Uma depreciação!
É apenas a isto que podemos atribuir as falsas ligações entre o bode, animal de péssimo cheio, com os maçons.
Infelizmente há quem busque explicações para uma possível vinculação entre a Ordem Maçônica e o bode, inclusive existindo os caluniadores que dizem que os maçons sacrificam este animal ou mesmo que o venerem.
Para quem leu o artigo "Afinal, o que é um maçom?" é possível que já tenha ficado claro da improbabilidade destas afirmações caluniosas.
Também para quem leu o texto "O que é uma loja maçônica?", ou o resumo "As incursões de maçons em eventos mundiais" a formação política, social e evolucionista dos maçons já deve ter ficado evidenciada.
De qualquer forma, embora entendamos não existir qualquer vinculação entre aquele animal e a Maçonaria, abaixo apresentaremos duas explicações recorrentes a respeito.
O bode expiatório (ou bode mensageiro)
Há quem encontre numa passagem bíblica a explicação para a ligação entre o bode e a Maçonaria.
Transcreveremos a passagem mencionada:
Diz Moisés, in Lev.16, vs. "21. E Arão porá ambas as suas mãos sobre a cabeça do bode vivo, e sobre ele confessará todas as iniqüidades dos filhos de Israel, e todas as suas transgressões, e todos os seus pecados; e os porá sobre a cabeça do bode, e enviá-lo-á ao deserto, pela mão de um homem designado para isso. 22. Assim aquele bode levará sobre si todas as iniqüidades deles à terra solitária; e deixará o bode no deserto. 23. Depois Arão virá à tenda da congregação, e despirá as vestes de linho, que havia vestido quando entrara no santuário, e ali as deixará. 24. E banhará a sua carne em água no lugar santo, e vestirá as suas vestes; então sairá e preparará o seu holocausto, e o holocausto do povo, e fará expiação por si e pelo povo. 25. Também queimará a gordura da expiação do pecado sobre o altar. 26. E aquele que tiver levado o bode emissário lavará as suas vestes, e banhará a sua carne em água; e depois entrará no arraial."
Fala esta passagem de AZAZEL, o bode expiatório ou mensageiro, em cuja figura eram depositados todos os pecados e que, pelo seu abandono para a morte no deserto, também seriam os ditos pecados entregues ao seu destinatário, o demônio.
Trata-se de uma antiga tradição judaica, ao que sabemos há muito abandonada, em nada relacionada aos ritos e rituais praticados pela Maçonaria.
Alguns buscadores, entretanto, levando em conta o "segredo" a que estaria submetido o animal pelo seu abandono no deserto e sua incapacidade de transmitir o que teria ouvido, relacionam sua figura ao "segredo" que permeia as sessões maçônicas, que, como dissemos em artigos anteriores, apresenta vinculação muito mais relacionada à tradição do que aos fatos tratados nas sessões atuais. Fazem-no no afã de explicar o inexplicável!
O bode, ou qualquer outro animal, abandonado ou não ao destino no deserto, é por natureza e definição incapaz de transmitir segredos, pois que impossível para ele, ou para qualquer outro animal, compreendê-los...
Não nos parece crível esta relação.
Baphomet
(fonte - Wikipédia)
História do Baphomet
A história em torno do Baphomet foi intimamente relacionada com a da Ordem do ocultismo, ou Ordem dos Templários, pelo Rei Filipe IV de França e com apoio do Papa Clemente V, ambos com o intuito de desmoralizar a Ordem, pois o primeiro era seu grande devedor e o segundo queria revogar o tratado que isentava os Cavaleiros Templários de pagar taxas à Igreja Católica.
A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão, também conhecida como Ordem do Templo, foi fundada no ano de 1118. O objetivo dos cavaleiros templários era supostamente proteger os peregrinos em seu caminho para a Terra Santa Eles receberam como área para sua sede o território que corresponde ao Templo de Salomão, em Jerusalém, e daí a origem do nome da Ordem.
