Um
lugar de mistérios – 2/5
Segundo dados mais recentes,
obtidos por arqueólogos chefiados por Mike Parker Pearson,
Stonehenge está relacionada com a existência do povoado Durrington. Este povoado
formado por algumas dezenas de casas construídas entre 2600 a.C. e 2500 a.C.,
situado em Durrington Walls, perto de Salisbury,
é considerada a maior aldeia neolítica do Reino Unido. Segundo os arqueólogos
foi aí encontrada uma espécie de réplica de Stonehenge, em madeira.
John Aubrey, no século XVIII,
foi o primeiro a associar Stonehenge aos antigos druidas[1] (leia algo a respeito dos
druidas clicando neste
link). Esta idéia e uma diversidade de crenças relacionadas difundiram-se
na cultura popular até os dias atuais.
Os druidas, em verdade, surgiram
na Grã-Bretanha após o ano de 300 antes da Era Cristã, ou mais de 1.500 anos
após os últimos círculos de pedra de Stonehenge terem sido colocados, o que por
si inviabiliza associá-los às construções, embora existam evidências daquele
povo ter encontrado o monumento e o tenha utilizado para fins religiosos.
Não faltaram autores que
atribuíssem a edificação aos romanos, mas a datação científica do monumento
demonstrou que esta é uma hipótese ainda menos provável, considerando que estes
ocuparam quase dois mil anos após a construção do último círculo de pedra.
Segundo as mais recentes
pesquisas, tudo está a indicar que Stonehenge tenha sido construído
primitivamente para servir como um centro de cura, para onde rumaram os
peregrinos há mais de 4.500 anos.
Nas décadas de 1950
e de 1960, o professor Alexander Thom,
coordenador da Universidade de Oxford e o astrônomo
Gerald Hawkins abriram
caminho para um novo campo de pesquisas, a Arqueoastronomia,
dedicado ao estudo do conhecimento astronômico de civilizações antigas. Ambos
conduziram exames acurados nestes e em outros círculos de pedra e em numerosos outros tipos
de estruturas megalíticas, associando-os a alinhamentos astronômicos
significativos às épocas em que foram erguidos. Estas evidências sugeriram que
eles foram usados como observatórios astronômicos.
Além disso, os arqueoastrônomos revelaram as habilidades matemáticas
extraordinárias e a sofisticação da engenharia
que os primitivos europeus desenvolveram, antes mesmo das culturas egípcia
e mesopotâmica.
Dois mil anos antes da formulação do teorema de Pitágoras, constatou-se que os
construtores de Stonehenge incorporavam conhecimentos matemáticos como o
conceito e o valor do Pi em seus círculos de pedra.
A explicação científica para a
construção está no ponto em que o monumento tenha sido concebido para que um
observador em seu interior possa determinar, com exatidão, a ocorrência de
datas significativas como solstícios e equinócios[2], eventos celestes que
anunciam as mudanças de estação. Para isto basta se posicionar adequadamente
entre os mais de 70 blocos de arenito que o compunham e observar-se na direção
certa. Esta descoberta se deu em 1960, demonstrando, através da arqueologia, que os povos
neolíticos, 3000 anos antes de Cristo, já tinham este conhecimento.
A importância estaria vinculada
diretamente à agricultura dos povos da época. Segundo o historiador Johnni
Langer, a vida dos povos agrícolas está ligada ao ciclo das estações, e o homem
pré-histórico precisava demarcar o tempo para saber quais eram as melhores
épocas para colheita e semeadura, e a observação do céu nasceu daí.
Esta idéia acaba por se
relacionar com os cultos solares sobre os quais falamos no artigo “O
Sol nos mitos, religiões e Maçonaria”.
[1] Druidas
(e druidesas) eram pessoas encarregadas das tarefas de aconselhamento,
ensino, jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta. Embora não
haja consenso entre os estudiosos sobre a origem etimológica da palavra, druida
parece provir de oak (carvalho) e wid (raiz indo-europeia
que significa saber). Assim, druida significaria aquele(a) que tem o
conhecimento do carvalho. O carvalho, nesta
acepção, por ser uma das mais antigas e destacadas árvores de uma floresta,
representa simbolicamente todas as demais. Ou seja, quem tem o conhecimento do
carvalho possui o saber de todas as árvores.
[2]
Na astronomia,
equinócio é definido como o instante em que o Sol, em sua órbita aparente, (como vista da Terra), cruza o plano
do equador celeste (a linha do equador terrestre
projetada na esfera celeste). Mais precisamente é o ponto no qual a eclíptica
cruza o equador celeste.
A palavra equinócio vem do Latim, aequus (igual) e nox (noite), e significa
"noites iguais", ocasiões em que o dia e a noite duram o mesmo tempo.
Ao medir a duração do dia, considera-se que o nascer do Sol (alvorada ou
dilúculo) é o instante em que metade do círculo solar está acima do horizonte, e
o pôr do Sol
(crepúsculo ou ocaso) o instante em que o círculo solar está metade abaixo do
horizonte. Com esta definição, o dia e a noite durante os equinócios têm
igualmente 12 horas de duração.
Os equinócios ocorrem nos meses de março e setembro quando definem mudanças
de estação. Em março, o equinócio marca o início da primavera no hemisfério norte e do outono no hemisfério
sul. Em setembro ocorre o inverso, quando o equinócio marca o início do outono no hemisfério norte e da primavera no hemisfério
sul.
As datas dos equinócios variam de um ano para o outro, devido aos anos
trópicos (o período entre dois equinócios de março) não terem exatamente
365 dias, fazendo com que a hora precisa do equinócio varie ao longo de um
período de dezoito horas, que não se encaixa necessariamente no mesmo dia. O
ano trópico é um pouco menor que 365 dias e 6 horas. Assim num ano comum, tendo
365 dias e - portanto - mais curto, a hora do equinócio é cerca de seis horas
mais tarde que no ano anterior. Ao longo de cada sequência de três anos comuns
as datas tendem a se adiantar um pouco menos de seis horas a cada ano. Entre um
ano comum e o ano bissexto seguinte há um aparente atraso, devido à
intercalação do dia 29 de fevereiro.
Também se verifica que a cada ciclo de quatro anos os equinócios tendem a se
atrasar. Isto implica que, ao longo do mesmo século, as datas dos equinócios
tendam a ocorrer cada vez mais cedo. Dessa forma, no século
XXI só houve dois anos em que o equinócio de março aconteceu no dia 21
(2003 e 2007); nos demais, o
equinócio tem ocorrido em 20 de
março. Prevê-se que, por volta do ano 2040, passe a haver anos em que o
equinócio aconteça no dia 19.
Esta tendência só irá se desfazer no fim do século, quando houver uma sequência
de sete anos comuns consecutivos (2097 a 2103), em vez dos habituais três.
Devido à órbita
da Terra, as datas
em que ocorrem os equinócios não dividem o ano em um número igual de dias. Isto
ocorre porque quando a Terra está mais próxima do Sol (periélio)
viaja mais velozmente do que quanto está mais longe (afélio).
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