideal essênio de vida espiritual.



[1] Incluíam abster-se de bebidas intoxicantes, o deixar o cabelo crescer, e o não tocar nos mortos. As ofertas que faziam parte do ritual foram entregues em frente ao templo de Jerusalém como caracterizava o ritual.


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