Segundo a história, os Cavaleiros tornaram-se poderosos e ricos, mais que os soberanos da época. Segundo a lenda, eles teriam encontrado no território que receberam documentos e tesouros que os tornaram poderosos. Segundo alguns, eles ficaram com a tutela do Santo Graal dentre outros tesouros da tradição católica.
Em 13 de outubro de 1307, sob as ordens de Felipe, o Belo (homem torpe e grande devedor de dinheiro para a Ordem e favores para o Grão-Mestre Jacques DeMolay, sendo este inclusive padrinho de seu filho) e com o apoio do Papa Clemente V, os cavaleiros foram presos, torturados e condenados à fogueira, acusados de diversas heresias.
A Igreja acusava os templários de adorar o diabo na figura de uma cabeça com chifres que eles chamavam Baphomet (a partir daí criou-se a crença de um demônio chifrudo), de cuspir na cruz, e de praticar rituais de cunho sexual, inclusive práticas homossexuais (embasado no símbolo da Ordem, que era representado por dois Cavaleiros usando o mesmo cavalo). O Baphomet tornou-se o bode expiatório da condenação da Ordem pela Igreja Católica e da morte de templários na fogueira que se seguiu a isto.
Origem da expressão "Baphomet"
A origem da palavra Baphomet ficou perdida, e muitas especulações podem ser feitas, desde uma corruptela de Muhammad (Maomé - o nome do profeta do Islã), até Baph+Metis do grego "Batismo de Sabedoria". Outra teoria nos leva a uma composição do nome de três deuses: Baph, que seria ligado ao deus Baal; Pho, que derivaria do deus Moloch; e Met, advindo de um deus dos egípcios, Set.
A palavra "Baphomet" em hebraico é como segue: Beth-Pe-Vav-Mem-Taf. Aplicando-se a cifra Atbash (método de codificação usado pelos Cabalistas judeus), obtém-se Shin-Vav-Pe-Yod-Aleph, que soletra-se Sophia, palavra grega para "sabedoria".
Todavia ainda existem fontes que afirmam uma outra origem do termo. Segundo alguns, o nome veio da expressão grega Baph-Metra( mãe-Metra ou Meter-submersa; Baph-em sangue. Ou seja, a Mãe de sangue, ou a Mãe sinistra). Grande parte dos historiadores que afirmam essa versão se baseiam no fato que o culto á cabeça esta relacionada com conjurações de entidades femininas.
Significados possíveis
O símbolo do Baphomet é fálico, haja vista que em uma de suas representações há a presença literal do falo devidamente inserido em um vaso (símbolo claro da vulva). O Baphomet de Levi possui mamas de mulher e o pênis é metaforicamente representado por um Caduceu. Este tipo de simbologia sexual aparece com freqüência na alquimia (o coito do rei e da rainha), com a qual o ocultismo tem relação.
A figura do Baphomet também é relacionada as virgens que apresentavam anomalias em seus bustos. As virgens de 3 mamilos e as virgens de apenas 1 seio era tatuadas com a cabeça do Baphomet para que nenhum homem pudesse tocá-las. Diziam que as mulheres com tais anomalias genéticas eram amaldiçoadas.
Pode ser interpretado em seu aspecto metafísico, onde pode representar o espírito divino que "ligou o céu e a terra", tema recorrente na literatura esotérica. Isto pode ser visto no Baphomet de Eliphas Levi, que aponta com um braço para cima e com o outro para baixo (em uma posição muito semelhante a representações de Shiva na Índia). No ocultismo isto representaria o conceito que diz "assim em cima como embaixo".
