Novamente nos instigaram as
discussões fartas e interessantíssimas do grupo do qual participamos no site de
relacionamentos Facebook, denominado “Esotéricos – Brasil”.
Em meio a uma grande discussão a
respeito de Deus, das propriedades vibratórias da criação, de recentes
acidentes que vitimaram várias pessoas no Rio de Janeiro e outros tantos
assuntos interessantes, surgiu uma manifestação a respeito da Escada de Jacó.
Escada de Jacó |
Esta expressão, fartamente
utilizada em Maçonaria, no mais das vezes para representar a ascensão dos graus
ou o aperfeiçoamento individual, pareceu-nos que merece uma explicação mais
detalhada.
Comecemos, pois, compreendendo quem
foi o personagem Jacó.
Em hebraico –
יעקב
Em árabe – Ya’aqov
Em grego - Ἰακώβ
Jacó e o calcanhar
:
A tradução literal é “aquele que
segura pelo calcanhar”.
O livro santo do cristianismo
dedica a este personagem 25 capítulos em “gênesis”, noticiando ser ele o
segundo filho de Isaac e Rebeca, irmão gêmeo de Esaú e neto de Abraão.
Seu nome foi escolhido por uma
particularidade ocorrida durante seu nascimento. Rebeca teria primeiro dado à
luz Esaú, mas, agarrado ao calcanhar do mais velho, nasceu Jacó.
Jacó, o enganador. |
Ainda no que concerne ao
significado do nome e ao episódio do nascimento, interessante a completa
relação com outra passagem da história dos irmãos gêmeos, pois que a mãe,
Rebeca, tendo predileção pelo mais novo (Jacó), com ele teria tramado
de forma a possibilitar-lhe subtrair a benção do pai, Isaac, cabendo aqui
ressaltar que o direito à benção era do filho mais velho à época e garantia
direitos exclusivos ao primogênito.
Jacó
e Rebeca, aproveitando da deficiência visual do pai, tramaram e fizeram com que
o mais novo passasse pelo mais velho, assim obtendo a benção paterna.
Jacó – de enganador a príncipe de Deus
:
No entanto, no transcorrer da
história bíblica, Jacó – o enganador,
será transformado em Israel – o príncipe de
Deus.
A narrativa da vida de Jacó,
aliás, é um vai-e-vem de altos e baixos espirituais, conforme demonstra o
diagrama a seguir.
Diagrama da vida de Jacó |
Para aqueles que se interessarem,
hoje produzimos outro artigo demonstrando ponto a ponto os altos e baixos da
vida de Jacó (você pode visualizar o artigo clicando aqui).
Temos para nós que este sobe e
desce espiritual identifica o personagem Jacó como o mais
humano dos patriarcas bíblicos. Nele constantemente expressou-se a luta do
homem consigo mesmo em busca da evolução.
A luta com o anjo |
A narrativa que maior lastro oferece a este raciocínio, pensamos, é encontrada em Gênesis, 32:1, quando Jacó engalfinha-se, não com um inimigo qualquer, mas com um anjo de Deus!
E logo Jacó, que havia evitado lutar contra seu irmão Esaú, com os filhos de Labão, com Labão, tendo inclusive fugido de Siquem, no episódio de Dinah.
A narrativa bíblica:
GEN.32,1
- E foi Jacó no seu caminho cruzando com o aparecimento (no céu) dos anjos do
Senhor. Gen.32,2 - Jacó reconheceu: Estes são os exércitos de Deus. E chamou o
lugar de Maanaim (dois exércitos). Gen.32,23 - ...fêz a todos os seus passar o
ribeiro (vau do Jaboque é o lugar onde se atravessa o Jordão a pé).
Gen.32,24 - Jacó, porém, ficou só e lutou a noite inteira com um varão
(anjo do Senhor); Gen.32,25 - E vendo que não prevalecia contra Jacó ...
tocou-lhe na juntura da coxa... que se deslocou. Gen.32,26 - Diz o anjo -
Deixa-me ir... Não te deixarei se não me abençoares. Gen.32,27 - Qual é o teu
nome? - Jacó! (em hebraico = Suplantador). Gen.32,28 - Não te chamarás mais
Jacó, porém Israel (aquele que confronta com Deus e prevalece), pois, como
príncipe lutaste com o mensageiro de Deus e te reconheço vencedor (da prova).
Gen.32,29 - Dize-me teu nome. Por que queres saber? E ali mesmo o abençoou.
Gen.32,30 - Jacó chamou esse lugar de Peniel (a face de Deus). Gen.32,31 -
...Jacó manquejava de sua coxa. Gen.32.32 - Os filhos de Israel até hoje não
comem o nervo encolhido... (lembrança e respeito pelo fato do toque na coxa).
