A caridade é uma das assim
chamadas virtudes teologais[1],
a respeito das quais algo mencionamos nos artigos “A Escada de
Jacó” e “O
dossel”.
De fato, da junção da caridade
com a fé e a esperança exsurgem as ditas virtudes teologais, que são
vivificadoras das virtudes humanas.
1ª Coríntios
13:13:
“Agora,
pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o
amor”.
A materialização do amor, mencionado
no texto bíblico, ocorre em seu próprio nome (amor) quanto a Deus, a família e
os entes queridos.
No que tange aos desconhecidos,
chamados “próximos” em diversos textos ditos santos, entretanto, materializa-se
o amor com o nome de caridade.
Caridade - por Zwigmar |
É a caridade a forma pela qual como partes de si próprios, os homens reconhecem seus semelhantes. É a total identificação dos distintos, a quebra dos paradigmas sociais, o abandono dos títulos, comendas, posições e a total entrega das pessoas às suas essências, pelo que se identificam uns com os outros.
A caridade como ato, pode ser
definida como uma ação não motivada por força física, intenção de autopromoção
ou obrigação legal, dirigida à ajuda de qualquer tipo a uma ou mais pessoas em
situação de risco ou de inferioridade financeira ou social.
De forma inquestionável a
caridade se manifesta no que concerne aos apoios que os pouco ou muito mais
favorecidos prestam aos desamparados como órfãos e pobres. Este apoio
ressalte-se, é obrigatório aos maçons, que o praticam em todas as sessões de
que participam, como mencionamos no artigo “Causa e
efeito”.
No entanto, também em relação a nós
próprios pode atuar a caridade, sob outro enfoque e sem que percebamos.
Fé - por Serelepe_Simplesmente Rê! |
A fé[2]
não pode ser considerada um ato de caridade relacionado às nossas crenças e,
portanto, ao nosso bem estar psicológico e emocional?
Neste diapasão, também não seria
a esperança[3] um
ato de caridade pessoal? Não é ela uma válvula de escape psicológica e
emocional para a improbabilidade da ocorrência do que desejamos?
Contudo, se existe esta vertente
na avaliação das demais virtudes teologais, o que explicaria o texto bíblico
afirmar que o “amor” (caridade) seria a maior delas, outra visão mais nobre
também pode ser apresentada.
Falamos da capacidade de entrega,
de sublimação e doação de alguns seres humanos.
Para estes homens e mulheres, que
consideramos mais evoluídos, a fé não é um “remendo” e a esperança não se
resume a um “escape”.
Diversamente, a fé é para eles o
reconhecimento daquilo que, embora não possa ser visto ou sentido pelos demais,
para eles é absolutamente evidente e palpável. Não se fala aqui na admissão de
possibilidade de existência, mas da certeza de existência ou concretização por
experiência própria e intransferível.
Esperança - por Zwigmar |
Quando a esperança, para estes homens e mulheres é ela o reconhecimento da possibilidade da alteração de um estado de coisas já estabelecido, pela ação da vontade e aplicação das leis físicas e imateriais.
Como não poderia ser diferente, também em relação à caridade diferenciações existem quando falamos destes homens.
A simples existência humana é um
ato da mais pura caridade em relação ao Criador, considerando que apenas por
intermédio dos humanos pode a criação ser tocada e vivenciada pelo seu Autor.
De outro lado, inequívoco e
evidente que a nossa existência é uma grande caridade de Deus para com sua
criação.
Chico Xavier - por Jaqque0909 |
Sob qualquer ângulo, considerando
que a prática da caridade em qualquer de suas formas depende do reconhecimento
consciente ou inconsciente de nossa natureza e origem divinas e ainda levando
em conta que este reconhecimento impõe uma sensível aproximação do divino com o
mundano, elevando as vibrações do último, temos para nós que mais do que
correta está a frase do grande Chico Xavier:
"A caridade é um exercício
espiritual... Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma"
[1]
Segundo o Compêndio do Catecismo da
Igreja Católica, as virtudes teologais "têm como origem,
motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça
santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do
cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da ação do Espírito
Santo nas faculdades do ser humano".
[2] Fé (do Latim fides, fidelidade e
do Grego
pistia) é a firme opinião
de que algo é verdade,
sem qualquer tipo de prova ou critério objetivo de verificação, pela absoluta confiança
que depositamos nesta idéia ou fonte de transmissão.
A fé acompanha
absoluta abstinência à dúvida pelo antagonismo inerente à natureza destes fenômenos
psicológicos e lógica conceitual. Ou seja, tendo fé, é impossível duvidar e ter
fé ao mesmo tempo. A expressão se relaciona semanticamente com os verbos crer,
acreditar, confiar e apostar, embora estes três últimos não necessariamente
exprimam o sentimento de fé, posto que podem embutir dúvida parcial como
reconhecimento de um possível engano.
[3] Esperança é uma crença
emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e
circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer uma certa perseverança —
i.e., acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. O
sentido de crença deste sentimento o aproxima muito dos significados atribuídos
à fé.
Exemplos de
esperanças incluem ter esperança de ficar rico, ter esperança de que alguém se
cure de uma doença,
ou ter esperança de que uma pessoa tenha sentimentos de amor recíprocos.
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