Eliphas Levi lista as mais frequentes representações do Baphomet:
- um ídolo com cabeça humana;
- uma cabeça com duas faces;
- com barba;
- sem barba;
- com a cabeça de um bode;
- com a cabeça de um homem;
- com a cabeça de um bode e o corpo de homem;
Muito embora várias tenham sido sua suposta representação, a única imagem de Baphomet encontrada em um santuário templário consta de uma cabeça humana com três faces, cada uma representando uma face de Deus (o Deus Judeu, o Deus Islâmico e o Deus Cristão). Hoje sabe-se que a figura do bode de Mêndes, a qual Eliphas Levi atribuiu o "posto" de Baphomet, não passa de uma figura ocultista que nada tem a ver com o Baphomet Templário.
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Veja-se, portanto, que sequer a verdadeira origem (se é que existe) de Baphomet é desconhecida.
Veja-se também que várias são as possíveis interpretações a respeito da composição de seu nome.
Alguns afirmam que com a perseguição, alguns templários se teriam refugiado nos templos maçônicos, o que, diga-se de passagem, não é provado, não passando de teoria.
Esta proteção, que teria sido buscada pelos templários e oferecida pelos maçons, explicaria, segundo alguns, a introdução de Baphomet e do bode na simbologia maçônica, do que, como dito, não há prova.
O fato é que não existe qualquer cerimônia ou alusão ritualística maçônica ao bode ou a Baphomet...
Parece-nos mais plausível a explicação que encontramos em uma palestra ministrada por Carlos Brasílio Conte na Web Rádio Cultura Maçônica sobre a vida de Luiz Gama.
No Brasil do passado, negros, maçons e outros eram chamados depreciativamente pela elite dominante de "bode", um animal fedido e que para pouco se presta.
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2 comentários:
Para muitos podem-se pensar que o bode é a representação de um "animal fedido e que para pouco se presta", mas a verdade é que segundo a tradição xamânica de pensar, onde cada animal possui seu instinto e comparando com uma qualidade humana. Assim como a cobra é traiçoeira e com seu veneno mata, ela também é a cura pois a partir do seu veneno tira-se a cura. O bode que procura altos picos de montanha, onde se sente bem, onde vê, localiza e ali se prostra. Bode é simbolo de autoridade também, soberania, estar no alto significa estar acima de todos. A maçonaria significa basicamente liderar, onde lideres são preparados, e liderar obviamente quer dizer que você esta a alguns graus acima dos que são liderados, estar na elite da sociedade. O bode também pode significar essa teoria.
Caro Paulo, agradecemos por seu instrutivo comentário.
Não seria mais conveniente, entretanto, partindo de seu raciocínio, que os maçons fossem chamados ou comparados ao Íbex?
Wikipédia -
O íbex (Capra ibex) é uma espécie de mamífero bovídeo caprino, em estado selvagem na Europa. Esta espécie habita as regiões montanhosas dos Alpes, em zonas de vegetação esparsa. Também é conhecido pelo nome de íbex-dos-alpes.
Um íbex (Capra ibex ibex) nos Alpes Julianos, Eslovênia.
Os machos do íbex-dos-alpes atingem cerca de 1 metro de altura e 100 kg de peso e apresentam cornos longos e encurvados que podem medir até 1 metro. As fêmeas são menores, em torno de metade do tamanho dos machos, e não possuem cornos. Os sexos vivem em separado, em manadas de machos e fêmeas com crias, e só se juntam na época de reprodução que decorre no Outono. As crias nascem geralmente em Maio.
Como resultado de caça excessiva e vários conflitos armados na região, o íbex dos Alpes quase se extinguiu no início do século XIX. Em 1816, os últimos animais que viviam na área de Gran Paradiso foram protegidos, mas a caça furtiva continuou. A situação da espécie degradou-se até 1854, quando o rei Vítor Emanuel II da Itália colocou os últimos exemplares sob a sua protecção pessoal. A população recuperou, graças a esforços de conservação e programas de reprodução em cativeiro, e foi reintroduzida na natureza. Actualmente existem cerca de 30 000 exemplares, não sendo considerada uma espécie ameaçada.
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