Como notamos, é neste episódio
que Jacó
tem seu nome mudado para Israel (aquele que confronta com Deus e prevalece).
Jacó e o nascimento de Israel – Nação
:
A importância de Jacó,
contudo e ainda antes de ingressarmos na avaliação do tema principal de nosso
artigo, não se limita a esta passagem, mas a muito mais, cabendo ressaltar que
foi pai de doze filhos (Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali,
Gade, Aser, Issacar, Zebulom, José e Benjamim).
Desta descendência, nasce outra
grande história bíblica, a de José no Egito. No entanto, também desta
descendência nascem as doze tribos de Israel - nação.
A visão da escada
:
(Gênesis, 28:10
e seguintes):
“(10) Partiu
Jacó de Berseba e seguiu para Harã. (11) Tendo chegado a certo lugar, ali
passou a noite, pois jê era sol-posto; tomou uma das pedras do lugar, fê-la seu
travesseiro e se deitou ali mesmo para dormir. (12) E sonhou: Eis posta na
terra uma escada cujo topo atingia o céu; e os anjos de Deus subiam e desciam
por ela. (13) Perto dele estava o Senhor e lhe disse: Eu sou o Senhor, Deus de
Abraão, teu pai, e Deus de Isaque. A terra em que agora estás deitado, eu ta
darei, a ti e à tua descendência. (14) A tua descendência será como o pó da
terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o
Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.
(15) Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te
farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo
que te hei referido. (16) Despertado Jacó de seu sono, disse: Na verdade o
Senhor está neste lugar e eu não o sabia. (17) E, temendo, disse: Quão temível
é este lugar! É a Casa de Deus, a porta dos céus.”
Fé, Esperança e Caridade |
Boa parte dos textos que encontramos na pesquisa para a realização deste artigo relaciona a escada de Jacó às três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade.
Novamente a Wikipedia:
Fé |
Fé
- Fé (do Latim fides, fidelidade e do Grego pistia) é a firme opinião de que algo é verdade, sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão.
A fé acompanha absoluta abstinência à dúvida
pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos psicológicos e lógica
conceitual. Ou seja, tendo fé, é impossível duvidar e ter fé ao mesmo tempo. A
expressão se relaciona semanticamente com os verbos crer,
acreditar, confiar e apostar, embora estes três últimos não necessariamente
exprimam o sentimento de fé, posto que podem embutir dúvida parcial como
reconhecimento de um possível engano. A relação da fé com os outros verbos,
consiste em nutrir um sentimento de afeição,
ou até mesmo amor,
por uma hipótese
a qual se acredita, ou confia, ou aposta ser verdade. Portanto
uma pessoa que acredita, confia, ou aposta em algo, não significa
necessariamente que ela tenha fé.
Esperança |
Esperança
- Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer uma certa perseverança — i.e., acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. O sentido de crença deste sentimento o aproxima muito dos significados atribuídos à fé.
Exemplos de esperanças incluem ter esperança de
ficar rico, ter esperança de que alguém se cure de uma doença,
ou ter esperança de que uma pessoa tenha sentimentos de amor recíprocos.
Caridade
- Caridade é um sentimento ou uma ação altruísta de ajuda a alguém sem busca de qualquer recompensa. A prática da caridade é notável indicador de elevação moral e uma das práticas que mais caracterizam a essência boa do ser humano, sendo, em alguns casos, chamada de ajuda humanitária. Termos afins: Amor ao próximo; bondade; benevolência; indulgência; perdão; compaixão.
No entanto, especialmente
considerando os fatos e passagens da vida do personagem principal do episódio
em estudo (Escada de Jacó), temos para nós
uma visão pouco distinta e eventualmente complementar às outras.
Temos por certo que Jacó “flutuou” entre o mundano e o divino,
como exemplificado no diagrama que ilustra este artigo. Este vivenciar o
mundano e o divino, também a nós parece, é atributo exclusivo do ser humano.
Apenas o ser humano, dentre todas
as criaturas, é capaz de viver no plano da criação e ao mesmo tempo buscar
conceber o Criador.
Ao mesmo tempo, comprovam as
constantes e no mais das vezes ignoradas inspirações, apenas pelo ser humano
pode o Criador vivenciar sua criação.
Não seriamos nós, portanto, a
verdadeira Escada de Jacó apresentada de forma alegórica nos textos bíblicos?
Não foi no “mundo dos sonhos” que
Jacó divisou a escada?
E a “Casa de Deus” a que Jacó se
refere no final da passagem? Seria ela instalada num lugar? Seria um estado de
consciência? Seria no interior do próprio ser humano?
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